
... sigo, sigo-te
Data 11/07/2007 23:08:16 | Tópico: Poemas
| Ergo-me num gesto estático, no mimetismo assíncrono dos ponteiros opostos ao teu tempo.
Aprumo-me em desassossegos adormecidos de palha fresca incendiada, em giestas de sentidos retorcidos, em tremores frios de paludismo.
Regurgito gelada na pedra da tua boca, subtraída de lirismo, sem som, sem verbo,
que já de mim se ausentaram as palavras, que as já não sei – as que imaginei -, as que calei, as que já não digo,
… sigo, sigo-te
num vento expatriado e furagido, em descontínuo movimento de sois vazios, vestidos dos pós dos astros,
… sigo, sigo-te o rasto,
em gestos retractos recalco o vento, no palmilhar urgente no sangue das bolhas rebentadas de pés descalços, dolentes, nas caminhadas, na poeira barrenta na cor da lava, entranhada, que me seca a garganta, que me penetra no gume de espada, a alma, que se cola, que me sela, que me degola o grito anémico e crepuscular.
E mais não tenho, e mais não quero, que ser sombra aragem, brisa, hálito dionisíaco neste insondado sortilégio de velejar pálida o teu verso por dentro do meu reverso.
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