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Data 14/10/2009 12:53:39 | Tópico: Prosas Poéticas
| E se eu cair do mais alto penhasco Porque o passo apressado se esquece de medir o tempo E o tempo contrafeito esquece-se que é tudo menos perfeito A perfeição sentindo-se invadida na sua privacidade Dá um empurrão na minha insanidade Essa, a insanidade veste-se da mais louca leviandade Com vestidos de veludo lavrado a pecado O pecado coitado, mete mãos ao trabalho e deixa-me louca É aí que descubro que sou poeta de coisa pouca Num pouco de nada escrevo os meus versos Que bradam aos céus contra os arremessos Da vaidade em que me banho sempre que escrevo Nunca perguntei, afinal quem sou Porque as palavras me saem em rodos de insatisfação Porque me entrego à luxúria da criação Apenas sei que me desnudo e me dou Correndo o risco de cair do penhasco Mas, nesse dia cairei em queda livre Porque escrevo sem medir as palavras Acorrento-as faço delas minhas escravas As palavras levam as mãos à cabeça e bradam aos céus És poeta mas pouco, os versos jamais serão teus.
Acabaram de voar, caíram nos olhos seus.
Antónia Ruivo
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