
Pai Quiçá
Data 26/12/2009 23:11:23 | Tópico: Poemas
| Painho gosta mais de moça que de rapariga. Painho quer ceiar solo Quer infeliz vislumbrar-se um predestinado ao labirinto.
Pai Quiçá troça com a plebe humilde E rói corrói o amargo da pobre burguesia. Painho gosta de café sem açúcar Carambola verde temperada com sal limão azeite-de-oliva De manhãzinha quanto mais ácido melhor No meio-dia sustância relembrança às vezes um orgasmo dourado Meia-noite perder-se nadar nú no Mar olhar o infinito enfrente...
Pai Quiçá brinca de travesso Mas é mais sério que ferrão de marimbondo. Painho veio contar a Estória Desconhecida Pular o muro do famigerado Futuro do Homem Chorar zoroastro Serestar sonhonauta Veio provar Por ah-mais-bê Que humano é bicho que voa Que inseto é bicho que sente Que estrela é bicho que ri Que árvore é bicho do mais belo soletrear - eh!, arvoredo poeta!, quanto verso em cada ranhura do teu silêncio...
Pai Quiçá se esquenta nas velas de macumba E bole com a flôr da pequena até fazer inchaço. Painho tem medo de esquecer da Lua - De esquecer do cenário Obra Prima Circundante Tem medo de esquecer a coceira que sempre dá no não-se-sabe-bem-onde... Painho é cipreste Trepadeira raio-de-sol vidro-embaçado É agreste Cachimbeiro preguiçoso vulcão-de-Amor É uma peste Imoral desregrado apressado pesadão. Pai Quiçá gosta de carregar o céu nas costas Mas às vezes é o céu quem o carrega às costas...
Painho acha que mutuca e borrachudo é fisioterapeuta acupunturista E acha graça mórbida no pavor com que os urbanóides pisoteiam as baratas e aranhas... Pai é cheio de truque mágico Passeia na madrugada pra se fazer de ladrão Acorda tarde do serviço pra se fazer de fanfarrão Passa dia e noite buscando um desconforto que comprove a sobrevivência de Deus - Chega a ser da laia dos que se dão conta de que têm muito ainda o que aprender antes de fazer a Dança das Cinzas...
Pai Quiçá vigia dormindo E se limpa se sujando. Dizem que é tripé Dizem que é maluco pétrio Dizem que pensa pensamentos incríveis - E tanto pensa que nem crê que pensa no que pensa!
Painho vai e vem Na Roda da Verdade.
Dependurado nalgum galho musgado De ponta-cabeça âncora dalgum baile Zéfiro de espaço-tempo degringolado Qualquer disciplina afoita Alguma interjeição inexprimível Um pouco de timidez, que assiste ao ouvido adolescente - Um relance de maturidade entre litros de baba do bebê - Aquela saideira tão necessária que se faz parecer a primeira rodada...
Pai Quiçá já dropava cristas numa quatro-dez mui antes de descobrir que existe a Tristeza.
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