
ELIS (republicação)
Data 19/12/2009 20:45:40 | Tópico: Poemas
| este poema vai para josé silveira, que me fez matar um pouco a saudade, juntando duas criaturas queridas, elis regina e adoniran barbosa num encontro, o único, no meu bixiga. logo depois, o poeta de Trem das Onze, Saudosa Maloca e tantos outros sambas morria. para a explosiva elis, a pimentinha, que foi minha vizinha, o meu beijo e a saudade. como disse o bailarino lennie dalle, no sepultamento dela, chorando no cemitério: "Quem vai cantar pra gente agora, coisa linda?"
diante da gravidade foi preciso que mudasses em vísceras tantas vezes o timbre da tua voz diante da impunidade que é bicho de muitas faces foi preciso que alterasses o calmo correr dos rios em correnteza veloz diante da atrocidade foi preciso que acordasses com teu desabafo feroz um país adormecido em posição de sentido sob os olhos frios do algoz diante da insanidade de um sol dividido em classes foi preciso que cantasses fazendo garras das unhas para desatar tantos nós que perdesses o juízo elis também foi preciso e assim teu canto preciso fez-se o canto de todos nós ____________________
júlio
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