
SAGA NORDESTINA
Data 25/12/2009 22:34:32 | Tópico: Poemas -> Desilusão
| O sol nasceu para todos contudo a sombra nem tanto só coube ao nordestino um pobre e rasgado manto assim, os raios do Astro-rei não obedecem essa lei e lá queimam e causam pranto
Não creio nessa estória que o sertanejo é um forte é somente um esquecido que ousou nascer no Norte e muitos para sobreviver fazem promessas pra chover esperando mudar a sorte
Porém, anos após anos chega o mesmo sofrimento no tempo da estiagem morrem a cabra e seu jumento vem o Governo pressuroso tentando ser caridoso mas é só fogo de momento
O coitado do retirante fica na mão do Deus-dará seus filhos choram com fome a mulher começa a lamentar lá fora o sol inclemente primo pobre da enchente parece que o chão vai queimar
Esmurrar ponta de faca ter o pão que o diabo amassou fazer das tripas coração viver instantes de horror quanto mais passam os anos aumentam seus desenganos incrementando sua dor
Quando a seca esturrica a pequena roça plantada os açudes vão secando fica a terra devastada e como cego em tiroteio tão indefeso e lá no meio tem a vida ameaçada
Porém se cai muita chuva e o inverno vira enchente o sofrer se intensifica nada fica diferente é como se dessem vacina ao invés de vitamina a quem já se encontra doente
Tanto faz seca, enchente, são duas calamidades que estão sempre presentes quase sempre, cedo, tarde, que sina mais desvairada que Região desolada que tanta desigualdade
Falando sobre Nordeste refiro-me ao campesino nunca sobre políticos que levam a vida sorrindo pois dinheiro não lhes falta alguns formam uma malta como bandos de porcinos
Nunca dos comerciantes ou jamais dos industriais mas dos pobres sertanejos que cultivam os milharais só dependem do que plantam tanto choram quanto cantam nos açudes, nos matagais
Estes sim, são sofredores, os esquecidos da Nação que trabalham dia e noite na nobre luta pelo pão mas se tornam retirantes uns pobres desafiantes da natureza do sertão
Gilbamar de Oliveira Bezerra
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