[não julgues que tudo passa]

Data 10/12/2009 11:17:40 | Tópico: Poemas

não julgues que tudo passa
como água em rio
sob ponte
e nada mais regressa

pode não ser esta a flor
que antes aqui nascera
naqueloutra primavera

sequer os teus olhos
ao vê-la
são os mesmos que a viram

lembraste da montanha
que não se sobe duas vezes
pergunto-te

mas se diversos são as imagens
os personagens ou os cenários

outro é o rouxinol no varandim
ou a mão
que delicadamente
capa o poema

eles estão aí
nos salões e nos saraus
nas esquinas
e até te escovam o pêlo
como a um cão de pedigree

morde pá a quem te morde
mesmo que mordendo morras

porque até narciso
se lançaria ao lago
não em busca de beleza
mas de si mesmo


Xavier Zarco



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