Entre +
E apenas deite teu coração
Dentro do meu.
Quietamente
Mansamente
Como quem voltou
Ao lar
Ou
Contente
Feliz
Cantando poesia
No som do olhar
Entre
Se quiser
Do único jeito
Que houver
Ou puder
Entre...
E fique para sempre
Dentro dos segundos
Que tiver
entenda
talvez este momento
de querer-te
se deite afiuzado
em plataforma equilibrada
ou apenas revoluteia
desempachado.
a paixão se emasculou.
rompeu os fios da virilidade.
não quer mais ser pêndulo
conivente aos apelos do precipício
não está efetivamente volatizado,
(o querer-te).
ainda há sentir que
paira,
paira,
temeroso de arriscar (se)
e espalma o ar
o tempo
o chão
fertilizando-se
para poder
rebrotar
viço de viver
sem ti
Fique bem
Não deixarei que desabes.
A esperança é um caminho que deves trilhar
sem pressa.
És mais forte que o cansaço dos dias, das
horas.
As tristezas podem ser recorrentes, mas tudo
passa.
Tropeces nas memórias, nas elegias, mas
não te percas.
Deves resistir às sombras.
O restante pode ser imaginação, mas eu
não...
Jamais serei indiferente ao teu sofrimento
Estou contigo!
Maio De Olhos Vendados
.
Maio De Olhos Vendados
em todas as madrugadas, companheiros,
há um sol que morre estampado numa nota
sem valor
e para que a luz volte a definir o dia
do que não mais regressará
é necessário que o medo,
também possa vender-se
por uma qualquer moeda
desvalorizada
e a coragem,ou a loucura de combater sem pensar,
se aposse de todos os valores
velhos ou novos
carregados de rugas que sejam o festim dos anos
carregados de recém nascidos que sejam o alvorecer
duma nova casa ....
delírio-sinónimo das estrelas que eu não sei pintar
em todos os crespúsculos
há uma lua sem fundamento
que voa sem rede que a possa amparar
que já devia ter morrido...
em verdade, companheiros,
como pode a lua surgir no céu
quando o sol de vendido
é apenas uma cega recordação?...
Luíz Sommerville Junior, 240320130601
Imagem do filme 1984
1º De Maio - Pela memória dos nossos apelidos
ainda ontem
fomos as carruagens
dos comboio lotados de sonhos
que na pista accionavam multidões
o trem
sumiu...
as viagens
nas trilhas sem fim
dos nossos olhares
essas
não cessam
d´alastrar
no destino comum
dos nossos neurónios
mas
as serenatas nos lençóis abandonados
-o odor escarlate de violões , envelhecidos !-
silenciados ao mofo aprisionados , ninguém ...
... as ensaiava ...
lá onde a sereia morreu apaixonada
pelo capitão que trajava na lapela
um lenço bordado de lábios , cravados !
pelo batom que reflete a imortalidade
há quem lhe chame arma
há quem lhe chame flor d´abril
- é apenas a carne rasgada da traição
que ainda insiste em repetir o bordão
ou refrão duma só palavra
- revolução !
e ...
ainda é tempo
d´abrir os livros que são entradas
ainda é momento
de fechar aquelas bocas que jamais aprenderão
a beijar !
sim , vou rasgar o meu voto
à entrada da urna que sentencia o nosso funeral
sim , vou teimar no sonho na portada
do ventre que grita ensaguentado
pela luz - dia !
por que ...
os abandonados sem leito são hinos , rejuvenescidos !
onde o tudo o que é caduco morre para que soe a balada
abraçada ao perfume que da vida é libertada , alguém ...
a encarnará , aqui ... onde uma noiva se entrega ao castelo
d´útero aberto à formação daquele que da pátria faz a nação
e acena à boca amada com o lenço de gala
manchado com o lindo arabesco que das núpcias verteu
afinal , ontem , num lar dilacerado pelo divórcio , foi abril ...
e hoje numa terra engalanada pela boda da esperança
é maio ...
daquela menina que dá as mãos ao menino ,
sim , são pequeninos , são crianças
os olhos maravilhados que entregam aos noivos as alianças
e ela sorri e imortaliza-se no ouvido dele :
- sou tua ! sou a tua terra , e tu
estás disposto a ser o meu país ?
Luiz Sommerville Junior , 010520110741
.
Percepção Individual
Para conhecê-lo melhor,
vesti-me de historiadora,
cavei fontes escritas,
visuais e vestígios virtuais.
Sinto-me como viajante,
apreciando-te em fotos e postagens.
Minha percepção é quase palpável...
Não sei se estou no caminho certo
Espero nunca constrangê-lo,
com meu interesse descomunal.
Alegra-me essa busca em compreender
a profundidade da sua alma!
Os tentáculos do sistema
Em qual estágio da vida estamos inseridos?
Como viver em um sistema como este?
Política é a arte de fazer barganha
Um sistema que corrompe as almas
Destrói os sonhos
E detona os anseios dos pequenos.
Não se pode livrar
Dos tentáculos cruéis do sistema
Que distribui armadilhas para os pés
Incautos de uma sociedade
Alienada pelas mídias sociais.
Solto um grito de horror
Por fazer parte de uma geração
Que suporta sem resignação
Um rolo compressor midiático
Esmagar cérebros inteiros
E os reduzir a simples massa de manobra.
Há uma força escravizadora
Que inutilizam nossas mentes
Fechando todas as portas da liberdade
Para um pensar equilibrado.
Como sobreviver dentro desse sistema
Quando o diagnóstico é de que
Não há nenhuma previsão de melhora?
Poema: Odair José, Poeta Cacerense
www.odairpoetacacerense.blogspot.com
Siga-nos @poetacacerense
Chaves Perdidas Das Portas Horizontais
Houve um tempo
em que ninguém amava
o sorriso tristonho do pedinte
suas roupas esfarrapadas , rasgos de panos
emprestados pela beneficência anónima
o mais que provocavam na miséria doirada
dos nobres que se degladiavam por o primeiro lugar
perto do altar dos Congregados
era uma moeda que dizia :
não te atrevas a entrar na igreja !
já viste como o chão dela brilha ?
e o desgraçado , olhando os seus pés calçados ,
com sapatos sem solas , erguia ao céu enovoado
do brasão nobre de invicto
um sopro murmurado d´aceitação :
- sim , meu senhor !
Mas esse tempo findou ...
já não há miseráveis ...
morreram todos!
e ninguém sabe
em que vala enterraram os seus despojos
e ninguém sabe
qual o velório que o representa
e no tempo que há
ou sobra ...
aguardam-se corpos
para as vestes rasgadas e sujas ...
Luiz Sommerville Júnior (heterónimo), 170520121149
O regresso de Poesia Contra o Crime
Link original no blog Palavras Ao Vento
palavra vadia
foges, foges de mim, e nada posso fazer
foges dos amanses, dos aparos dos arrebites
rejeitas o domínio da espera e assim me desespera
vê-la solta por aí sem o trato que quero conceder
foges, foges de mim, transgredindo a perfeição
tão minha pretensão de te querer dominada
para te cobrir de purezas
e só depois,
somente depois
poder te libertar
rebela-te, absoluta e nua
andas por aí como vadias nas ruas
perambulando sob tantos olhares
que de repente possam não vir a
querer (te) entender...
Kariniano
Se não fosse o tolo coração,
como escrever um poema
inspirado e colado no chão?