Poemas sombrios

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares da categoria poemas sombrios

dura lucidez

 
a manhã acende e o sol fulge na cal
branca das paredes, das casas
onde um dia houve vida,
há borboletas alegres abrindo asas,
e uma buganvília perdida.
as rosas vão desprendendo fragrância
por toda a aldeia,
lembro a dourada suavidade da infância,
a tarde morna, a hora da ceia
a vida é um instante
as memórias não morrem
só o tempo ficou distante!
a gota de água que floresceu e caiu
no ramo mais firme da roseira,
era lágrima furtiva, que ninguém viu
a dureza da alma, o final do estio,
chegando à minha beira.

apaga-se o ocaso
e a sombra ameaça
desvanece meu coração atormentado
a recordação me abraça
por perto o canto puro do rouxinol
e o sol, que fulgia nas paredes
brancas de cal
lembram a rapariga airosa, a tal
que hoje envelhece, desde então não vive
e no olhar já nada transparece.

natalia nuno
 
dura lucidez

Era Balela

 
Era Balela
 
Ah! Estou me tornando cética

Como queria me apegar às asas da

esperança, mas...

Só vejo asas em aves e insetos

Quem me dera ver passarinhos, porém

tenho a impressão de observar morcegos,

corvos e são tantos, que se eu correr

até tropeço!

A asa da borboleta é bela e essa tem

curta expectativa de vida, oh vida!

Será que é assim também com as

demais espécies?

Imaginei que evoluiríamos nos quatro

estágios da vida, mas...

Era balela

Olhando para os cantos do mundo só vejo

dejetos!
 
Era Balela

Cravaram-me uma estaca na alma

 
Cravaram-me uma estaca na alma
 
Cravaram-me uma estaca
Na alma!...

Apoderaram-se do meu tesouro
E deixaram-me prostrada
Num chão
Nojento e pegajoso
Pejado de mentiras esventradas
E de odor pestilento

E são às dezenas os sorrisos...
Cínicos!
Que na pressa da retirada
Lhes caíram do rosto
E se espalharam no meio da podridão

Pobres criaturas sem palavra
Que de tão miseráveis que são
Atraiçoam quem lhes deu o pão
Nos dias mais negros
Da fome apertada

E salvaram quem nada lhes deu
A não ser a ilusão
Daquilo que não passa
De um redondo nada...

Mataram
E fugiram todos
Montados na mula da cobardia

Salvou-se um estranho silêncio
Que paira num ar irrespirável

Morri sozinha
Sem glória alguma
Com a dor da desilusão

Não mais voltarei
A pisar o chão que me viu morrer!...

Hoje resolvi responder individualmente a todos os comentários que me deixaram.
Não o costumo fazer, nem aqui nem em lado nenhum.
E não o considerem como arrogância ou falta de educação, porque não se trata disso. Mais cedo ou mais tarde, acabo por retribuir quem me lê, lendo-o também.
Quem por aqui anda há mais tempo, sabe-o e respeita-o.
Não é por nenhum motivo em particular, apenas porque me rouba imenso tempo que eu acho precioso para poder ler os outros poetas e colegas de casa que também merecem ser lidos. Tão simples quanto isso.
Mas hoje... deu-me para isto.
Não o voltarei a repetir nestes termos, pois dei-me conta de que fiquei sem tempo para o que atrás disse!
 
Cravaram-me uma estaca na alma

Falem, falem...

 
Falem, falem...
 
FALEM,FALEM....

Para quê tanta vozearia?!
Se estou à beira de quase nada
Sómente a solidão e mais um dia
E o velho abrigo da memória cansada.
Já o tempo em mim se perdera
E eu sorri mesmo com o dia feio
Mas o tempo só tristezas gera
Esqueço a mulher que se escondeu p'lo meio.

Espreito a gaveta dos retratos velhos
Como cisne, chega a hora, choro e canto.
Lembro a outra que se via aos espelhos,
Já a noite me cobre com seu triste manto.
Trago meus pulsos cansados
Dias partidos, gastos de sentimentos
Palavras gastas, gritos estrangulados

Caminho a passos lentos.

Sinto a morte a crescer lentamente
No meu corpo e eu ainda viva
Para quê ao meu redor tanta gente?!
Se não há gesto, nem embalo que me sirva!?

Falem, falem, digam o que lhes aprouver
Chamem-me louca, ou sombra de mim
Que hei-de ouvir-vos enquanto puder
Pois estando viva, me sinto morta sim!

rosafogo
 
Falem, falem...

*Escuridão*

 
*Escuridão*
 
Escondo-me na escuridão,
Que me envolve com os seus beijos,
Aliciando com a canção,
Que queima os ensejos,
E os desejos que torturam o meu coração!

Ainda tenho na pele o cheiro da queimada,
Que grita pelo gelo da solidão,
Amando num balanceio em cada alvorada,
As vigas desta paixão,
Com o sangue que me cai das mãos…

E giro, escutando o som fúnebre da invasão,
Inundo os olhos com as lágrimas,
Que entendem e consolam a emoção,
Pintando os seus vidros de escarlate,
Esboçando o que sobrou da vida com apreensão…

E não!
Não mudo o meu rumo,
Para exonerar esta absolvição!
Caiu ainda girando no sangue,
Que adaptei como o meu chão!

Ainda toca a música fúnebre,
Nos calabouços do meu coração,
Perdi todas as almas,
Que me invadiram em Vida,
Agora há somente a doce escuridão!

Marlene

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Participação especial: http://nocaminhodasemocoes.blogspot.com/

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Imagem retirada do google.
 
*Escuridão*

Só!

 
a vida é caminho
que termina em qualquer parte
até que diz adeus
àquele que já de nada dispõe,
e a nada já se opõe.

com arte,
apaga-lhe as ruas soalheiras
da memória, as recordações,
a mão que a palavra desenha
tudo quanto ama
e o que resta?!
nada de onde lhe venha
- acabou-se a inquietude
por companhia o rumor do vento
e a acalmia da ternura da tarde,
nada importa já,
cruza o firmamento
leva consigo a saudade.

deixa sobre a almofada os livros antigos,
os sonhos em branco, deixa os amigos
de tudo despojada, parte como chegou,
sem nada!

natalia nuno
rosafogo
 
Só!

Agitação

 
Agitação
 
AGITAÇÃO

Já nem sei o que me move
Ainda um pouco de vontade!?
Já no meu coração chove
Bate ensopado de saudade.
No pensamento nada me ocorre
Já minha hora é escassa
Sou como rio que corre
Breve vida, a morte a abraça.

O silêncio em que me escondo
Abandono! Irrompo em alvoroço
E na hora agitada nem ouço
O oscilar das ramagens
Nos meus ouvidos de menina!?
O comovido chorar das aragens
Como se de mim se despedisse
Tudo, o que assim Deus destina.

Passam os dias da minha vida
Nem já sei o que me move
Já no meu coração chove
Anda minha alma dorida.
A lembrar vivo saudosa
Lembranças, são lágrimas a descer
Trago a vida custosa
E pouco o caminho a percorrer.

Já não sei o que me move
Até a alegria anda suspensa
Já a tristeza me envolve
Paira a mágoa já se adensa.

Se é este o destino a cumprir
E se esta saudade é pecado?!
Então a tristeza não quero mais ouvir
Em doce paz, continuarei meu fado.

rosafogo
 
Agitação

Ablação

 
Ablação
 
coberturas de alameda
fogem agora em desespero
escorraçadas por vento altaneiro
descido adiabatica.mente dos picos
arrefecidos dos meus desejos.

fiz a poda
dos sonhos esgalhados
sem frutos

por deus!

essas árvores
enfileiradas
em ramas esmirradas!

sem corpo pra dar sombra
a andarilho sem rumo
que segue cabisbaixo
em fraco passo
sem prumo

Imagem: quadro de Van Gogh
 
Ablação

Minhas penas

 
Minhas penas
 
MINHAS PENAS

Tarde pesada e nevoenta
As árvores parecem flutuar no céu
Já o tempo que há-de vir?!
Curta estrada representa.
Já tudo é triste, tanto quanto eu.
Coaxam as rãs na ribeira
Entristecem as manhãs geadas
Fica a vida sem eira nem beira
Minhas esperanças viradas.

Pássaros se escondem no arvoredo
Mais um dia o mundo velho a ruir
Meu olhar triste se deixa quedo
Finjo não ver nem sentir.
Já é chegado o fim do dia
Não ouço mais das rãs o coaxar
Tomou conta de mim a nostalgia
Da vida, vem o tempo se apossar.

Das horas que lamentamos
Umas duram muito, ou então!?
Duram pouco mais que nada.
Dormem os pássaros nos ramos
Coaxam as rãs de aflição
Sigo ao peso da vida vergada.

rosafogo
natalia nuno-Lapas

Sou Mulher, Mãe e Avó, já plantei àrvores, semeei
flores, já tive sonhos, hoje orgulho-me de ter
nascido Mulher.
 
Minhas penas

CARVALHO

 
 
Sou um corpo pesado um verme
Roubado do ventre de minha mãe
Presa nos pátios vazios da saudade
Os meus braços, as minhas mãos
São madeira repleta de vermes
Madeira das lajes dos mortos
Entre as flores de um descanso
No silêncio de um carvalho
Onde ninguém me pode ouvir
Rasgo a minha carne queimo
Os olhos para me sentir livre
Mordo a minha própria carne
Num mudo grito com os lábios
Costurados de dor, boca que
Mastigada satiricamente a carne
Madeira talhada com a sentença
Rasgando o meu coração com raiva
Madeira de uma laje no silêncio
Feita em madeira de um belo carvalho
Sente-se o cheiro forte do enxofre
De morte misturado com as frescas flores
É um cheiro muito amargo de saudade
Feitas com rendas antigas e seda selvagem.

Mia Rimofo
 
CARVALHO

longo caminho

 
esta minha vida inteira
é agora um céu de sóis furtivos
sem constelações alegres
nem sonhos vivos.
trago os sentidos sobressaltados
numa inquietude que me arrasta
para uma obscura solidão,
turva a minha visão
e leva-me p'la mão.
faz-se sentir o peso dos dias
não é fácil deter o tempo fugitivo
nem o desassossego que ferve
em meu coração,
e assim vivo
com labareda que me cega
e o esquecimento já me pega.

já não sei, se é o tempo que me ensombra
ou a mente que não quer recordar,
ou os anos sombrios que descendem
sobre a minha orfandade
em momentos de saudade.

natalia nuno
 
longo caminho

Nas àguas me vou deixando

 
NAS ÁGUAS ME VOU DEIXANDO

As águas correm a um rítmo lento
Em meu rosto regatos, lugares, momentos.
Nelas vivi meus dias ontem e hoje
Lembro e estremeço, já a vida foge.
À volta deste rio tudo flui
Lembrando o que hoje sou e o que ontem fui.
E na paisagem secular?!
Profundo o tempo, tempo singular.

Desço a encosta e agora me sento
Neste fluir, já tanto me esqueço
Meus esquecimentos, águas frias, onde arrefeço.
Correm no meu rosto águas profundas, rugas...
Onde o tempo se inscreve e está presente
E nada consente, daqui já não há fugas!
É isto que o meu coração sente.

Quem se atreve a duvidar do que sinto?
Das coisas tristes, sentidas, afectuosas que digo?
Só mesmo o tempo, mesmo sabendo que não minto.

O silêncio é a medida do tempo vivido
Nesta paisagem à volta do meu rio,
Tudo é melancólico e o tempo recolhido.
E eu já renuncio!
Surgem gotas de esquecimento,
Esqueço até de lembrar,e é tal o emaranhamento,
Que fico sem palavras e o futuro sem sentido.
Perdido lá adiante onde a luz é incolor
Já não domino, vou e afogo-me na dor.

Como confiar na corrente?
Onde havia água transparente?!
Agora me tolho de medo fico sem liberdade.
Me nega até a dignidade.

De súbito, um desejo em mim de acalmia...
Quem sabe?! Amanhã seja outro dia.

rosafogo

Hoje tive uma surpresa que me pôs a chorar de alegria, uma amiga poetiza e boa declamadora, me enviou uns poemas meus, por ela declamados. Já os
coloquei aqui em vídeo no perfil os amigos podem ouvir, eu acho que estão uma maravilha.
 
Nas àguas me vou deixando

Memória dum tempo ído

 
Memória dum tempo ído
 
MEMORIA DUM TEMPO ÍDO

Já choram de novo os beirais
Me embalo com o seu choro
A solidão pesa demais
Por um dia de sol imploro.
Cai a chuva como pranto
Desesperada no chão
Também o meu desencanto
Açoita o meu coração.

Já choram de novo os beirais
Lágrimas do céu em desespero
Cantam os pássaros seus ais
E eu à Vida que tanto quero.
Não levo pressa de chegar
Quem sabe numa madrugada molhada
Ou quando o tempo amainar
E a Vida p'ra mim fôr nada.

Já não choram mais os beirais
Se calam em descanso merecido
Já são memória nada mais
Memória dum tempo ído.

Agora sou eu quem chora
Porque já se encurta a Vida
Meus sonhos foram embora
Ando de sonhos despida.

rosafogo
 
Memória dum tempo ído

poema efémero

 
este poema que é meu segredo
e das minhas mãos a pureza
agora o partilho a medo
numa asfixiante incerteza
este poema é meu espelho
minha sombra escurecida
um sonho velho
palavras trémulas... mas com vida!
este poema é meu desejo e
meu capricho, a minha sede
abrasadora
o privilégio de seguir vida fora
com o fulgor do sonho
faz parte de mim, voa no meu sangue
é o meu pulsar na palavra
o sopro da minha voz
meu rio a chegar à foz.

este poema é a harmonia
do meu instante
é o meu mundo partilhado
o agasalho que me cobre
- o meu fado!

este poema tem asas na minha mão
traz com ele a minha história
e sua efémera glória,
de tão vasta imperfeição
ouve-se nele o rumor da tempestade
e da palavra sente-se a inquietude
- que é minha bagagem da saudade.

nnuno
 
poema efémero

Restam as pedras que piso

 
RESTAM AS PEDRAS QUE PISO

Dou meia dúzia de voltas
Tal qual como um pião
Pouso sobre o papel a mão
E as palavras me saem soltas.
Sobre a pressão dos meus dedos
Escrevo ora a medo, ora sem medos
Olho no céu as estrelas, mais de mil olho!
Mas não tenho ilusões!?
São minhas lágrimas guarnições
Com elas meu rosto molho.

- Fico neste meditar
Espicaço meus sentimentos
Coisas de ternura me vêem ao lembrar
Momentos...
Uns que foram como cristais
E outros partidos p'los vendavais.
Um dia e outro em fileira
Trazendo um tempo de obscuridade
E meu coração queira ou não queira!?
Deixa-me no aperto da saudade.
Mas não trago mágoa não?!
Desse tempo donde venho
Lembranças fantasmas são,
Do que tive e já não tenho.

Restam as pedras que piso
Pois se em mim já tudo desaba?!
Fico a pensar que já nada exijo
Mas até o nada se acaba.
 
Restam as pedras que piso

SOU TUDO OU NADA

 
SOU TUDO OU NADA
 
SOU TUDO OU NADA

Feita a Vida de pedaços
Agora falo de esperança, de saudade.
Da fé, do desalento, da ingenuidade.
Falo até da falta dos abraços!
Mais velha que o tempo, me sinto.
Às vezes sou tudo,
Outras vezes sou nada.
Sou assim e não mudo.
É o que sinto e não minto.
Sou aquilo que a Vida quiz
Agora me deixa abandonada.

É ela que sempre me diz:
«Tu, tu é que estás desmemoriada»
Não lembras os primeiros amores?
Nem das lágrimas que te sequei?
De te pôr sorrisos como flores!
Ah! E tudo quanto te ensinei?!

Tolerância, aceitação,
Lealdade...
Hoje?! Tens um coração!
Onde até cabe a saudade.

Desapontada, de responder incapaz
Lê-me nos olhos, que agora só quero
Paz!
Poder dizer que recordar
É o melhor que se possui
E no tempo de Amar!?
Que louca fui!
Agora já só posso partir
Levar comigo
O sonho na curva da estrada
E morrer
Numa tarde de chuviscos salpicada.

rosafogo
 
SOU TUDO OU NADA

ESTE TEMPO ME TOMA

 
ESTE TEMPO ME TOMA
 
ESTE TEMPO ME TOMA

Transfigurou-me o tempo, me abandono.
Fiquei do outro lado das despedidas
Com tanto silêncio, já me chega o sono
Trago gestos e palavras repetidas.
Goteja o orvalho é já madrugada
E eu indiferente à minha vontade
Trago da vida, a esperança estilhaçada
Sou no tempo a comoção da saudade.

Trago a fronte a latejar
Palavras me saem imprecisas
Este tempo me toma, e eu a deixar
Minhas raivas, em lentidão, indecisas.
Se ando fora do tempo é ousadia
Suspiro p'lo sol que me foge!
Vivo de sonhos e utopia
E peço ao dia que não me deixe por hoje.

Largo meu coração aos ventos
Palavras se estatelam no chão
Borbulham na minha cabeça pensamentos
E insistem as batidas do coração.
E assim, estala de novo em mim a vida
Um tesouro em silêncio abandonado
Como se voltasse ao ponto de partida
Ao final deste caminho traçado.

rosafogo
 
ESTE TEMPO ME TOMA

É que o Sonho?!

 
É QUE O SONHO?!

Não quero perder-me na pressa
Quero acertar-me com a Vida
À nascente a àgua já não regressa
Entrega-se ao mar decidida.
Que vida é esta?
Que às vezes me deixa sem chão
Sobressaltada?!
Só meu corpo trémulo me resta.
Fruto amadurecido, caído,
No chão da estrada.

Já fui tempestade, furacão
Agora um suspiro de pouca duração!
Que me digam, ainda que seja atroz
Que a vida já não é vida!?
Digam rindo, mas deixem-me depois a sós,
Façam-no! Façam-no duma forma brutal
E repetida.
Não vos levo a mal!
É que o Sonho?! Ainda por aqui se esconde!?
Na alma vive já só a saudade,
O coração, se anda, nem sei por onde.
E a Vida?! Pode já não ser verdade.

rosafogo

Cito palavras da Poeta e amiga STEREA que li num comentário e que me levaram a postar.

-Tentando podar a minha árvore-alma com respeito e dedicação faço das palavras o sabor que me aprouver... e sirvo-as, para quem mas tomar com alma.

Sou mesmo uma mosca difícil de enxotar!

rosafogo
 
É que o Sonho?!

Porque me olham?!

 
Porque me olham?!
 
PORQUE ME OLHAM?!

Um pouco de tudo, um pouco de nada
Vou à frente, vou cansada.
Espero a vez...
Porque me olham? Ah sei... talvez!?
Porque nenhum de vós conhece a caminhada.
Cada dia é um milagre a acontecer
E o coração começa a apertar-se
Mas eu quero escrever, escrever...
Até sentir a morte a mim a chegar-se.

Vai longe o passo da partida
Aproxima-se o passo da chegada
Caminhei tão distraída!?
Que cheguei em menos de nada.

Trago comigo a dor da saudade
Mas enquanto escrevo sou imortal
Mesmo agora que já é tarde
Escrevo, escrevo e afasto o mal.
Escrevo, ignoro para quém
Escrevo palavras despretenciosas
Quem sabe não haja alguém!?
Que sinta nelas o odor das rosas.

Eu sei que vivo de ilusões
Mas trago ainda a coragem
Ao escrever, passam todas as aflições
E até esqueço que estou de passagem.
Esta escrita não me dá tréguas, tenho de escrever
Podeis até rir à vontade
Hei-de escrever até morrer
Depois? Depois podeis tudo rasgar!
Enquanto me der saudade
De tudo quanto amei e hei-de amar
Cantarei, até à loucura,
Tal é minha necessidade.
Desta doença sem cura.

rosafogo
 
Porque me olham?!

Caminho só

 
Caminho só
 
CAMINHO SÓ

Caminho e neste perigrinar
Olho horizontes sem volta
Cansada de para trás olhar
Trago do tempo lesões
E a minha alma já solta
Eu sem tempo para ilusões.

Gritos silenciosos em mim
Passo cansado,acercando-me do fim
Caminho só!
Poe veredas e caminhos
Vou pisando do chão o pó
Meus sonhos são agitados
E pesadelos vizinhos.
Meus sonhos estão acabados!?
Meus olhos verdes castanhos
Hoje me parecem estranhos.

Vou morrer no fim da estrada
Num entardecer qualquer
Ou talvez num amanhecer?!
Mas por hora quero viver!
Mesmo nesta hora agitada.

Meu destino deu-me esta sorte
Deixa-me ir sonhando assim
Até que surja por aí a morte
E esta se lembre de mim.
Está-se meu tempo esgotando
Devolve-me perguntas sem resposta
Ao destino todo o resto vou deixando
Ele que faça de mim aposta.

rosafogo
 
Caminho só