Depressão
Não aguento mais, estão violentando
meu coração.
Ultimamente o papo mais agradável
que tenho é comigo mesma! Que essa
situação não seja uma constância!
Quero tanto me abrir, me mostrar
como sou, mas não consigo...
Nem sei quando isso começou, mas
agora, de repente, me dê conta do
crustáceo que me tornei( caranguejo,
boca de siri, cabeça de camarão, ai,
basta, não!)
Vejo-me, muitas vezes, fechada em meu
mundo e cultuando o silêncio da
madrugada.
Adoro a casa parada, o momento que
estou sozinha de verdade, confesso
que a noite sinto-me aliviada!
Pensamento inoportuno
Pensamento inoportuno
Sento-me na minha cadeira predilecta. O meu quarto é bastante luminoso mas hoje um pouco entorpecente talvez, mas estou felizmente bem desperta. Pego no livro que ainda à pouco comecei a ler. A leitura faço-a intrínseca, lentamente. Quedando-me pensativa, mas atenta, reflectida sim e influenciada por este texto plangente, uma saudade doida me invade, fico apática, a minha mente imaginando-te, vivo, doce, a tua presença aqui a meu lado. Revejo o passado, fita cinematográfica. Tudo o que julgamos estar esquecido. Súbito os meus olhos vêm em turnos, as alegrias, família, os desaparecidos, tudo que para mim é muito querido. Outras doem, estão tão gravadas no fundo do coração, na mente e que este pensamento inoportuno veio acordar. Tento afastá-lo por mágoa engano subtil. Sempre presente quer queira ou não. As lágrimas afloram, deslizam, gosto delas parecem carícias que resvalam do Céu. Volto a mim, encaro a realidade saio desta nostalgia, olho da janela para o alto, as nuvens, parecem velas afastando-me docemente daquele torpor, acenam e dizem, a vida continua. Suspiro! Vejo que afinal a metástase do texto nos uniu e a emoção que me contagiou, é só o velho e presente Amor.
Helena
Perda (Sobre o aborto)
Será que ainda me sorris do sepulcro avermelhado onde os rios asfixiam por debaixo das pedras? terei feito tudo o que podia por nós…?
Hoje…
deitei-me na minha insónia, vi-te percorrer os caminhos que nunca conhecerão os teus passos. ouvi o eco da tua voz, sussurrar-me ternuras acetinadas.
estranhamente…
olhaste-me com uns olhos lacrimejantes, como se me quisesses pedir algo em nome de todos os anjos que não vieram a este mundo errante…
ah, nem sei se foi um sonho ou um pesadelo. sei unicamente, que o céu era negro . que um tubarão assassino aniquilava a tua alma em forma de feto, com os seus dentes trituradores, enquanto eu gritava o meu pavor nos suores quentes, onde um dia foste gemidos de amor, a percorrer a seda da epiderme de quem te gerou e negou a vida…
nunca terás um nome. no entanto… imagino-te aqui, no afago eterno de umas mãos que te desenham no desespero cálido das palavras. choro-te enquanto escrevo, porque o maior pesadelo é quando a consciência se reduz a um vácuo sem procedentes…!
Terei feito tudo por nós?
(Vóny Ferreira)
O VOO 447
Infelizmente, mais um acidente de avião veio colher muitas vidas e ensombrar a felicidade de muitas famílias.
Sabendo-se que o transporte aéreo é um dos mais seguros, não está ao abrigo total de muitas incidências, como neste caso perece ter sido o caso.
Vejo as imagens na TV e oiço os responsáveis tentarem por todos os meios, que não sei se são os melhores, darem uma explicação para este acidente.
Vejo e oiço as equipas de psicólogos a tentarem fazer o possível para que o moral dos familiares não fiquem a um nível zero.
Vejo e oiço os familiares chorarem e lamentarem a perda dos seus entes queridos.
E oiço alguns, que por este ou aquele motivo os seus familiares não foram nesse voo e logo salvaram-se de uma morte horrível, carregados de egoísmo dizerem que foi graças a Deus que eles não foram nesse voo!
Para mim, isto é o egoísmo .dos crentes. Então e os que morreram? Foi ou não graças a Deus? Porquê Deus, salvou alguns de morrer e deixou que os outros morressem?
Não, não sou crente... também graças a Deus!
A. da fonseca
A fatídica noite no coração de Paris
Naquela fatídica noite de sexta-feira, se curtia vida ao som da música no conceituado teatro “Bataclan”. O salão estava apinhado de gente, gente nova que gozava das delícias da juventude, que lhes escorria à flor da pele, com o futuro inda por desvendar. Tudo corria normalmente, o silêncio era rasgado pelas gargalhadas e gritos de aplausos, vindos daqueles jovens inocentes que só queriam divertir numa noite, que era só deles num país civilizado e democrático.
Aquela noite era igual a tantas outras noites de paris, os bares fervilhavam de malta jovem, que se divertia nos recantos dum mundo civilizado, longe das guerras dos anos 45. E eis, que surge na consciência humana, homens procriados por Deus Uno e Bondoso, ideias para perpetrar hedionda carnificina. Paris chorou e o mundo limpou-lhe lágrimas mais uma vez, mas o mal paira ainda no ar com intuito de fazer correr rio de lágrimas, se a humanidade não rever o porquê deste assassinato às boas maneiras de convivência entre os povos.
A paz não se ganha com a guerra, ganha-se com diálogo e respeito mútuo pela tendência ideológica de cada povo, longe de arrogância e cobiça dos grandes que querem dominar o mundo.
Se voltarmos atrás no tempo, antes da era do petróleo, estaríamos a viver momentos soberanos dos povos e muito longe das rotas migratórias dos Balcãs.
Adelino Gomes-nhaca
Olhares que tudo dizem
Olhares que tudo dizem,
Vindos das profundezas
Das almas inocentes
À tona da realidade cruel!
Mas…
Neste excessivo mundo
De interesses,
De corrupções,
E de desigualdades,
O bicho-homem
Ostenta coração de pedra
Imune às emoções,
Espelhado na indiferença
Que ceifa precocemente
Vidas inocentes,
Que esperam só e só
Por migalhas pra matarem bicho
Que corrói impiedosamente
Suas barriguinhas de meninice.
Adelino Gomes-nhaca
NÃO TENHO MEDO DA MORTE
Não tenho medo da morte
Nem tão pouco de morrer.
Tenho mais medo da vida
Que ela me faz sofrer.
Não conheço o autor.
Vem isto a propósito do poema sobre o que é ou não é a morte, do nosso ilustre poeta, Henrique Pedro, últimamente considerado e a justo titulo, o poeta do mês, a meu ver tardiamente.
Comentei esse poema, falando de mim, do que eu penso e não penso da morte.
A morte, não vos dizer nada de novo, é o fim natural de um ciclo, seja ele animal,vegetal ou outros.
É a única coisa que me consola. Ricos e pobres, ladrões, assassinos, carteiristas, oportunistas opulentos e muita escumalha que anda neste mundo, ninguém escapa e que eu posso considerar a única justiça justa que há neste Mundo.
Mas dizia eu falando de mim, que não tenho medo da morte, mas tenho medo de morrer.
E porquê? simplesmente por amor!
E porquê por amor? Porque amo muito, mas mesmo muito, a minha esposa, os meus filhos
e porque amo também muito a minha cadelinha.
Parece débil, não parece? mas não é!
Não querendo por os animais à frente dos humanos, sou obrigado a reconhecer quanto amor ela me dá.
Enquanto estive hospitalizado, segundo a minha esposa, ela passou os dias à varanda sempre virada para o lado do qual normalmente chego a casa e à noite ia se sentar defronte da porta de entrada à minha espera. Comer... pouco.
Quando regressei do hospital, fora de questão de dormir no seu ninho, mas sim comigo e contra mim.
Tenho a dizer, que ela é muito pequenina.
Depois e falando da minha esposa. Ando a sofrer só a pensar que ela fique sozinha.
Que se irá passar sem mim? terá ela força e coragem para enfrentar todos os problemas que se irão deparar?
Como vai ela suportar o desgosto de me perder? Sei quanto ela me ama. Eu sofro só de pensar.
Financeiramente, enquanto eu por cá andar não temos problemas, vai dando para viver.
Li o relatório do hospital e nada tem de animador, fiquei muito fragilizado e o tempo de vida é uma incógnita e depois ela não terá as mesmas possibilidades financeiras.
Por isso tenho medo de morrer, não tendo medo da morte.
Vou-vos parecer egoísta, com o que vos vou confessar mas não, é amor!
Eu preferia morrer depois dela, saberia assim que ela não sofreria com a minha morte.
Mantenho! Não é egoísmo, é amor.
A. da fonseca
apenas um texto
eu fiquei triste e escrevi isto:
Prepotência disfarçada
de superioridade
Insanidade declarada
Quando pensas que é tão bom
Oh! ser
Colocado no mundo
semelhante ao irmão macaco
Talvez alguns tenham vindo
sei lá de onde
Eu vim da minha mãe Jeanne
e de meu pai Robert
por Deus que tudo criou
A Palavra
Deixo as palavras. Assim sem mais… numa despedida inesperada e por isso talvez repentina.
Das palavras sobram os escudos com os quais me defendi. Outras vezes, das palavras se soltaram armas poderosas com as quais feri para não morrer…mas nunca quis matar!
Que resta agora? Não mais que um passado vivido e apagado.
Os castelos que construí estão habitados pela minha imagem segredada na minha ausência, as barreiras quebradas agora que não sou encontrada.
Os fundamentos são a terra que cobre o meu corpo, inerte, neste emblema escuro com que me escudo. Do silêncio solto energias invisíveis para os que amo, quero que nunca duvidem desse meu sabor. O sabor sentido com o corpo todo. A tempo inteiro. Mesmo que eu solte uma lágrima, de despedida, nada moverá a minha condição.
As palavras continuarão. Sem mim, mas continuarão.
Talvez o mundo tenha outro valor. Talvez a vida seja melhor. É no poder das palavras que gostava que encontrassem essa forma de amar.
Hoje fui de viagem à boleia do destino, fui em nome da mulher que ousei ser, para lá do Júpiter (que nem sei muito bem de qual parte, positiva – negativa) sem mais.
Ninguém saberá se voltarei, transformada de cavaleiro das touradas da vida ou de mero embaixador da paz apetecida e tão distante.
Se voltar, serei o expoente dos limites positivos ou o negrume dos incansáveis destabilizadores do universo. Se voltar, serei qualquer coisa que não consegui ser.
Resta-me a palavra. A mesma com a qual nasci, a que esteve juntinha a mim enquanto cresci e que agora se separa por quanto já não a precisar…
Deixo-a… como me deixo aqui, levada em prantos de não a ter explorado até aos confins do maior imaginário que existiu dentro de mim…
Parti!
Cassandra
A TODOS OS LUSO-POETAS
Caros amigos poetas e poetisas do Luso-Poemas.
Acabo de retirar o blog que eu tinha criado para evitar guerra de palavras no Luso Poemas, pois que um novo administrador (sabem que é) já começou a pensar de tomar medidas contrárias à liberdade individual, nada que eu não tivesse previsto pois que já tinha prevenido o Administrador para o que poderia acontecer.
Primeira medida tomada pelo novo Administrador, é a seguinte:
Aqueles que forem ao meu blog dizerem o que pensa, ela se encarregará dessas pessoas.
Não disse que se ia encarregar de reprimir aqueles que provocam constantemente no Luso, não ela não disse, não quero dizer que ela não o faça, até acredito que sim, por isso ela foi nomeada administrador e um administrador tem que ser imparcial.
Visto isto e como não gosto de prejudicar quem quer que seja, decidi de retirar o blog, mas peço-vos por não criarem polémicas no Luso que é um sitio literário que merece o respeito de todos e não só de alguns
Que ninguém se sinta superior a alguém e é já meio caminho andado para a paz no Luso.
Obrigado àqueles que acreditaram que era possível não insultar no Luso- Poemas.
Viva a Liberdade, o respeito e não à ditadura.
E viva também a poesia sã
Alberto da Fonseca