
Apenas o espanto no lago gelado
Data 06/07/2007 07:42:50 | Tópico: Poemas
| Apenas o espanto se escorreu nas enseadas.
Inócuo, bravio, sem cheiro, em rios incolores e neles, desaguados todos os pretéritos ribeiros.
Apenas o tacto escalou em pontas, em toureio livre, de cordas sustenidas, as arribas íngremes do medo, e nelas, plasmadas, urdiduras tediosas, encadeadas lentamente, entre pétalas maceradas, na cidra d’espinhos, de escarlates rosas, onde repousava narcotizada a hidra cobra.
Apenas zimbórios cegos inventaram o fulgor inexistente das estrelas cadentes, nos ritmos lentos de sevilhanas andaluzes.
Apenas o eco, incompleto, projectou em vitrais de capelas sistinas decadentes, melodias tristes de Bethoveen e Chopin, aos olhos efervescentes de menina. No verde dos olhos …
Não, não existe, nem hoje, nem ontem, muito menos amanhã.
De um tempo incauto, não se elevarão estandartes. Aos torreões do pranto, não se tocarão trompetas, e do poema farto, agora mudo e quedo, não se fará arauto.
Apenas o espanto no lago gelado e duas sombras arrostadas, lado a lado.
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