
A outra margem do Rio
Data 19/02/2010 14:13:47 | Tópico: Poemas -> Sociais
| Não sei o que nos espera do outro lado do rio, se um barco a esmo, se um pescador remando
Não sei o que nos espera do outro lado da raia, um vulto, sombra de casebre um ódio que vem por
Não sei o que nos espera do líder, mesquinha promessa, corrupção é o que fazemos e sofremos e, na gaiola só ficam os pássaros da liberdade
Não sei o que nos espera Ilha Grande, prisão da gente que se rebela, o refúgio das paixões amargas que o povo sente e, morre sem encontrar a terra prometida
Não sei o que nos espera cobrir o verde lugar de erupções líticas encostas onde se consome a paz do mar do jardim artificial, do bucólico não mais existe
Não sei o que nos espera na outra margem do Rio de janeiro a dezembro alto preço da especulação, destruição consentida e, a natureza cobra pela própria sobrevivência...
AjAraújo, o poeta humanista, a propósito da prisão de presos políticos na bela Ilha Grande, durante a ditadura militar e de sua progressiva desativação com a anunciada abertura pelo regime de Geisel, escrito em setembro de 1975.
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