Espelho, Espelho Meu, Quem Sou Eu ?
"Em que espelho ficou perdida a minha face?"
-Cecília Meireles (Antologia Poética)
Olho-me uma vez mais no espelho
já sem susto ou estranheza
na face não busco a beleza
aos meus disfarces me assemelho.
quem é essa no brilho do olhar de fera
que dos meus olhos se apodera
falando-me das mentiras que urdiu pra sobreviver?
transponho o espelho não como a Alice em aventura diferente da minha
que por insolência e esperteza fantasia ser rainha...
busco a ternura da menina
máscara que muito me fascina
entre todas, em tantas eras...
quantas fugas eu inventei
pra desafiar o destino que em surdina
tecia remendos pras balbúrdias
que eu criava em mim
faces disfarçadas, muitas vezes descartadas
vernizes enganosos da aparência, falsas imagens
engendradas personagens...
Quanto busquei por mim!
Um salto no escuro e a queda em confusos atalhos
penso em visualizar-me inteira
e, encontro-me colcha de retalhos.
Eu bem que poderia dar a esse olhar no espelho
um final feliz de reencontro sem reticências
uma brecha em meio ao caos
emergir fantástico no obscuro
com a dor da saudade de mim
que é a quem procuro...
talvez, me decida a desprezar as máscaras
abrir a verdadeira face ao mundo e o que há de melhor nela.
só assim valerá todas as penas vividas.
E nesse paradoxo de mentiras e verdades
do meu olhar de solidão
afasto a pedra de tropeço e sob a luz
que se acende em mim, indago mais uma vez:
-Espelho!...Espelho meu!...Quem sou eu?
Maria Lucia (Centelha Luminosa)
introspecção
dos olhos me despeço
só por alguns instantes
- partículas do tempo
em que se alinha o fio
da consciência
dou as costas
para os olhos estranhos
(são meus!)
pérfuros-cortantes
que as vezes
fazem-se lâminas de sol
para recortar iluminado
o que me agrada na intenção
de se postarem junto aos troféus
que me alçam
mas tantas vezes
fazem-se lâminas geladas
ardilosas e amoladas
(estes olhos)
despedaçando o que odeio,
o que dá náusea
e desespero
só por agora,
desmato cega
o útero da selva,
para limpar um naco e acampar
em nada que possa me acolher.
O tamanho do nada +
A maior recompensa em poder amar é não esperar nenhuma.
SIlencio em mim... de mim... para mim... cá dentro.
Imagem: Google
https://www.flickr.com/photos/98411402@N03/favorites/page3
...
O grito do SIlêncio no silencio
É como os sons dos diamantes
Cortam no vácuo a anos luz
do tempo e espaço
assim... é a Verdade que se faz Justiça
e... Liberdade.
Paro
...
Penso
...
Na introspecção paro o meu pensamento
E ouço o grito do silêncio interior
O grito no SIlenciar da mente sã,
Entoando o som vocálico da vida
No inefável incensário
Caderno meu de fogo vivo
Que flameja no espelho
Refletindo o melhor do meu ser.
...
Num papel dourado
Da paisagem escalvada
Donde o negro dos olhos veem a cor
Da agitação das partículas de ar
Nos cumes do monte-Roraima
Monumento que em meu devaneiar
Faz movimento em meu olhar.
...
O que produz o mais puro prazer
O descanso para a minha loucura
Nas cidades perdidas no tempo
Que rasgando o SIlencio
A Verdade e a Justiça prevalecerá.
...
No que esta escrito no coração
Por não haver papel para escrever
Fica somente o que é essencial
Pois, a humildade é coisa de louco
Quando achamos que temos...
Já a perdemos...
Numa estranha vontade de tê-la.
...
Na tela d'alma pintada
Com a tinta eterna
Onde nada e nem ninguém
Pode apagar as lembranças
Do amor vivificado no espírito
Gravada na memória das vidas
Após vidas.
...
No SIlenciar em mim
...
De mim
...
Para mim
...
No voltar a reencarnar
No fogo vivo da vida
Do que eu acredito.
...
Ray Nascimento
Ode ao ano velho
Estás de partida, meu amigo!
Ainda ontem eras uma criança
E hoje definhas já sem brilho no olhar.
Na verdade, parece que todos
Te querem ver pelas costas,
Como se fosses um mero traste.
Ano velho, meu amigo!...
És a metáfora do próprio homem,
Mas parece que ninguém o percebe…
Nasceste e fizeram-te uma festa,
Com alegria, foguetes e champanhe -
Qual Primavera de encantamentos.
Depois, as Estações misturaram-se
Numa dualidade de sentimentos intermitentes…
O Outono veio claramente virar a página.
Frutos colhidos, folhas com tons esbatidos,
Assim vieram as rugas e os cabelos brancos,
Anunciar o Inverno que ninguém deseja.
Ah, ano velho, meu amigo!...
Estás cansado e cumpriste o teu papel,
Mas apesar disso, sentes-te um peso…
Nos olhos daqueles por quem lutaste,
A certeza de em breve te oferecerem flores,
Como quem abre uma garrafa de champanhe!
31.12.2009, NelSom Brio
Eu sei...
Eu sei que tu sabes!
Que a porta está trancada
de nada serve empurrar a janela.
Eu sei que tu sabes!
Que o rio é uma corrente
tudo leva para o mar
num só sentido, sem reverso.
Eu sei que tu sabes!
Que não importa mendigar amor
ele nasce em terra fértil
onde lhe apraz, sem imposição.
Eu sei que tu sabes!
Que a rosa dos ventos aponta
mostrando o norte,
na bússola da sinceridade
em caminho próspero.
Eu sei que tu sabes!
Que a vida não é aventura
momentos de fraqueza
não contam história.
Eu sei que tu sabes!
Que eu sei...
http://www.imeem.com/">
BEETHOVEN" rel="nofollow">http://www.imeem.com/tenfe-org/music/ ... ony_5/">BEETHOVEN SYMPHONY #5 - Beethoven
Já chega!
Já chega!
Vou empurrar a depressão
Para o fundo de um alçapão
Parece até que tenho olhado
Juro que não estou em pecado
Só não me quero confessar
Por não ter nada para contar
Não quero!
Ter este olhar alienado
Como quem vive no passado
O caos em mim já se instalou
Não sei o que em mim mudou
Estou presa, sinto-me atada
Como se a vida fosse nada
Diacho!
Sempre fui determinada
Já perdi o fio à meada
O cansaço está-me a vencer
Esta astenia faz sofrer
E eu não encomendei a morte
Sei que mereço melhor sorte
Maria Fernanda Reis Esteves
49 anos
Natural: Setúbal
Tu és luz
Se o futuro a Deus pertence
e tudo está predestinado
é questão para dizer
de que serve o livre arbítrio?
se vendes a alma ao diabo!
A culpa é sempre do Karma
não aprendeste a lição
cometes os mesmos erros
faz de ti o seu escravo
por conta da ambição
Se escolheres ser feliz
afastas tudo o que é dor
Tu és luz, não és matéria
teu alimento é o amor!
Maria Fernanda Reis Esteves
48 anos
Natural: Setúbal
O QUE IMPORTA
O que importa:
São as palavras
que nos saiem da garganta
gritos de alegria
de dor ou de
esperança.
Não importam
as palavras perdidas nos beirais
que nos ferem o coração
como corte de punhais.
O que importa:
São as emoções
que nos assaltam de repente
são as amizades
que se cultivam num mundo
tão diferente.
É a liberdade
que se estabelece entre nós
são as memorias que nos transportam
as memórias de nossos avós.
Não importam
as palavras que embelezam nosso ego
feitas de brilhos que facilmente me apego.
O que importa:
São os laços que se fazem nos silencios
nas palavras não ditas,nas emoções
Quando os nosso dias se tornam mais cinzentos
e a tristeza invade os nossos corações.
É o paraquedas
que nos impede de cair
nos abismos da nossa existencia
são os laços que nos seguram
nas lembranças das nossas remenisciencias.
Não importa:
voltar atraz num tempo outrora vivido,
povoado de simbolos agora sem sentido.
O que importa:
É dar-se nem nada pedir em troca
é doar-se em comunhão
é não ter medo das palavras
que saiem da nossa boca
é abrir as mãos em forma de doação.
Ah o que importa!!!
é levar a paz nas
asas de uma pomba branca
é levar o brilho estampado
nos olhos de uma criança.
Ah o que importa!!!
É mesmo seguir em frente
mesmo quando tudo nos empurra
contra a corrente.
São
14-03-2009
Além dos limites do eu
Há flores num espaço aberto
Molho com a minha saliva, as pétalas roxas
Cubro com os meus lábios, os caules já avermelhados
Há um lugar ermo, amparo de um sonho distante
Ergo os braços ao encontro de um punho fechado
Há um pensamento abstracto a roçar no sobrado onde me deito
Bajulação de um momento
E eu...figura desenhada nas tábuas polidas pelo tempo
Há nas memórias a antemanhã que me diz - Sim !
Um amontoado de células vivas, amarrotadas no sótão dos afectos
Que me diz - Não !
A dor contrai-se perante o som agudo, onde o existir é um puro manifesto
Mas há um corpo deitado na acalmia da terra, coalhando o sereno da noite
Sobre o dorso um caminho estreito
Na longitude dos braços, um carreiro oblíquo
Nas pernas, a fortaleza a caminhar para o vazio ainda virgem
No peito, um batimento incerto como um relógio a emendar o tempo
No rosto, as rugas escancarando a única certeza das estátuas caídas
Nos olhos, dois sinais que indicam um olhar a perder-se no escuro
Ali se propaga e se desmembra por todos os quadrantes do seu universo
Ali se entrega ao submundo e se cruza com os fogos que o consomem
E eu, atendendo à nova teoria do pensamento
Escondo-me
Rendo-me aos contrários
Sustento o manto que me cobre a alma
Há no topo da montanha, um sem-fim de terra
Ponto de passagem a um corpo que balança sob as nortadas baixas
Encontros que espelham a dor
Desencontros ameaçadores das fugas por entre dentes
Uma boca que reluz no escuro
(Um quilate de ouro a mais na dentição genuína e demolida na boca do mundo)
Há um sonho que acorda a madrugada
E eu... póstuma constelação à espera de outra marca do tempo:
- Que me conte os ossos e me endireite o corpo
- Que me remende a sorte, para eu caminhar a Norte
- Que me reconte as sobras que ficaram perdidas
nos bolsos e me refaça o meu inverso
E o mar...
Sempre o mar a galgar sobre a terra orvalhada
Sem resistir ao mundo que o fez mar salgado
Tempero dos que falham no ponto
Onde o lusco-fusco se fez vida
Alem dos limites do eu...