
E só tens é que pagar.
Data 06/07/2007 15:42:30 | Tópico: Poemas -> Sociais
| Por ironias do destino, Ou maldições do passado. Passas tudo a pente fino, Mas não vais a nenhum lado.
Só te calha o que não presta. O que está podre, ou estragado. E sempre só o que resta, É que vem para o teu lado.
Tu tens sempre que pagar, Tudo aquilo que consomes. E vais sempre descontar, Do teu trabalho, ou não comes.
Tens é sempre que pagar, Até o que não se come. Passas a vida a descontar, E quando és velho, passas fome.
Há mais um dia que passa, Igual a tantos que passamos. E como que por chalaça, Somos nós, que nos matamos.
Dá para parar e pensar. Perder uns minutos na vida. E poder assim analisar, A maldade nela contida.
Derretes a inteligência, Pensando no que está mal. Mas com a tua inocência, Tens sempre o mesmo final.
Tu só inventas é histórias, Que fazem com que te esquives. São ilusões ilusórias, As que tu pensas que vives.
Quem trabalha é miserável, Morrendo a trabalhar. Vivendo sempre instável, A trabalhar no que calhar.
Descontando no salário, O que não é nenhum petisco. Há sempre um, mais salafrário, Que tenta a fuga ao Fisco.
Mas quando é apanhado, Há sempre uma boa desculpa. Em nada se sente culpado. Em nada disto tem culpa.
Esqueceu-se de pagar. De repente ficou surda. Tu vai-te mas é cagar. Desculpa mais absurda.
Há uma certa ironia, Nisto a que chamam vida. Nunca havendo alegria, Na hora da despedida.
E vive-se uma vida inteira, A comer para viver. Quando há sempre uma maneira, Em que se acaba por morrer.
Durante esse tempo todo, Tu só tens é que pagar. E saber andar no lodo, Sem nunca escorregar.
Porque se um dia tropeças, Começas a escorregar. Disso tu nunca te esqueças, Ou pagas sempre a dobrar.
E o que é pago a dobrar, Tem um preço muito caro. Por ele tu vais pagar, O preço de artigo raro.
Pagando a raridade, Do que não tem qualidade. Na tua simplicidade, Vives na vulgaridade.
zeninumi 6/7/2007
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