Gemidos silenciosos

Data 29/11/2009 23:40:52 | Tópico: Prosas Poéticas

Sabes? Queria dizer-te tantas coisas… coisas singelas, onde o pulsar do coração pudesse falar mais alto, mas elas não ressoam da garganta emocionada, ficam estáticas a esculpir olhares invisíveis de ti.

È madrugada nasce uma nova alvorada, a noite alonga-se entre gemidos silenciosos, onde as maquinas decifram os códigos do corpo prostrado no leito branco e transpirado dos odores do sofrimento. Por efémeros momentos a mente voa ao limite do querer, onde o sonho é translúcido.

Uma viagem perturbadora ao cerne de mim, de ti, de nós… acontece no silêncio das estrelas que choram no firmamento, cobrindo-me de doce nostalgia, onde o passado torna-se presente, neste tempo irreal em mim.

A realidade desperta-me, a mente é obrigada a regressar, o caos instala-se e o diálogo vida/morte acontece no corpo calado, estático que jaz no branco da noite.

As mãos velozes, actuam em silêncios de alma, o pensamento concentra-se na luta que o corpo abandona.

Por largos momentos o desejo traça-se em sintonia com outras mãos, ávidas de controlar o incontrolável. Corpos transpirados, esgares faciais, palavras ordeiras, desassossegos rasgam a noite, na ânsia de vencer o invencível.

A morte instala-se nos corpos doridos dos que vivem, mas abraça em abraço de paz a alma daquele corpo petrificado na dor cadavérica e um novo ciclo recomeça no segredo do cosmos, desafiando os incrédulos mortais.

O dia amanhece calmo e na efemeridade da vida, o peito aperta em espasmo, por ti

Escrito a 29/11/09


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