Não interessa!
Merendo a bela ilusão chorona da minha janela,
Germina o relvado nas brechas da calçada
Com seu verde verdejante e o exalar da vela,
A chama que me chama na noite, chegada.
Estas reflexões verdes tens que saborear diferente,
Mas nunca diferente de mim, do que sinto e do que sou;
Eu sei sê-lo, mas agora vou ser a dor oculta, presente,
E eu sei, faze-lo tão bem, que me ri do verde que evaporou.
Agora, está escuro, consegues sentir o que estou a sentir?
Não interessa o que sinto, só o que tu sentes importa!
Andamos neste mundo só para sentir o nosso sentir
e nos iludirmos com os sentimentos dos outros.
As vezes mais vale abrir o guarda-chuva ao que sinto,
Porque pode magoar-se com os pingos do meu instinto.
E se o pó da ampulheta chegar ao fim estou bem ciente,
Que sempre a posso virar e tentar tudo repetidamente.
E se coração parar na hora h, eu tentei repetidamente,
Dizer o que nunca consegui dizer, chorei perdidamente,
Sofri porque talvez fosse a minha gota que me abraçasse,
Que me entendesse nos choros da ventania de um adeus.
Quandoachuvacai-A.C.O.R
ADEUS
A Volena partiu aos 93 anos.
Deixou-nos uns últimos versos para partilhar com a família
e com todos os amigos e leitores do “Luso-Poemas”.
Um obrigado a todos
A família
Senhor Jesus!
Mãe Maria
Pai eterno, meu Senhor
desasai de Vossas mãos
meu corpo sem valor,
A minha alma sofre
por Vos ter ofendido
perdoai, em minha morte.
Nunca Vos quis magoar
sabeis, melhor, tudo o mais
e só Deus para julgar!
Desculpai, tanto Vos pedia.
O sofrimento era muito também,
só rezando um pouco se esvaía
olhando a ternura da Vossa Mãe.
Lego ao Vosso olhar protector
amados, filhos, netos, e bisnetos
a quem deixo Todo o meu Amor.
À família e amigos, grata amizade
a quem desejo um dia abraçar
quando juntos na Eternidade!
Vou feliz, dêem-me um sorriso!
Adeus, beijinhos para todos
E muito juízo …
Lena
Saber de ti
Há cousas que não vejo e não são poucas
As outras sendo vistas só por outros
As poucas que me acendem vão-se aos poucos
Se apagam para dar a vez a outras
A pouco e pouco vou desaprendendo
Para aprender além, algo de novo
Mas sempre esqueço alguém quando me movo
E doi saber de quem me vai esquecendo
O que eu queria desta vida era saber
Escolher o que lembrar e o que esquecer
E não ter nem que perder nem que ganhar
Queria voltar atrás no tabuleiro
Deixar o jogo a meio o tempo inteiro
E saber da tua peça o teu lugar
Vá embora, por favor!
Vá embora, por favor!
Vá dor, me deixe em paz
vá embora agora por favor
estou precisando de um pouco de autonomia
e me faz tanta falta a minha própria alegria
Dor malvada porque és má?
eu aqui pequena doendo uma dor de pura saudade
e tu porque vieste? acaso não sabes que te não quero?
estico só mais um pouquinho a dor inteira do corpinho
numa linha eu tento colocá-la em ordem, a dor danada
vem uma caîbra entre as costelas em meu peito
e insuspeito o coração se faz sentir insano e insatisfeito
mas por favor, vai embora e me deixa apenas uma dor
respiro de mansinho e como doi todo o meu corpito
estico o braço todo devagarinho e doi mais um pouquito
Mas porque tem de doer,
acaso eu não tive já dor que chegue?
caîbra danada estou tão farta de ti
quero respirar e nem sequer mo permites
se penso, logo me fazes doer um pouco acima
e queres-me toda só para ti, eu já percebi
mas se eu te reneguei porque continuas aqui?
vai embora e deixa-me fazer o que me propuz
tenho uma luz aqui e preciso de a levar para ali
luz imensa de alegria, de amor e de coisas bonitas
já ali a dois passos longe de mim vão meus abraços
que jeito tem de doer na mente e no meu corpo
e se o querer te manda um soco, e um soco é pouco
acho que te vou correr a pontapé, de pé ante pé
sem barulho e num suspiro respiro e maldigo teu nome ó Dor
deixa-me ali chegar, são apenas dois passos, nada há que te importar
se eu der esses passos a cumprir o meu designio
logo voltarei para o teu dominio que também não me esquivo
mas se for essa a condição, eu vou e volto, pois então
minha tão grande dor, tu já me aterrorizas com a maldade que despertas em mim
vai-te embora por favor, nem que seja por um dia.
dá-me paz, por favor.
Eureka, 27 de Agosto de 2016
Nada resta
Nada mudou nesta minha procura
Buscando por tudo fugir da solidão
Naveguei no mar de minha loucura
Tentando aquietar meu pobre coração.
Perco-me entre o tempo e o vento
Afogo-me neste mar silencioso sem fim
Triste pranto que molha meus sentimentos
A ausência de ti me faz ausente de mim.
Destas buscas sinto-me perdida
Em um labirinto de ondas de decepção
Nada resta além de minha partida
Ir pra longe desta angustiante escuridão.
No More Rhyme - Debbie Gibson
Hoje Estou...
Hoje Estou...
by Betha Mendonça
Triste como quem dorme profundo,
Voa através de lindo sonho colorido,
E desperta para desastroso pesadelo.
Lúcida como se a beira da morte,
Passasse diante dos meus olhos,
A minha vida inteira em filme.
Perdida como uma louca desvairada,
Trancafiada na cela de um sanatório,
Em quem os remédios surtam em efeitos.
Feia como a Rainha Madrasta Má,
Que é belíssima pelo lado de fora,
E tem coração negro noite sem estrela.
Fria como se deitada entra as flores,
Dentro de uma grande caixa de cristal,
Sem príncipe para beijar-me a boca.
Partida como uma tangerina ruim,
Que de tão azeda, junto com os caroços,
Cospe-se inteira ao lixo mais próximo.
Hoje eu estou triste como não devia,
Porque a pura e plena alegria,
Não é a veste para todos os dias!
Imagem do Google
Que me importa?!
QUE ME IMPORTA?!
Que me importa que seja tarde?
Que esteja à mercê da vida
A mercê da saudade?!
Que me importa que me achem louca varrida?
Ando à mercê!
Deste tempo que me deprime, me faz sofrer
Aqui, onde anoitece e só eu vejo, ninguém mais vê
Aqui onde a esperança já não quer acender.
As horas vão passando!
E eu no assento me remexendo
Nesta viagem louca, mansamente caminhando
Ou dando caminho à Vida e nela me perdendo.
A quem importa se trago o coração cheio ou vazio?!
A quem importa que a noite que adensa me traga frio?
Que me importa se as lágrimas que chorei secaram
Ou se me esquecem até os que me amaram?!
A Vida quebrei! Estilhacei!
Quero lá saber se os cacos juntarei...
Ou voltarei a juntar!
Se ninguém vai saber, nem perguntar.
Cerro os dentes, calo a voz
Só eu e a melancolia no portal da minha porta,
esta me faz companhia, se senta comigo,
Estamos sós!
A Vida nos pôs de castigo.
Não me importa, já nada me importa.
Na garganta me ardem os gritos
Sufocados, p'la solidão desesperados
Já lhes ouço o eco, dentro de mim aflitos
Que me importa? Pois que fiquem também eles a um soluço confinados.
rosafogo
O deslizar brusco do silêncio
No segredar das palavras incompletas
desliza bruscamente o silêncio...abrupto
brota-se um esgar carente…descontente
na pura revolta da mente...cálida
e das mãos, pousa-se lentamente
a luz perdida por aí…ainda quente
No descortinar dos códigos alados
no momentâneo momento circunscrito
agita-se o corpo privado de ti
E no entrelaçado do tempo
repouso a sede no meu corpo arfo
aguardo impaciente os versos suspensos
num novo poema...declamado
trajado de meiga cor...a tua
Entranhando-me no labirinto da razão
permaneço no tempo fugidio de mim
Escrito a 27/11/10
Olhos navegantes
É possível ouvir teu grito de dor
Em teus olhos navegantes vejo o amor
Tua marca no espelho
Perguntando quem eu realmente sou
Envelhecemos os sentidos
E esquecemos da luta que existe
Dentro de nós
Uma trégua
Fazemos isso por não entender
Quem foi ou quem se deixou partir
Uma conversa triste...
Aqui diante da penumbra da noite
Contemplando o brilho do luar
Recordo que à tempo não sentia
A alegria das estrelas admirar.
Percebo quem fui e quem me tornei
Vou resgatando sentidos perdidos
E vem surgindo nas emoções...
Lembranças de quem tanto amei.
Sentimentos e desejos reprimidos
Que lembro e me fazem chorar
Mergulhada na dor da realidade
Nada resta alem de me machucar.
Questiono-me por quê?
Por que roubaram minha alegria,
Aonde errei? Se somente amei?
Expresso o que a alma grita
O que a consciência reconhece
Em poucas palavras escritas
Muitas dores aparecem.
Na infinda madrugada
Tantos sonhos de amor em vão
Alma triste ferida e magoada,
E as últimas lágrimas de decepção.
Antonio Marcos Eu precisava tanto...