poema fúnebre e carnavalesco

Data 15/02/2010 22:07:31 | Tópico: Poemas

todos os enterros são tristes
- por antecipação -
o cadáver ainda que não queira
é um canteiro de flores
dentro do caixão

eu mesmo quando frequento
velórios
pergunto onde fica o banheiro
não é bem para mijar
muito menos pra rezar
mas pra rir-me do morto assim por inteiro

inda ontem vi um defunto
embrulhado em paletó e gravata
socados algodão no nariz
parecia que me sorria
assim como quem me dizia
deixa-me cá ser feliz

as flores tinham mau cheiro
o padre olhava o relógio
pensando no seu dinheiro
eu pensava um necrológio

coisa boba e pesada
cai poeta e vai num samba
com a sua namorada

(todos os enterros são iguais
com as flores do mal ou demais)

____________________

júlio


Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=119845