
Quando calo
Data 05/03/2010 23:11:27 | Tópico: Prosas Poéticas
| Quando calo...
Por vezes, ausento-me das palavras, Para ficar a sós, E escutar um silêncio que faz ópera em mim...
Calo, consentidamente...
Nesse instante vasculho o breu da saudade, Das abissais e agasalhadas verdades, Volto aos lugares onde empalhadas estão as lembranças, E assim revigoro as desidratadas alegrias, Restaurando o que é desfeito pelo tempo.
No âmago, permissivamente...
Por épocas necessito estar muda, Lacrada de vozes e vazios, Careço de vedar pensamentos vãos, Regressa nessa turva viagem, Introspecta, Inversa.
Cesso, passivamente...
Há momento em que ensurdece o calado eco do meu ser, Ruidosa lacuna, Abstida que sou de quem fui... Então me aparto, Necessário que é um estremar. Delimito o trilhar interior, Sou parte, re-partida, Intriga da partilha. Percorro uma ou mais vidas...
Rompo-me, inadvertidamente...
Tem dias e mais dias que me acho intrusa em mim, Aquém do espectro que me molda, Busco indicar a saída, Intento fechar-me para fora desse labirinto. Perder as marcas que simulam a volta... Apagar da memória o próprio chão.
Aniquilo-me, condescendente...
Há um tempo de pleno padecer, De flagelo e submissão Ao que dilacera, Dores de penúria, Do corte, da fúria,
Da estridente, Aviltante, Condoída e condizente Atroz e aparente, Algoz, Pesarosa...
Implacável
Inexorável solidão.
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