
Serra da Peneda
Data 09/07/2007 21:14:14 | Tópico: Contos -> Romance
| Majestosa e imponente, de índole rebelde – assim se apresenta a Serra da Peneda. Graciosa dama de delicada casta, desnudando-se embriaga-nos com todo o seu esplendor hipnotizando-nos com sua tez de traços medievais. Estremecem os sentidos, ávidos de seu âmago enlear. Ergue-se manso sussurro enraizado na essência suculenta da Terra-mãe. Nos cabelos, soltos ao vento, emaranham-se estonteantes crinas onde selvagens manadas de cavalos Garranos desbravam triunfantes! Adornam-nos uma coroa de exímias plantas em cujo entrelaçar se ressuscita não só as tradicionais tisanas como também toda a sapiência de cariz medicinal. Seus doces e brandos olhos são favos de onde se extrai o tão precioso néctar – o mel. <br /> Desde o pescoço até seu regaço entrecruzam-se trilhos do Lobo Ibérico que em noites de lua cheia resgatam as mais fantásticas estórias repletas de misticismo. Uma túnica, magnificamente urdida por penedos, motiva a fantasia aguçando a imaginação de quem os contempla. A vegetação traja seu corpo brindando-o de alvor no Inverno, áureo no Outono e distinto matiz esverdeado no Estio e Primavera. Debruam suas amplas vestes a cultura Dolménica e Celta, pespontam-na pontes românicas, santuários e casas de recolhimento. Cobrem seus singelos pés a pastorícia e de porte aprumado, acautelam seus caminhos, os cães de Castro Laboreiro. De sua mão direita oferta-nos cabras bravias e vacas Barrosãs; em sua mão esquerda pendem-se fumeiros e espigueiros. Por seus hábeis dedos, semi-abertos, esgueira-se o aroma a pão dos fornos comunitários e o bálsamo do vinho de Alvarinho. De seus rubros lábios jorram em cascata narrativas de encantar, tradições Castrejas que se elevam em límpido e cristalino brotar. Das nascentes que nos aprazem revigora-se um fluir que se incendeia dentro e fora de nós. Recortes panorâmicos que desabrocham na aventura de cada redescoberta…
Agosto 2006
|
|