
Guardiães do meu prazer
Data 04/11/2009 12:09:22 | Tópico: Poemas
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Arde a saudade lenta recheada pelo anoitecer, crepúsculam-se em mim as estrelas fixas do horizonte, amanso as feras lânguidas, guardiães do meu prazer, dou-me em temperança, fidelidade e rituais segredados. Há montes verdejantes, pradarias em flor, sábios e guerreiros que parafraseiam leituras vadias e insanas. Depois diz-se de mim que murmuro cantigas antigas, melodias de tristeza e solidão, que povoo um mundo cinza e habito ruínas ao abandono. Reino nas orgias, onde se mistura o animal com o selvagem, o abandonado com o satisfeito, o moribundo com o mendigo, nas entranhas das florestas virgens.
Amo o preconceito esbatido na pedra do tanque da minha avó, amo a roseira florida dos meus cabelos molhados em suor, amo a casa caída, abandonada, morada de quem me deu vida, amo a morte soturna que ceifa cada alma que vegeta. Odeio o amor que é recusado, vendido, sórdido, vomitado nas sarjetas imundas, dado como alimento vão. Odeio o amor que não ama, que ama mas odeia.
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