
Desembaço
Data 08/04/2010 05:48:15 | Tópico: Poemas
| Sou o descontrolado De desejos volúveis e imorais O que perdeu o atino corriqueiro Do respeito às velhas tábuas.
Sou o desordeiro Do além confundido por demônio O que quer o que se há pra querer Carente abusado extravazando Sacralizando o sacrifício Da entrega ao prazer.
Sou o inócuo solitário Banhado do próprio leite fértil Gozozo das lembranças dos sonhos que nunca tive.
Um maníaco Tarado agressivo e também medroso Cúmulo de promessas quebradas De corações partidos De espíritos insaciados As fomes que nenhuma imaginação satisfaz.
A hiena briguenta Rindo sobre a carniça do próprio irmão A tirana matriarca Comprovando a soberania da ferocidade Onde só os mais fortes têm direitos Ulterior tribunal da impiedade.
Os fracos rogam por perdão E a onipotente onisciência os satiriza Diverte-se noutras bandas Com as orgias silentes dos aborígenes.
Sou o perverso O chacal Espreitando esquivo Sob o tênue luar Preparando bote Por vezes Não pelo alimento Mas pelo treino Pela mais pura alegria Do assassínio.
A ferraz investida Incompreendida Dá vida nova ao bando Novos reinados do porvir De leoas humanas.
Os abutres Pacientes Aguardam Pelas migalhas dos santos.
Longevo banquete Sem preces.
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