
Desenlace
Data 02/10/2009 16:11:14 | Tópico: Poemas
| E se ela indagar-me de sua ausência? Apontarei a ela a sala e os milhares de livros que reli, Maiakovski, Cecília Meireles, Augusto dos Anjos, Franz Kafka Todos entediados de minha leitura lacrimosa e do compadecimento desmedido de meu ser. Mostrarei essa urna embalsamada Das horas mortas, das noites sem fim Do moribundo pranto.
E se ela indagar-me se senti sua falta? Conduzi-la-ei por toda a casa vazia Mostrando-a o silencio em que submeti O amor de nossos dias, pela casta temporada de sua ausência e do sangue nas veias transformado em cafeína Pelo longo tempo de insônia convertida.
E se ela indagar-me de seu ressurgimento? Direi a ela que é tardia a sua cura Pois endoidei-me na bula dos remédios vencidos, Montanhas de calmantes, soníferos e seus precedentes, Psiquiatras, psicanalistas em busca do segredo de meu miserável enigma.
E se ela indagar-me como foram meus dias? Abrirei meu caderno e suas folhas vazias, O lustre apagado, as velas sem vida A mesa posta com um único prato... Minhas rezas silenciosas perante o mortuário de mármore. Meu costume cotidiano de um pensamento apenas... Vênus...deusa do que resta do amor
E se ela indagar-me por que não voltamos? ...Sorrirei a ela escondendo meu pranto.
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