
RESTAURANTE EM BRAGA (OU A VISITA DO ESQUELETO)
Data 30/11/2009 20:18:32 | Tópico: Textos -> Surrealistas
| 5 de Dezembro 2009. Cedo começaram a chegar ao largo no centro de Braga como previsto, os participantes do VI encontro dos Luso Poetas.
Conversa para aqui, conversa para lá, novos conhecimentos, e tudo correu da melhor maneira até ao momento de chegarem ao restaurante. Uma vez lá dentro, cada um ocupou o seu lugar. O General Torres lá ia dirigindo as tropas da melhor maneira Foi servido o aperitivo e todos se levantaram, copo na mão.
-À saúde dos que morreram!!!!! Hip.....Hi....
Clinquclinquclinqueclincque clinque........ clinque.
-Estão a gozar comigo ou quê? Todos os convivas se viraram para ver quem era e .... horror.... era o esqueleto! -Não ouviram? Estão a gozar comigo?
Toda a gente ficou tetanizada com a presença do esqueleto. A nossa ilustre poetisa Ibernise, representante do nosso País irmão, o Brasil, olhava estupefacta para o cenário quer estava a ver, dizendo para os seus botões, mas que grande País é Portugal, até os esqueletos andam nas ruas e vão ao restaurante, viva a democracia!
Os copos foram postos em cima da mesa e tilintavam que de tal maneira que se diria que a Parkison tinha acabado de passar e contaminado toda a gente. -À saúde dos que morreram, acham isso engraçado? Acham que eu estou cheio de saúde? Já viram bem a minha cara? Mas não estávamos a falar de si, olhe disse a Vóny, sempre amável, para lhe fazer ver que nada temos contra si, venha sentar-se ao meu lado, meu lindo! -Outra vez? Meu lindo? Mas acha graça? Eu não acho graça nenhuma. O esqueleto começou a se enervar e os ossos a fazerem claque por todos os lados. O General Torres, Como viu o caso mal parado e como bom pedagogo e um bom diplomata, lá veio tentar por água na fervura. -Boa tarde senhor esqueleto! -Alma, eu chamo-me Alma. Senhor Alma, eu sou o General Torres, General em chefe da Ordem Dos Templérias e Comilões E está convidado a almoçar entre nós. -O meu General é muito amável, mas não posso. Como vê não tenho estômago e trago sempre comigo um saco em plástico que me substitui o dito e hoje não o trouxe -Mas não há problemas, a senhor Martins, traga por favor um saco de plástico para o nosso amigo, Quantos litros? -Quantos litros? Mas vamos comer ou beber? -As duas coisas mas os sacos são assim denominados. -Bom, como é de borla, um de cinco litros. O patrão lá trouxe um saco de cor vermelha.. -Olá olá!!!!! Vermelho? Nem os quero ver, verde por favor, sou do Sporting, que também andam como eu mais mortos de que vivos, mas não sou traidor, sou dos Leões e não mudo para o Belenenses, como alguém que está aqui já o fez! O patrão la trouxe o saco verde. -Obrigado, meu General, pode-me dar o seu Email para o contactar? -Mas claro que sim, ora essa! O esqueleto pega numa agenda e numa caneta que tina pendurada numa costela falsa, não era preciso atar era só pendurar. E notou tudo. _ O meu General é um homem bom, merece tudo eu, não tive sorte, dei tudo, mas mesmo tudo à minha esposa e um dia encontrei uma mulher na rua, desconsolada e para a consular dei-lhe só um bocadinho, nada fiz de mal. A minha mulher soube e zás matou-me, a mim, eu que sempre lhe dei tudo e só por causa de um bocadinho, apunhalou-me, virou-se para a esposa EGOÌSTA!!!!!!!!!!.Depois num acto de arrependimento. -Desculpa meu amor, sei que exagerei, perdoa-me, caíram nos braços um do outro e começou a chorar. Eram tantas as lágrimas que corriam entre as costelas que mais parecia um telhado sem caleiras. Na sala também se ouviam o fungar dos presentes, a emoção tinha chegado ao auge -Depois ressuscitei porque o amor é o mais forte e voltei para casa onde ela com medo que dê um bocadinho a alguém de outro, algemou-me com correntes nos pés. -Bom, deixe lá isso, e olhe aqui mesmo, um lugarzinho. O esqueleto sentou-se. Pegou no punhal que nunca mais largou, e colocou-o ao pé da mão, sim, quero dizer, junto à mão, mas ninguém dizia uma palavra, só se ouviam os garfos e as facas e o esqueleto cada vez que mastigava e engolia ouvia-se no fundo saco. Buoin e o clacar dos ossos a todos os movimentos que ele fazia. Ao Museu, ele não quis ir, dizendo que corria o risco de o aprisionarem lá dentro para os turistas verem. De resto tudo correu bem, uns discursos, uns poemas, umas palmas e quando o esqueleto aplaudia, era como fosse um batalhão tal era o clacclac O esqueleto foi embora mais cedo por causa das correntes não o deixarem andar
E ainda hoje se conta esta história
A. da fonseca
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