
A cada ciclo da lua
Data 12/10/2009 13:49:36 | Tópico: Poemas
| Deste sangue que me escorre da alma, desta dor que se enlaça à carne, provocando-a, devorando-a… Fica um segmento de vida pendurado num tempo que jamais retorna.
Palpita-me que o pensamento fugiu à vontade de ficar. Que as cordas que tocam a voz aposentaram-se cansadas de gemidos silenciosos e de gritos que se recolheram à chegada da dor.
Para que não deixe o corpo morrer injecto-me de palavras que me enchem o peito de ar e brilho nos olhos. Só o oxigénio de um poema me faz renascer. Só o chão feito de roldanas aguçadas faz mover as frases compostas de esperança, não esmorecendo o sorriso.
Por vezes também vens, atenuando-me a dor ao embriagar-me os sentidos.
Vou rasgando devagar o tempo. Vou alimentando aos poucos o futuro que já se adivinhou, tentando me convencer que o sol vai lá estar, mesmo em céu encoberto e frio.
Cego-me sempre, ao nascerem-me lágrimas rosadas, a cada ciclo da lua.
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