
Cronicália
Data 25/10/2009 04:33:17 | Tópico: Poemas
| Era límpida manhã no trópico Mariasfedidas acasalavam sobre casco de pitangueiras O suor pórtico da glória musical abençoara os despertos A imaginação ingênua genuína aprisionava o poeta travesti A argamassa do presente social pulsava em fétida e alegre criolina E um poucado engravatado sem rosto nem nome dava as ordens ao maquinário pesado.
Sem opções Inútil dispensável João carregava formigas mutantes em suas veias População que tirava-lhe proveito Em troca de obediência Até que certo dia João pediu aos insetos por paz mundial E noventenove centézimos da população humana Foram devorados por libélulas e lagartixas ensandecidas.
Criança em cruzada astral Nascera com quatro braços coordenados Aprendeu a voar livre Latejava amor infinitesimal trapézio adentro Esquadro monumental Rota das índias infalível Sagrado ohm silente Os trinta dedos tensionaram Em vôo solo à citara Espargiu-se em luz invisível Depois tornou em cera e seda.
O médico doutor tossia asco O estudo corrompera-o Fizera-o sádico irrazôneo Estresse funesto o messias trocara as linhas O grande experto em anatomias Tomou gosto cruel perverso Envenenava dolorosamente seus pacientes Com receitas que jamais seriam decifradas.
O que mergulhou de crânio em rocha De oito metros acima Não morreu mas esqueceu Esqueceu segredos vitórias e lamentos Amnésia violenta que o libertara Diz que só fazia o bem depois do incidente Tomara o blecaute por dádiva Decidira dar-se uma chance De ser quem sonhava ser.
Milagre da dona de casa mestiça Negra desprezada de nossa terra Dando-se à prole fazendo fé Pondo lenha ao fogo da água Paridora Que nunca terá um retrato publicado nos jornais Nem no dia de sua morte Inválida Mãe feroz do futuro valente E empregadinha honrada Cabisbaixa à patroa patrícia De bocetinha azedinha marcomida Desleixo burguês ordenando a gentalha Mundo injusto se dizia Primeiras revoltas.
A hora da estrela do circense Pobre jovem confusão Lançara-se sem aviso ao abismo Sonhara planar Mas trocara sentir por saber E a mente mentiu A casa caiu o circo faliu Quis que a ânsia fosse pronúncia E se perdeu na denúncia Deixou o prazer por amor Fez rinha por carinho Beijinho pra resolver a dor Que antes de casar sara.
17 de Novembro de 2008, São Paulo. ORGASMAGIA http://orgasmagia.blogspot.com/
|
|