
Apenas o eco ...
Data 02/07/2007 16:21:48 | Tópico: Poemas -> Sombrios
| Apenas o eco, apenas o eco me responde interiormente, na voz da pedra, na medida exacta, circuncisa, que é quase morte, que é quase vida, nas crostas purulentas da noite lapidada, dissimulada de luz de um novo dia… Na voz que parte, indecisa.
Apenas o eco … afastado, longínquo, asilado em conchas, em zunidos estéreis, abjectos, restolhados a seco, desidratados, no chover das tardes, na plenitude da ignorância, do aborto do sonho menino, a despontar-se nado, bisonho, em tinturas albas de um amanhecer do dia … … que me aponta - o infinito, no zénite circunscrito em palmas contíguas de dores, de brados, de gritos - nos sentidos, a rosnarem-se híbridos de clamores, intumescidos em conflitos. Apenas o eco a pulsar-se insano, a estalar-me o ventre, a coçar-se compulsivo, a curtir-me a pele em ventanias quentes, a fracturar-se ao ritmo da perda, do dano, a mutilar-se ambíguo, no rasgar de veias desabitadas de sangue.
O eco … sem rumo, sem estrada.
… d’anémonas andarilhas, esvoaçantes, elevadas estandartes na voz da carne na voz da alma, navegada de folhas largas, sem talhe, em jangada anfíbia, sem margens, sem forma, sem norma.
Apenas o eco…
|
|