
ARADOS DO MUNDO
Data 07/07/2007 12:58:33 | Tópico: Poemas
| ARADO DO MUNDO
Tantas vezes passei a mão Por sobre os olhos De olhos fechado, Na ilusão de quando abrisse Abrissem à minha volta Um campo plantado, Vidas espalhadas Com os pendões da mesma altura. Mas isso é sonho, criatura... Ninguém muda o que se avista errado, Nem com os olhos abertos Engolindo água do rosto. Que conta vantagens pro mundo O que está posto, imutável.
Passou um urubu E faz do meu chapéu seu urinol. E ficou branco, mas eu só vou ver em casa, Quando puxar as pernas da calça, Largar a camisa empretecida De roçar nos galhos queimados, Juntados para fazer a cerca, Para proteger do gado, Do gado alheio. O meu rebanho voa por cima de mim Não muge, não pisoteia o plantio Também não dá leite. As vezes, propositadamente, Eu passo a mão fechada, segurando o cutelo Por sobre os olhos. E é quase desesperador, o desejo De arregalar-me e outro mundo esteja aberto.
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