
Vida breve...
Data 14/12/2009 21:24:56 | Tópico: Poemas -> Dedicatória
| Vida, sina, de Violeiro, Vida breve, vida leve...
Já vais, companheiro, Tens o estradão por testemunha, em terra de tenente. Subindo ladeiras, outeiro. Falando ao coração da gente Fugindo do tiro certeiro Tocando tua viola, arteiro. Segue em frente Cantando por tua gente Lá vai, querendo teu povo levar Teu caminho é longo e a espera é triste, Mas somente pode alcançar Quem carregar a paz, a verdade, ainda que te ponham o dedo em riste, Vida, ainda que bastante lida, Viola camarada, instrumento simbólico de outras batalhas, de outros cantos que adormecem no chão, vidas esquecidas, mas o canto e maior que a vida, supera a impostas mortalhas, E o canto é geral, Nas esquinas, no cortejo fúnebre, mas a morte fatal, antecipada, encomendada, lúgubre, De repente, tua voz entoa os acordes E a gente toda renasce do chão Feito rebento germinado pela chuva do sertão E o teu breve cantar, nossa voz contra os lordes Vida amarga, blindagem, coletes, sem liberdade Levaram-te pra tocaia, na sombra da impunidade tua vida tomaram, ceifaram mas na terra que defendes, outras vidas brotam Se em nossa consciência, a dor de tua perda, tua ausência, possibilitar um grito de revolta, que ecoe pais afora, teu canto volta...
Calam tua voz, mas não teu canto, violeiro.
AjAraújo presta homenagem, em 21/1/02, aos Prefeitos Daniel Antonio de Santo André, Toninho de Campinas e a outros anônimos brasileiros vítimas da escalada de violência e impunidade em nossa terra.
Violeiro simboliza aqueles que com seu canto amenizam o pranto de nossa sofrida gente, da literatura de cordel as cantorias de nossos dias.
Mas, para que seu canto não seja em vão, precisamos entoar seus cânticos para transformar esta indignação em um real processo de transformação em nosso pais.
Que formemos uma nação de violeiros, não de doleiros e alcoviteiros, que possamos emergir desta crise moral, com a afirmação dos princípios básicos da existência humana: justiça, tolerância e paz.
Temos que parar com esta história de dependermos de vítimas para acordarmos deste transe, desta hipnose coletiva, a inoperância, a permissividade, a impunidade, a corrupção imperam neste modelo de desigualdades que assola o nosso país, precisamos mudar sim, não e a toa que as vitimas são as pessoas que pregam e fazem algo diferente, como os companheiros prefeitos do PT, brutalmente assassinados.
Neste bárbaro crime, se apaga um pouco mais a essência vital, urge repensarmos esta sociedade de consumo e de interesses pessoais, de domínio absoluto do capital e dos bens materiais sobre os valores infinitos espirituais.
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