Educar é semear
Educar é semear
Educar é como semear um campo prometedor
de terra boa alimentada de produtos naturais
bem tratada e limpa das tais raízes sugadoras,
regado com zelo, carinho, que nunca é demais.
É um processo longo, para se levar com perícia,
serenidade, atitudes meigas, nada de aspereza.
Que os olhos saibam traduzir bem o pensamento
e a sabedoria será bem induzida, com certeza.
As palavras sejam bem claras e compreendidas
para que não sejam deturpadas ou imprecisas
é bom perguntar se entenderam ou se há dúvidas.
Semear para colher, provérbio cheio de ciência.
Iluminar a mente, que se abre ao conhecimento.
Alegria, poder colher os frutos doces da paciência.
NOVO ENDEREÇO
NOVO ENDEREÇO
Habito um mundo novo
Morada perdida em cantos remotos
cujas paredes são horizontes
Abrindo amplos salões
Pouso meu corpo dolente...
De incenso prazeroso, sossegado
Trazendo calmarias.
Invade perfumes de mar bravio
Adentrando seus interiores
Soprando seu úmido salitre
Nascido de ondas banais
Varrendo anseios, estúpidos sonhos
Habito um mundo que arrendei sem prazo
Com preguiça do futuro
Gastando o presente
Sentando no passado
Nada compro nada vendo
Apenas olho
Os sentidos mudaram, fica apenas o silêncio
Sem vontades ou saudades
Tempo
Tudo já aconteceu,
Pois acontece e acontecerá
No mesmo tempo
Todo o fluxo já passou
E ainda passa e passará
Neste exato momento.
Toda a hora sempre chega
Porque já passou.
Por isso, somos agoirentos.
O tempo é um rio parado
Embora haja tanta gente
Afogada e sem alento.
E, mesmo estático,
Vivemos ardentes
Em meio a tantos tormentos,
Porque, mesmo parado,
Vivemos na aparência
De discursos e argumentos,
Na ilusão de calendários,
Dias, anos e minutos
Em meio a sonhos e dezembros,
Porque, mesmo cumpridos
Seu destino e fado,
De nada sabemos.
E o que há somente
É a luz que dilata
Distâncias e comprimentos,
Tudo o que vemos
É o para além dos nossos olhos
Do chão ao firmamento.
Assim não o sentimos
Como insensível cristal,
Mas como nosso tegumento,
Por isso não o sentimos
Como massa inerte de gelo,
Mas torrente ardente de tempo,
Ou, mesmo parado,
Como solo livre do sólido,
Pântano lutulento
Onde afundamos,
Onde morremos e nascemos
Na ilusão dos fragmentos,
Porque o tempo é um todo,
Rio sem fluxo ou corrente,
Congelado movimento,
Aquilo que muitos confundem
Com a existência
De algum ser eterno e supremo.
RAÍZES
Em todas as estradas eu busquei e, encontrei
alucinantes aventuras pelas madrugadas
ansiava pela festa dos sentidos
cantava!...
em confiança ao lado de falsos amigos
agitava-me insano numa estranha dança
pra caminhar, depois, trôpego e cansado
sem perceber, que ao léu, o sonho almejado
onde ainda me ponho
não seria realizado!
ante a ilusão que me assaltava
esquecia-me pouco a pouco
do caminho do retorno
mais e mais, eu me afastava
do colo morno dos amados
que eu deixava...
revi em sonhos
cenários que eu não quis
cenas consternadas, faces contraídas
espanto!
ali, de alma perjura, cortei meu elo da raiz...
parti atado ao cárcere de encanto
qual o Filho Pródigo do ensinamento
pra recobrar a razão por um momento:
- De onde és infame? Qual teu nome?
Aturdido com a resposta
lembrança que não condiz
ao tardio arrependimento
Réu e juiz!
peito rouco... Olhar vago
corro feito um louco.
Onde a calma?
e sinto nas entranhas, a vibrar profundo
minhas raízes fincadas
bem fundo na alma!
Maria Lucia (Centelha Luminosa)
Poema inspirado na Párabola do Filho Pródigo (Jesus)de minha autoria, e que foi festejada peça de teatro, em 2013, com jovens atores amadores de comunidades de baixa renda.
Crepúsculo
Crepúsculo
Estou na minha janela perfumada
pelo aroma intenso da trepadeira
que enfeita esta casinha graciosa.
Olho no alto, lá estava a lua feiticeira.
Estava cheia, mas cheia, enorme
banhada de prata toda iluminada
uma ténue auréola circundava-a
como se fosse uma noiva velada.
E no mar, naquela imensa superfície
nem o traço do horizonte se avistava,
e as ondas, no seu vai e vem constante
prateadas pelo luar, que lindo estava!
A noite caía tão depressa, recolhi-me,
o crepúsculo impondo-se já é reinante.
Recostei-me na cadeira, a brisa é ténue,
olho o céu estrelado e é deslumbrante!
Quando a vela se apagar
Quando a vela se apagar
Para a terra vamos, fica uma vela acesa
no céu, desde o dia que viermos ao mundo.
Os anjos a acendem em nome do Senhor
com um sopro de benignidade, profundo!
Saem do coração belos cantos evangélicos
das bocas doces coros em hinos, sejas feliz!
Então seremos abençoados e nomeados
com aquela santa mão, que aqui nos quis.
Agora a terra é a sua morada, a vela fica a vigiar.
Trazemos os dons que nos foram dados por Deus!
As contas a fazer, os dias certos, tempo aprazado.
Com brados de alegria e dor nascemos a chorar
há braços trementes, comovidos, lágrimas preciosas,
nasceu uma alma, estrela de amor, até a vela acabar!
As mãos
As mãos
Podem ter a pele
curtida e rugosa
podem ter linhas
gastas velhas
a cor já terrosa.
É da idade
com certeza
mas preciosas
trabalhadoras
e já tiveram beleza!
Muitas doridas
ásperas, calosas
ceifando, cavando
labores rudes
tão valorosas.
Outras secas
da vida caseira
diária de labuta
cuidando do lar
não é brincadeira!
O marido, os filhos
com todo o rigor.
A, higiene, o jardim,
alimentação, tudo
tratado com amor.
Outros modos
onde a acção, dura
pesados trabalhos
projectados para
a época futura.
Um corpo grande
ou as mãos pequeninas,
tudo articulado
da cabeça aos pés
elas como são ladinas!
Os acenos e beijos
atirados pelo ar
parecem pombas
que a nós chegam,
estão elas a lançar.
Lindas quaisquer uma
se unidas a rezar,
só Deus as conhece bem
e são as Dele também
que podem abençoar.
Vólena
osrev od osrever O
ieres oãn áj iuf ednO
siam oãn iuqa e uov edno ouS
seõzar ed sasar sezìar ed osaR
seõtrop ed sadartsorp sadatrop ertne E
"siav" sedrev ed sadarav saderev ojeV
?siatlov oãn euq zov sedi ednO
?siatucse oãn euq sóv sedniv ednoD
ieracif oãn uos ednO
sárartnocne em ,uotse oãn es uoS
sárt arap uod euq sossap sod odniR
etnerf ahnim à adiv a odnarohc E
sáres otnauq o sárev e meV
etneserp odniv etsof euq sadartse mE
sád otnauqne ogimoc et-iR
zaf et euq ossap O
O NEGRO SABE DA CONSCIÊNCIA DE SER
Somente o negro sabe do fio de açoite
que rasga a pele à flor da alma
do mal-disfarçado desdém
que o soslaio contém...
pra saber é preciso sentir
e pra ver direito é preciso saber...
quem mais poderá enxergar melhor
“saber de cor” e da cor
senão aquele que compõe
seu próprio caminhar?
e no cotidiano registrar
à ferro e fogo os seus sinais?
Maria Lucia (Centelha Luminosa)
* A expressão “saber de cor” vem do francês “savoir par coeur”, que significa ‘saber por intermédio do coração’ .
Em 20 de Novembro se comemora no Brasil o Dia da Consciência Negra.
Mais um poema de amor
o amor não doa palavras;
cede momentos
pr'alma fotografar.
em porta-retratos das
lembranças, bem amadas
recordações para a
mente roçagar.
é o desamor quem percorre
ruas sem encontrar pousada.
vive de mãos estendidas
mendigando a certeza
da existência do amor idêntico
ao que sonhou e,
passa frio,
passa fome
enquanto vai passando
o amor
atrás de
um passante