
Turbilhão
Data 23/01/2010 00:02:44 | Tópico: Textos
| Passo devagar, com a ponta da minha língua húmida, pela tua boca, como pincel sobre uma tela e, as minhas mãos perdem-se no prazer de te acariciar. Ao longe, o som de uma música romântica que nos vai embalando, trazendo aos nossos sentidos, a volúpia da paixão. As pernas entrelaçam-se e nós, quais bailarinos de salão começamos a dançar, o tango da paixão. Lá fora, a chuva e o vento agitam com furor os ramos das árvores, como nós, despidos e confinados a este nosso ninho de amor, agitamo-nos e entregamo-nos com frenesim, à volúpia que nos devora! Os olhos encontram-se por instantes e vêem-se neles, a cumplicidade e o desejo de uma entrega total. Galgamos os nossos corpos, na sofreguidão da descoberta, como se não nos conhecêssemos e percorrêssemos ainda terreno virgem. Nesta viagem de sentires, esquecemo-nos do tempo, que ficou lá fora. Nada existe para além de nós e das quatro paredes que nos rodeiam. Mergulhados na sensualidade dos movimentos e nos gemidos, que se ouvem, cada vez com mais ardor. Ali onde nos encontramos, não há limites, nada que segure a força dominadora, que nos trespassa e nos devora, chama quente de um desejo, que nos leva em turbilhão.
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