Rosa Bela
Rosa Bela
vagarosa,
tímida moça
nordestina.
Esquiva e esquálida,
no corpo de menina,
deixa longe as saias
na areia branca e fina.
Perto da alma,
vê espinhos.
lumina-se na oração.
Lê versos inspirados
no amor e no perdão.
Dobram lágrimas
espelhos quebrados.
Pulsos cansados
sangram no chão.
Rosa Bela solta as cores
no cinza das paisagens
desenhadas no sertão.
Eco
O esteio do vento são as serras.
Sobem-nas em condão.
As serras elevam-se com dons de sacrário.
Guardam o grito.
Da terra em brado.
Das brumas densas, cortejantes.
A pino, sobe-as o eco.
Imenso! imenso!
Que em mim não cabe.
Fico no pé das serras, inventando asas.
Arco-íris
Arco-íris
O vermelho com o amarelo
Formam a cor alaranjada
Junta-se o azul e o amarelo
E a cor verde está formada
Mistura o vermelho e o azul
E a cor violeta é alcançada
As cores que se misturam
São chamadas de primárias
E as cores que se produzem
São chamadas secundárias.
Juntando as cores primárias
A cor preta estará formada
Do branco nascem as cores
No arco-iris encontradas.
jmd/Maringá, 08.04.2016
A solidão dos trevos
Os trevos assomam
o par em solidão.
Singularmente separados e sós.
Velam-se entre si.
Perante a relação da legada trindade.
E, da invisível compaixão.
A singileza dos trevos aflora.
Vou sem sonho e com o orvalho.
Eles recortam em mim a solidão.
Valeu a pena!
Senti revolta, desespero. Fúria e dor. E tanto amor... Não me arrependo da atitude. Tive medo de te perder. Hoje olho para ti e de repente voltaste. Voltei a ver o meu doce menino. Rebelde mas bondoso como mel. Percebi que é muito fácil desviar caminho. Os amigos nem sempre são os certos. Não lhes chamo amigos, lamento. Para mim um amigo não nos arrasta na sua capa. Um amigo não nos influencia naquilo que quer para ele. Um amigo ajuda-nos a voar e a superar. Quando se é jovem não se entende assim. Os amigos são os maiores e queremos segui-los. Ignoram-se as regras, objectivos, vontade própria. Vencer na vida é ter atitude, saber dizer não. É preciso chamar á razão, mostrar a indignação. Bati, gritei, chorei, castiguei... Afastei-te porque entendi ser o melhor para ti. Para mim, para todos os que nada faziam. Agarrei-te com todas as minhas forças. Reuni as condições possíveis e tomei decisões difíceis. Agora vejo-te sorrir e meigo como já não via. Vejo-te mais feliz quando pensei ver-te triste. Falas das aulas, dos testes e olhas de novo para mim. Então valeu a pena mudar! Eu sabia que a tua rebeldia falava mais alto. Mas eu não te podia deixar trepar mais. O amor faz-nos dar a volta ao mundo se for preciso. Agora não era o fim do mundo mas amanhã não sei. Tinha de ser agora... Os teus verdadeiros amigos continuam contigo. Muitos outros farás e vais ver que eu tenho razão! Ser rebelde faz parte da adolescência, também fui. Mas ser irresponsável é um hábito... A responsabilidade adquiri-se e trabalha-se. A vida não é fácil, há tempo para tudo. E o tempo para estudar é agora, está nas tuas mãos!
Nas minhas está o amor e dedicação!
Carta de uma mãe amiga e dedico a todos os jovens que precisem de reflectir e que tenham amor e valor na vida!
Ibis
Assistes à minha
água de ser.
Desenhando os pontos peitorais.
Nas margens, és uma
das minhas almas.
Crias as manhãs, adormecidas em mim.
Permaneço em tudo,
quanto amo.
Quem ama, ama em oração.
És deusa dos horizontes, meus.
Invocas o universo,
as flores e os lagos.
Ibis, permaneces alheia
ao aprisionamento,
dos meus ardores sentimentais.
Para Bernardo Soares, ibis cantais.
Reino:Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Pelecaniformes
Família: Threskiornithidae
Subfamília: Threskiornithinae
PS - A ave que Fernando Pessoa admirava/observava, enquanto viveu em Durban, na África do Sul.
Costumava brincar com os sobrinhos, imitando a ave, elevando uma perna no ar, à semelhante do que a ave, Ibis, faz.
Poema Português - Raquel Cordeiro
Quando as portas do castelo se abriram
Todas as princesas caíram
E já com o rabo no chão
Se ouviu um gritão
Era a rainha
Tinha descosido a bainha
E o rei como ficou?
Rebolou, rebolou e rebolou
Raquel Cordeiro
UM LUGAR CHAMADO INFÂNCIA (A BONECA)
Olhos azuis,
de boneca,
fixos!
Parados no tempo
e no espaço.
Olhando... olhando...olhando.
(Talvez procurando
a menina
que com ela
brincava
no seu tempo de infância).
O sorriso da boneca
atravessou o tempo
junto comigo;
suplicando amor e carinho
para a menina que sempre fui.
Fito estes olhos
azuis,
e sinto saudades
do lugar chamado INFÂNCIA!
Onde tudo era permitido.
E os sonhos,
eram verdadeiros.
Observo os olhos azuis
e revejo os bons sentimentos
que povoam a infância
de qualquer menina
que é feliz...
(E, sendo mulher,
não pode
nunca mais olhar para trás).
Os olhos azuis da boneca,
Olham e esperam
e esperam
pela menina.
Parece-me ver uma
pequena lágrima
brilhando nos olhos
do brinquedo.
Olhos,
que fitam o tempo
passando,
inevitavelmente.
Olhos bonitos
daquela boneca
que ficou esquecida
num cantinho
da minha vida.
Saleti Hartmann
Professora/Pedagoga e Poeta
Cândido Godói-RS
Firim fim fim
Firim fim fim
Firim fim fim,
Deixa as flores no jardim
Deixa o padre na capela
Deixa a moça na janela
Que eu vou falar com ela
Firim fim fim
Deixa as flores no jardim
Deixa a criança brincar
Deixa a criança estudar
Para o mundo melhorar.
jmd/Maringá, 03.04.17
A Nova Vizinha
Ludmila, Ludmila era seu nome
A conheci em uma de minhas aventuras de adolescente
Me lembro até exatamente quando, e onde
Ela era a filha de um conhecido do meu pai, o senhor Vicente
Ele, junto a filha e sua esposa, acabavam de se mudar,
Disseram ao meu pai que Tiradentes era uma bela cidade para se morar,
No meio daquelas conversas longas de adultos,
Eu me mantive afastado, conversando com o meu outro vizinho, o Vitor Hugo
Compartilhávamos de casos engraçados, e sempre duvidando entre ambos
E a esposa do senhor Vicente, a dona Marta, só ficava nos observando
Eis que ela sussurrou algo, talvez hilário, para ela,
E foi nesse dia que tive o primeiro contato com Ludmila
Aparentemente, Hugo já a tinha visto logo que chegou em nossa vila
A dona Marta disse para ela conversar conosco,
E o assunto que tivemos naquele dia, eu me lembro até hoje.
Eu estava muito tranquilo
O Hugo estava contando um caso de seu primo,
E eu estava rindo de tudo o que era possível
Mas Ludmila me olhava como se eu fosse um lunático
Não estava rindo do caso do Hugo, e sim de mim
Mas estava tudo bem, confesso até que possuo até hoje uma fragilidade,
Mas deixarei isso de lado
E, ao fim do assunto, Hugo me disse ao pé do ouvido,
"-Vai fundo", e eu juro que não havia entendido
Ele havia me dito, depois de alguns dias,
Que Ludmila havia "demonstrado sinais de interesse".
Ao cair daquela tarde, fui tocar a campainha dos novos vizinhos
Muito educado, perguntei dona Marta se a filha dela poderia me encontrar
O pensamento da mãe dela era que eu não iria apenas conversar,
Mas era exatamente o que eu gostaria de fazer, só conhecê-la
Graças a Deus, ela me deixou ver a filha dela, e saímos para nos entender
Acabei descobrindo o quanto ela gostava de ler, e também de escrever
Que grande sorte minha, eu também
E acredito que a nossa conversa naquele dia foi muito bem.
Hoje somos amigos, e gosto muito disso
Falamos de tudo, até do impossível
Compartilhamos até mesmo os assuntos indevidos,
Mas talvez o que Hugo havia me dito comece a se mostrar possível
Não sei, espero aqui, feliz e tranquilo, talvez seja verdade
Mas não fará mal nenhum se um sentimento novo nascer em meio a nossa amizade.