
Jardins d'Inverno
Data 15/07/2007 10:47:54 | Tópico: Poemas
| Na noite estremunhada de palavras ávidas voavam ventos agonizados em roda livre, suspensos a crinas de bestas inquinadas.
Cavalgavam-se distâncias na dissonância de cascos ruidosos, na fúria e na inconstância espumada das bocas afadigadas dos animais.
Os trevos de quatro folhas dos dias desiguais deslizavam a esforço, derivados, sem corpo, substrato ou caule, lagos invernosos, enfarpelados de nenúfares roxos.
Ausentes das margens, cisnes astutos respigavam-se em agudos guinchos, grasnando, hasteando imaculadas pescoços ao vítreo líquido do espelho das águas ... ao espelho do lago, em sinuosas danças sem rostos, em gestos sem palco, projectando-se em sombras no negro do asfalto, … densas, de apenas crenças.
No Inverno dos actos, no algodão plúmbeo de milhões de nuvens, soltam-se por fim todas as chuvas.
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