
Ode Reconciliadora
Data 02/10/2009 02:34:16 | Tópico: Poemas
| Ó filósofos da justaposição Ó mártires da infecção moral Tantos e tão promissores Vinde Vinde firmes duelistas Vinde ao encontro deste sincronário silógico!
Ó amantes da perversa arte do real Ó manhãs e tardes de outono do pensamento moderno Quanto ledo engano E quanta maravilhosa sedução Quanto pleno mistério Ah vinde amigos Vinde musa amada Mergulha neste oco Neste vácuo abstrato Prosa branca aglutinante de dores e amores Deixa-te cair descer ralo abaixo Vinde ao encontro desta letárgica convocação Deste honroso pedido de ajuda.
Ajuda-me a iluminar o ambiente Dá-me tua espúria ansiedade Deixa-me destilá-la Em barris de carvalho e mogno Deixa-me destilá-la dez cem mil vezes - Vinde irmão Pisemos juntos às vinhas de nossa esperança Extraindo sumo doce de concórdia Receita clássica siciliana Pisemos e repisemos à matéria prima de nossa loucura Extraindo o suco ácido e sadio da maturidade.
Ai maturidade bem pregada Soubesse eu o que é esta maturidade Talvez os desafios se me escapassem Talvez o tempo imétrico me saudasse Ai saudosa singeleza do asceta Vez ou outra nos mordendo aos calcanhares Dizendo creia Creia estúpido e fogoso Creia em tua maliciosa imaginação Entrega-te afoga-te E não questiona!
Ai desta maturidade tão falada Conhecimento dito por tido Na boca do povo parece tão simples Tão fácil e simplória missão - Mas ai de mim Passam-se os anos Agrisalhoam-se-me os cabelos E em apelos peço um recomeço A mim mesmo.
Vinde amigo Reúne-te sob este teto Por uma noite que seja.
Deixa-me tocar-te Deixa-me irritar-te Odeia-me imploro-te Detesta-me pra me entenderes!
Não sei que faço de mim Eu sou uma egrégora indiscernível.
Sou tuas horas de prostração Cansaço impudico da escravidão Sou teu orgulho que quer compaixão E que nega a si mesmo o bálsamo da embriaguez.
Quero enlouquecer Mas também quero longevidade - Quero a insanidade déspota Do que se aproxima sempre mais das estrelas.
Ai desta ode cósmica Sem promessas nem refutação Lar de referências deferentes Majestosas insinuações - Sou começo meio e fim Orquídea fantasma no jardim.
Vinde astuto Vinde guerreiro Vinde ninfa vinde minotauro Quero todas as bestas e todos os anjos - Vês já que me acontece? Solícito Rude Maracatu de baque parado Repico estrimiliques Expulso o frio e limpo os diques Quero um nada como agouro Um vazio como estalagem.
Vazio virtual No subtexto da entrelinha.
Sou um branco sem fim Tatu e morcego serafim Sou a esquina da constância Lirismo e grosseria em alternância.
Ó filhos do amanhã inalcançável Ó futuras gerações filósofos piscianos Vinde Vinde a esta incerteza Vinde à imensidão da beleza Da rispidez da natureza - Quero ser casa de repouso E campo de concentração funesto Pra que aprendas a dormir e redescubras à curiosidade Pra que estafes-te quase morto tão doído pra que trames tua fuga e minha nobre derrocada.
11 de Julho de 2008, São Paulo. ORGASMAGIA http://orgasmagia.blogspot.com/
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