
beijo de Crisfal
Data 20/01/2010 13:34:39 | Tópico: Poemas -> Surrealistas
| são duros agora o tempo embaciou o espelho onde me via formosa e bela e as searas há muito apodrecidas nas raízes na borda-d’água;
aprumam-se distâncias a linha corre maquiavélica esmaecendo o cinza da fuselagem. de norte a sul e seu inverso
inverto-me, ampulheta de areia cauterizada
não existe tensão nem o sal se inquieta em pousio de pele apenas sarças insistem num perecível rasgão …
são duros agora, os meus olhos que atentam na baba calcinada p’lo congelo - em baba de caracol o beijo de Crisfal
e o momento exacto em pêndulo: o longe e o perto.
solto uma valente gargalhada. pérfida, é de mim que rio, e de mais nada.
um corvo sobe e, num lapso em que a memória acorda d’amnésia branca, recito aos sete ventos um extracto excelso de poema
“Parado, o relógio mudo/Repete a imensa charada/– Sempre viva e já safada – De que tudo é nada-nada,/Se o Nada não tem o Tudo.”(1) (1)José Régio, «Cântico Suspenso»
|
|