a esgalhar
para que percebas
meus "percebas"
são peidos saídos...
pela ponta dos dedos
da minha mão esquerda
quando escrevo...
exalações de essências viscerais
transfiguram todas as matérias
celulares do meu ser...
inculta, sem erudição
iletrada, despreparada...
não sabe de punhetas, bucetas
incubar " egg(o)s cavos
mastubar sem recheio medular...
germinado no ventre de um keruv
(minha sábia mãe)
"fiat lux" a martelo e cinzel...
em vez de bisturi.
atenciosamente
HC
" quod tibi vis alteri ne facias "
Sou fã dos meus escombros
Sacudi o vento dos meus ombros
Não quero nada que me pese
Nem segredos sussurrados
No lóbulo descrente da orelha
É desta canseira que vos falo
No dia em que me abstenho
De viver em função de desafios
Faz tempo que os preteri
Passei a ser fã dos meus escombros
Por onde disserto a minha tese
De solidão e abandono
À margem do que resta de mim
Num mundo sem risos, nem vitórias
Nem gritos soltos no palato
Se já fui livre... hoje, calei-me!
Contra mim, afirmo...
Já nem o vento me arranca um desabafo.
Maria Fernanda Reis Esteves
52 anos
natural: Setúbal
Sei do inverno que fica nas palavras
é de inverno
o tempo...
sei
do peso do frio
sobre a pele
e
do rio
em murmúrio
preguiçoso
passando...
quase mudo
encrespante
taciturno...
vadio
sei dos dias
de vestes
névoas
e das noites
paramentadas
de
encharcadas
túnicas ...
sei da polida
cor do aço
escapando dos olhos
na mira do lustre
do silencio
refletindo-se
nas gotas modorrentas
em desconstrução dos
pensamentos
caem
ideias
em poças varridas
pelo vento
...
a dissolver
o ártico
homicida
fantástico
do tempo
ah!
esses sonhos
vaporosos
de enganos
que os anjos
nos fazem
beber quando a solidão
vem nos colher...
também deles
sei...
para eles
o que importa é que outras
cores
e sentidos
se acheguem
para iludir
um pouco
mais
os sonhadores...
Novos Rumos
Se eu pudesse
Admoestar os oceanos
E voltar com o corpo marcado
E o sol tatuado nos olhos…
Se eu pudesse avivar o olhar
Acentuando o círculo
Decalcando novos rumos
Firmando os meus passos
Ao encontro da tua voz...
Mas de que vale sentir a presença
De uma linguagem fora de tempo
Se a marca deixada nas minhas mãos
É alegoria descontente
Nos cubículos onde os olhos se escondem
Se eu pudesse
Atingir o cabo do infinito
Sempre em tempo marcado
Pelos meus dedos
Desmistificava um mito
Rebuscava um rito
Para que uma nova história
Recontasse sem voz
As memórias emolduradas
Num momento criativo
Onde o futuro é um marco
A separar o tempo
Amanho-me em terras distantes
Que teus pés pisaram
E semeio um novo ponto equidistante
Para que no ir
Encontre um novo equilíbrio
E no vir
Te sinta uma nova linha
A traçar novos encontros comigo
Já chega!
Já chega!
Vou empurrar a depressão
Para o fundo de um alçapão
Parece até que tenho olhado
Juro que não estou em pecado
Só não me quero confessar
Por não ter nada para contar
Não quero!
Ter este olhar alienado
Como quem vive no passado
O caos em mim já se instalou
Não sei o que em mim mudou
Estou presa, sinto-me atada
Como se a vida fosse nada
Diacho!
Sempre fui determinada
Já perdi o fio à meada
O cansaço está-me a vencer
Esta astenia faz sofrer
E eu não encomendei a morte
Sei que mereço melhor sorte
Maria Fernanda Reis Esteves
49 anos
Natural: Setúbal
Ode ao ano velho
Estás de partida, meu amigo!
Ainda ontem eras uma criança
E hoje definhas já sem brilho no olhar.
Na verdade, parece que todos
Te querem ver pelas costas,
Como se fosses um mero traste.
Ano velho, meu amigo!...
És a metáfora do próprio homem,
Mas parece que ninguém o percebe…
Nasceste e fizeram-te uma festa,
Com alegria, foguetes e champanhe -
Qual Primavera de encantamentos.
Depois, as Estações misturaram-se
Numa dualidade de sentimentos intermitentes…
O Outono veio claramente virar a página.
Frutos colhidos, folhas com tons esbatidos,
Assim vieram as rugas e os cabelos brancos,
Anunciar o Inverno que ninguém deseja.
Ah, ano velho, meu amigo!...
Estás cansado e cumpriste o teu papel,
Mas apesar disso, sentes-te um peso…
Nos olhos daqueles por quem lutaste,
A certeza de em breve te oferecerem flores,
Como quem abre uma garrafa de champanhe!
31.12.2009, NelSom Brio
Eu sei...
Eu sei que tu sabes!
Que a porta está trancada
de nada serve empurrar a janela.
Eu sei que tu sabes!
Que o rio é uma corrente
tudo leva para o mar
num só sentido, sem reverso.
Eu sei que tu sabes!
Que não importa mendigar amor
ele nasce em terra fértil
onde lhe apraz, sem imposição.
Eu sei que tu sabes!
Que a rosa dos ventos aponta
mostrando o norte,
na bússola da sinceridade
em caminho próspero.
Eu sei que tu sabes!
Que a vida não é aventura
momentos de fraqueza
não contam história.
Eu sei que tu sabes!
Que eu sei...
http://www.imeem.com/">
BEETHOVEN" rel="nofollow">http://www.imeem.com/tenfe-org/music/ ... ony_5/">BEETHOVEN SYMPHONY #5 - Beethoven
Vida é a origem
Vida é a origem
A vida é a origem
e é o tempo que passa
desde a nossa meninice
até virarmos carcaça.
Também há a “vida boa”
para quem é um mandraço
vive á custa dos outros
e dela faz estardalhaço.
Outra a “vida airada”
para quem é desmiolado
como a cigarra só canta
esquece o inverno passado.
Se a vida é um inferno
para quem a desperdiça
melhor seria mudá-la
deixar para longe a preguiça.
Muita vida de pobreza
de fome e solidão
triste e desconfortável
é a tal vida de cão.
E aquela vida marada
para quem tem a mania
pois só fala de doenças
e sofre de hipocondria!
Há a vida de ricaço
que lhe faça bom proveito
mas se desse a quem precisa
a esses dava-lhes jeito
E tanta vida de mentira
hipocrisia e maldade,
que pena, mas que fazer
é a infeliz realidade.
Nunca a vida é igual
para qualquer um de nós
aprendamos a destrinçar
todos os contras e prós.
A vida que recebemos
sabemos que nos deu Deus
façamos por sermos dignos
de a levarmos aos Céus.
Utopia
“Compreender o ritmo e o tempo dos dias. Este é o segredo.”
―Bibiana Benites
Os dias se arrastam
sem significados vitais
na contramão de um vento robusto
que serpeia sem direção
levando ideais adustos
- proscritos turvam-se...
A secura se alastra
até a linha do horizonte
sem inquietação e se acomoda
sabe que a semente multiforme
sonha outras formas
na leira onde tudo se transforma...
Água em ebulição que se evapora
sem rumor nos olhos da utopia
e como se demora
pra baixar do céu
em gotas
onde a esperança mora!!
Maria Lucia (Centelha Luminosa)
Dor de mim
Esse som que se arrasta incólume
Essas gotas de orvalho miudinho
Esse deslocamento da retina
Em frente ao sol maior
Esse lado obscuro do silêncio
Esse marasmo
De se entregar ao medo
E enfrentar a nova corrente
Sobre um corpo molhado
Esse toar revelador
De silêncios antigos
Um afago pela manhã
Sempre que a noite
Se vai de mansinho
E a dor de mim
Por não me sentir
A cair num abismo
Longe, tão longe
Quanto o meu sonho
A quebrar todos os cansaços