Bloody Mary
sou o embaço que teus olhos rondam
e que tu’alma apalpa perdida das mãos.
sou infinitos pontos escurecidos
viajando dentro de outros pontos
voadores coloridos
como um átomo perdido
do universo molecular
estou à deriva num dramático
vermelho ‘bloody mary’,
mascarado pra confundir
reinados
sou coquetel
ardente e salgado
apimento
desagrado
seduzo
poucos
são os apreciadores
desse gosto
ainda assim... bebes-me
ardendo o ranho
de tua garganta
só pra sentir meu paladar
e tentar me compreender
mas,
embriaga-te antes
sem que possas me saber
Alice no país da poesia em 3 atos.
I
Arco-íris, diante dos olhos, pulsantes e a via-láctea na bainha
Magnitudes indistintas, meu sangue irriga a venturosa árvore
Na parte da noite que não brilha, o opaco a tingir suas águas
Um olho de luxo, outro simples, a água, o universo e este sol
Não é meu sol é o verde. O segredo da vida é o seu não estar
Estas meninas e seus corpos, teus copos, teu corpo cascavel
Folhas, ramos, flores, frutos de ouro essa é a nossa mortalha
Piam pássaros vermelhos, o cio em teus olhos vermelhos, zelo
Douradas prímulas, plúmbeas plúmulas mesclam luzes e olhos
Nestes traços que surgem no livro, à espreita atrás da cortina
II
Deixamos a raposa, as uvas e o lince voluptuoso, zooteca zero
Nos querem nus, a desatar os nós, um oásis ao pobre escriba
Signos ígneos negros, ocas marcas, ouriços, ouro, opacidade
Alegram-se com a letra que mancha o poema monogramático
Tudo de que te desfazes e dissipa no escândalo nu do sonho
Às vezes um rosto apagado, boquiaberto, um pássaro súbito
À noite na casa vazia sou o sapo que espera o beijo salvador
O dormir que não se dorme, mas esvoaça em ritmos ocultos
Despido de pé no chuveiro, meu permanente e ácido humor
Minha expressão imprecisa para um gorjeio mais prolongado
III
Há que se conhecer a morte e seu desejo de dureza infinita
Em plena alvorada, o que possa ter de consciência culpável
Olhamos a obra, tal algo incontido na erudição dos saberes
O livro, esse objeto apaixonado, se amplia se impõe e reduz
O que há de confuso em um breve caos não é amordaçável
A liberdade viva é um déjà vu, o recorte de cenas obscuras
A serpente que acena ao falcão lá acima um pacto de viver
Devemos permanecer sempre crianças e mais que um sonho
Quando se decline o nome do gato, o gato salte sobre o muro
Despido ao chuveiro, vou desdobrar meu punhado de sílabas
Tecer à mesa do café encantadas imagens, dar início à manhã
Poema escrito em cinco minutos
* * *
Tu que me lês
Com algum desdém,
Só porque o poeta
Me criou que nem seta,
Não faças juízos de valor!...
O meu autor
Estaria pouco inspirado
Ou talvez apressado
Para ir dar uma...
… Viagem!
A ti, se és lesma
E lês, mas
Com esse desdém
Esta mensagem,
Digo desses parcos atributos:
Não terás sido tu também
Feito em cinco minutos?!...
PS:
Não faças disso um drama...
Eis os teus 5 minutos de fama!
in "Poemas Curto(-o)s"
29.06.2010, AdolFo Dias
rosa púrpura com espinhos dourados
não há paz que me pinte de outros tons,
para adelgaçar a guerra que me prostra.
o branco também é algoz
no chão que me devora.
a paz, apelo falido em muitas mãos,
se explode nessas horas.
por isso pinto-me quadro em cores
de alguns encantos felizes
e das mutilações que a vida me doou.
quadro que nunca será resgatado em leilões
em recepções de contos de fadas -
será suplantado pelos cantos das sereias
- ficará menoscabado em minhas paredes.
pinto-me, mesmo assim!
mesmo que me quebrem
pra preencher um canto de chão.
pois cores...
nunca morrem.
cores,
sempre estarão por aí,
nas paletas do céu
num derrame de nuanças
para o todo.
até mesmo às (minhas) guerras,
às (minhas) paixões
que tingem minhas parcelas de amor e dor
e outras partes que seguem os descaminhos
Poema escrito enquanto dormia
Daqui a pouco – quando despertar –
E ler aquilo que agora escrevo,
Talvez surpreenda a minha mente…
Sim, eis verdade que a mim devo:
Crio enquanto durmo e elevo
As flores do meu subconsciente!
Como é estimulante mergulhar
Nas águas deste oceano pungente
E guiar a sua essência à superfície!
Daqui a pouco – ao acordar –
Vou ler o que escrevi sem receio
E que o íntimo me disse e...
… Será que estive mesmo ali?...
… Será que estou mesmo aqui?...
Acordar…
… Não será dar vida ao devaneio???
05.06.2010, NelSom Brio
P!NTUR4 SURR3ALIS7A
* * *
Uma parede roSa-pranto
pendurada num quadro castanho.
… E o pasto amaRelo-sujo
devora um cavalo azul.
… E o mar cinZento-névoa
bebe um sol esverdeado.
… E a eterna noite braNca
cai sobre o céu escarlate.
Para além do quaDro,
olhos mortos contemplam…
Em que mundo desencanTado
nasceu tão inútil Pintor???
E você - Crítico d'Arte -
Surre
~~~~A
~~~~Lis7a!
19.07.2009, NelSom Brio
divanoite
qual pescadora, ergue-se embarcada
na vacância do sol
lança rede
enegrecido aramado
d’onde luzes anãs trespassam
feitas peixes miúdos a passearem
em aquários olhares
sóbria e determinada
navega sobre prados
doa arejos aos sonolentos
desamparos do dia
mas,
se da compota lunar
calda leitosa se derramar
perde a ufania
em arrebatamento langoroso
desfaz-se da negrura
dominada
esparramada e nua
Prisioneiro da Vida
Aprisionaram-me!
Não sei quando, nem porquê,
Mas aqui me encontro, perdido.
Deram-me um corpo;
E pernas para me mover;
E mãos para me servir...
Deram-me olhos para ver;
E boca para comer;
E língua para falar...
Deram-me emoções para sentir...
E eis-me aqui tão exposto
Às dores e às alegrias do mundo.
É por isso que eu sofro e corro!...
É por isso que eu grito e canto!...
É por isso que eu choro e rio!
Quem me aprisionou neste corpo?
Quem me deu estes sentimentos?
Quem me castigou tão severamente?
Carcereiro, meu cruel carcereiro!...
Tem pena de mim e devolve-me ao meu Reino...
Não suporto viver emoções tão contraditórias!
30.04.2009, NelSom Brio
http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/1594204
Versos de Amor 4
[Ironias do destino]
Escrevo um poema, ou dois ou três
(Até o estro cansar-se de criar);
Depois dou-me por satisfeito
(Ou talvez não)
E adormeço sobre os meus fantasmas.
Hei-de sonhar
(Sim, por que eu sonho sempre!)
Coisas que nem nos mais arrebatados devaneios
E – ao beber nessas inesgotáveis nascentes –
Hei-de acordar com uma brutal erecção poética.
Hei-de correr a agarrar-me à caneta e ao papel
(Como se fossem a última tábua de salvação)
E – num supremo acto de Amor! –
Lançarei mais alguns filhos ao mundo.
Meus pobres filhos!... Sem honra, nem glória,
Hão-de mendigar pelas portas dos novos-ricos
(Que engordam em jardins de indignidades),
Para acabarem agonizantes nalguma lixeira.
Se os meus filhos-poema forem incinerados,
Talvez se transformem em cimento
E ainda hão-de conhecer a singular glória
De se eternizarem nas paredes do palacete
De algum novo-rico (que nada percebe de ironias do destino).
17.02.2010
In Diário de um poeta louco
de Edu Loko
Nascente... Do Monte Verde(Rorâima)...
Imagem:Google
http://www.seguindoviagem.com/categor ... /venezuela/monte-roraima/
...
De um todo o sol igual como nasce em todo lugar, inclusive
A meia-noite
Que clareia dantes de virmos
A acordar ou dormir
Com seu manto dourado de luz intensa
Perdura a esperança de um amanhecer ou anoitecer feliz
... poetizando...
Com a força dos ventos magnitude
...e amor.
...
No horizonte há um olhar
Coberto de oceano
Visto de um Monte cristalizado no universo
D'onde as pedras preciosas dormem
Poetizando seu habitat grafitado.
...
Apoemando o sol em seu esplendor
Magnificado de amor d'meia noite
Formatando o lençol freático
Das nascentes do peito
O coração bate profundamente vivo
No Roriama distante...
Seguindo avante...
...
Nascituro é o desejo de querer e ter
Sonhos molhados de sonhar
Acariciando a face da eternidade
Motivado pelo desejo das frações em segundo
Adentrar o portal sublimado e sentir
O amor adentrar a porta superior.
...
E emoldurar no tempo e no espaço
O sentimento a flor da pele
Dignificando a força que trespassa.
A vida além da vida, em segredo
...Sem medo...
De amar o eterno
...num abraço perdido...
...sem laço...
De um vasto sonhar dourado
D'um diamante azul encontrado
...cá dentro...
Do vale dos cristais
Das lágrimas caídas do céu.
Ray Nascimento