
HOMENAGEM A ALCEU WAMOSY
Data 26/03/2010 20:46:26 | Tópico: Poemas
| — Alceu Wamosy ________________________________________ Duas almas Ó tu que vens de longe, ó tu, que vens cansada, Entra, e, sob este teto encontrarás carinho: Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho, Vives sozinha sempre, e nunca foste amada... A neve anda a branquear, lividamente, a estrada, E a minha alcova tem a tepidez de um ninho, Entra, ao menos até que as curvas do caminho Se banhem no esplendor nascente da alvorada. E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa, Essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua, Podes partir de novo, ó nômade formosa! Já não serei tão só, nem irás tão sozinha. Há de ficar comigo uma saudade tua... Hás de levar contigo uma saudade minha...
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“Hás de levar contigo uma saudade minha, E assim enfrentarás diversos temporais Sabendo que aqui tens deveras o teu cais E mesmo quando a dor dos sonhos se avizinha,
O amor se faz presente e toma toda a cena Dourando em paz imensa o quanto é necessário Se ter com emoção, diversa tal cenário E nessa caminhada, o amor já nos serena.
Mas quando um dia ausente estiver dos teus passos, Lembrando do que outrora encontravas aqui E um dia deste sonho em luto te vesti Ainda mesmo assim presente em leves traços
Eternizado amor que sei ser tão benquisto Deveras te acompanha além do que eu existo.
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“Há de ficar comigo uma saudade tua” Até depois da vida, eternidade exposta Minha alma dentro em ti, noutra alma já composta Após a minha morte ainda continua
Vivendo em teu respiro, inesgotável fonte Da vida feita em tanto amor além da vida Jamais tenho certeza a sorte em despedida Porquanto neste encanto o encanto já se aponte
Refeito a cada passo até não mais haver Sequer a menor sombra ainda mesmo assim, O amor que nos transforma existirá em mim, E dele com certeza o imenso dom: prazer.
Perpetuada história efeito deste sonho, Aonde além do amor; amor; vivo e proponho.
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“Já não serei tão só, nem irás tão sozinha,” A vida se refaz a cada novo dia, Mas quando existe o sonho e dele nosso guia Eternidade vem e quando em nós se aninha
Impede que se creia até na própria morte. Sanando qualquer dor, curando alguma chaga, O amor sendo demais, deveras nos afaga E mesmo após a vida, ainda nos conforte.
Etéreas sensações em laços mais profundos, Vibrantes emoções traçando este futuro Aonde se mostrando além do que procuro, Invadindo decerto o quanto houver de mundos,
Perene fantasia inesgotável trama Que existe após a vida, eternizada chama.
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“Podes partir de novo, ó nômade formosa” Sabendo que tu tens ainda viva aqui Tua alma além do quanto existo e já vivi Seara sempre flórea eternizando a rosa,
A sorte do viver; somente em ti eu vejo E propagando além do quando inda me resta O coração percebe e estando em plena festa Já sabe que terá bem mais do que um lampejo,
A primavera extensa a mais do que talvez Pudesse ainda crer na eternidade da alma, Amor se transformando em tudo que me acalma, Tornando sem sentido a própria lucidez.
E veja caminheira, a estrada assim aberta Nem mesmo a própria morte o amor deixa e deserta.
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“Essa estrada sem fim, deserta, imensa e nua,” Porquanto eternizada em laços prazerosos Deixando-se antever, momentos majestosos Que mesmo após o fim ainda continua,
Vencendo destemida esta aridez do tempo, Agreste caminhada além de um infinito, E nela se transforma a mais que o próprio mito Deixando no passado o medo e o contratempo.
Contigo sempre estando e nunca mais deixar De ter a companhia, uma alma transportada Por mais que ainda veja extensa ou curta a estrada Sobrevivendo mesmo até lua, céu, mar
Permite que se saiba o quanto te desejo E neste amor imenso, incrível azulejo.
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“E amanhã, quando a luz do sol dourar, radiosa,” Ou mesmo a bruma vir tornando o céu mais gris, Certeza deste amor em raro e bom matiz Tornando a minha vida, em ti mais gloriosa.
Vencer ao tempo e então seguir sem medo ou drama Traçando a magnitude imensa deste encanto, E dele ou mesmo após, sem ter sequer quebranto Mantendo eternamente acesa a nossa chama,
Jamais imaginando um rumo diferente Resistindo afinal a qualquer temporal, Amor que seja assim, intenso e atemporal Gerado dele mesmo e quando se pressente
Fim da peça jamais se abaixando algum pano, Domina um existir etéreo e soberano.
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“Se banhem no esplendor nascente da alvorada” Divinas fontes onde ainda mesmo em luz Traçando cada passo ao máximo conduz Ao superar até se não houvesse nada
Amar-te e ter decerto o rumo demarcado Vivendo eternamente a sensação divina Que tanto me compraz e quando me fascina Não deixa sequer nunca olhar para o passado,
Amar e ter no olhar este horizonte raro No qual, do qual, e até por ser somente assim, Já não concebo mais sequer penso no fim, Poente não existe e tanto que declaro
Que vivo esta certeza e dela me alimento, No amor maior que a vida intenso sentimento...
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“Entra, ao menos até que as curvas do caminho” Permitam que se veja um novo alvorecer, E nele se refaça a cor de algum prazer, Jamais se permitindo ao sonho estar sozinho.
Não deixe que esta luz um dia te abandone, Pois dela tão somente existe e se concebe Dourando com certeza a mais sublime sebe, Por onde perseguia o encanto que se adone
Do vário sentimento aonde se propaga A fonte renovada e nela se mergulho Encontro muito além do simples pedregulho Vencendo em calmaria a força de uma adaga,
E tendo esta certeza, eu vivo só por que No amor a divindade além do que se vê.
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“E a minha alcova tem a tepidez de um ninho,” Jamais te deixarei sentir um duro inverno, E quando em solidão, por vezes se eu hiberno Encontro num amor, as tramas do caminho,
Vencendo qualquer medo e tendo nos meus dias, Além da realidade imenso sonho trago, Volvendo o pensamento ao doce e raro afago No qual e pelo qual decerto tu me guias
Levando ao mais extremo e raro sentimento, Deixando no passado a imagem mais nefasta Do quanto em desamor a vida se fez gasta E agora se permite ao menos este alento,
Pressinto ter em ti as cores do futuro, Já não conheço mais um tempo amargo e escuro..
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“A neve anda a branquear, lividamente, a estrada,” Mas nada tramaria o medo que talvez Gerasse a solidão, imensa insensatez, Deixando para sempre alheia uma alvorada.
Albores que conheço em raros tons, matizes O amor extenso e raro estende-se infinito Traçando muito além do mero simples mito E trama este desejo a mais do que me dizes
Se mostra muito mais do que pensara outrora Formando e reformando a solidez do sonho Aonde se percebe o quanto já proponho Num porto bem seguro, o barco ora se ancora
E trama com delírio o vento do amanhã Deixando a própria morte, estúpida e tão vã;
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“”Vives sozinha sempre e nunca foste amada” Imaginavas ter a solidão eterna Enquanto se mostrava a sorte qual lanterna Tornando com certeza iluminada a estrada
Por onde caminhaste alheia e ao deus-dará Durante tanto tempo imersa no vazio E agora em pleno amor, deveras desafio, E o sol outrora escuso em ti já brilhará,
Domando assim o medo e tendo novo encanto, A sorte se mostrando a mais que a própria vida Na eterna claridade agora sendo urdida Adormecendo então antigo e vão quebranto.
Mergulho junto a ti e creio ter além Do quanto amor se dá e tudo o que contém...
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“Eu nunca fui amado, e vivo tão sozinho,” Assim imaginara até poder saber O quanto se faz tanto e nele o meu prazer Vivendo o amor intenso e nele se me aninho
Encontro a liberdade até de ser e estar No bojo deste encanto e quando me envolvendo Sabendo desde sempre o quanto em estupendo E raro e farto brilho, o amor se fez amar.
Ascendo ao Paraíso e vejo quão possível, Saber do etéreo sonho aonde me entranhara Tocando esta ventura, e dela a fonte rara Jamais imaginando um dia perecível.
Sagrada sensação do amor que me domina, Já percebendo enfim a inesgotável mima
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“Entra, e, sob este teto encontrarás carinho:” Compartilhando a sorte agora venturosa De ter neste jardim uma olorosa rosa Que possa permitir o sonho onde me aninho,
Após a solidão terrível companheira Vislumbro em teu olhar o quando desejado Caminho para o qual além do vago enfado A sorte se transforma e traça esta bandeira
No amor já desenhada e em luzes percebida, Mundo num momento a trama outrora triste E agora tão somente em brilho já persiste Tornando bem maior o que pensara vida,
Acolha quem te acolhe e assim perceberás Suprema fantasia e nela o amor em paz.
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“Ó tu que vens de longe, ó tu, que vens cansada,” Descanse neste ninho aonde encontrarás Além do amor intenso e tanto ou sempre audaz Certeza deste sol tomando uma alvorada,
Brilhando imensamente e dele a intensidade Na qual em plenitude a vida já permite O sonho magistral sem ter qualquer limite E quando se concebe o quanto nos invade
Suprema maravilha em raios nos dourando, Incomparável fonte aonde perpetua A plena claridade além mesmo da lua Tornando o caminhar suave e bem mais brando,
E nele transmudando o que já fora um norte, Gerando tanto amor além da própria morte.
MARCOS LOURES
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