O Deus Que Habita Em Mim!
O Deus que habita minh'alma,
Vem da aurora dourada
Com seus raios vivificadores
Que renovam as Esperanças e a Fé
Para um novo dia...
Vem dos lírios dos campos e
Dos jardins floridos...
Vem do crepúsculo do Sol com
Seu espetáculo de cores douradas
No horizonte...
Vem da noite enluarada
Com suas estrelas brilhantes,
Reluzentes, estrelas cadentes
E sua Lua encantada...
O Deus que habita minh'alma,
Vem do divino orvalho
Da madrugada
Com suas gotículas prateadas
Caindo sobre as flores delicadas...
Vem do lindo azul do mar,
De toda à natureza,
Das matas verdes e igarapés,
Cachoeiras e do lindo
Canto dos passarinhos
Como o canto do rouxinol e
Do bem-te-vi...
Vem dos Salmos de Davi....
O Deus que habita minh'alma
É o Deus do Amor, da mística rubra flor,
Do peregrino e trepidante beija-flor,
Dos nobres sentimentos
E enlevados pensamentos...
Vem da chuva que faz brotar...
Vem do místico arco-íris
Com suas cores sutis...
Vem da melodia
Da inspirada poesia...
Enfim, o Deus que habita em mim
É o mesmo que está em toda parte,
Em tudo e em todos,
No meu e no teu coração,
Somos filhos da mesma criação,
Do mesmo Pai Criador,
Portanto, somos todos Irmãos,
Filhos do Amor!
Elias Akhenaton
A força de um poema
Conheço o mundo segredado
pelo calor de agosto
mas a soma de todos os medos
magoa-me os sentidos
e oferece-me uma inércia que dói,
uma dor tão profunda
quanto o mar…
e descanso os olhos sobre a janela
do cansaço…
dirijo-me à porta da alma
e vejo que chove
um silêncio de gotas minúsculas…
saio e rasgo o vestido
desbotado, de costuras
cosidas a linhas pobres…
recebo cada gota
no milagre da minha pele
de braços abertos
num abraço único e só meu
e danço de pestanas cerradas
a música que tropeça
na saliva da minha boca,
e sinto-a percorrer
a valsa plana
nas curvas das minhas margens…
danço o feitiço das horas
germinadas na minha vontade
como num mergulho sem mar…
danço o impulso do sorriso
que a felicidade emana do perfume
a terra molhada
de uma sofreguidão lânguida…
e sinto-me feliz!
A escuridão oculta as angústias
e a chuva lava-me a flor de sal
que encubro na pele…
adivinho o planeta
que as mãos aconchegam
no vinho da embriaguez
que tem a força de um poema!
Ouve-me
Ouve-me
Ouve a minha voz que te não vejo mais presente
no meu pensamento que sempre te quis ou desejei
sussurro, clamo, grito no meio de tudo ou de nada,
mas o eco vai e vem, mas quando chega diz: não sei.
Um sentimento de perda, um vazio desventurado,
amargura, a fatal agonia que se entranha na alma.
Depois o pensamento sempre sensato, aclara-se
escolhe a solução com domínio e vontade, acalma.
A noite é boa conselheira a almofada o confessor
as lágrimas oferecem-se ao lençol ainda acordado
aguardando a esperança ao chegar do alvor!
Outro dia, outra aurora vem despertar o meu olhar
a vontade de viver que parecia querer esquecer,
e chega de novo o amor que me abraça e vem beijar.
Sou Poeta sim porque não?
SOU POETA SIM PORQUE NÃO?
Levanto um muro e fico só?
Tanto que poderia dizer-te!
Mas de mim não tenhas dó,
Que hei-de sempre querer-te.
Hora a hora Deus melhora
E o dia hoje me é vantajoso
Em meus versos digo na hora
Bate meu coração!Bate corajoso.
A Vida é este palco
Onde sou o que quiser
Mas nada nem ninguém acalco
Na estrada que percorrer.
Se sou isto e sou aquilo?!
Não sou eu imitação!
Meu caminho, vou segui-lo!
Atrás do muro não fico não.
Sou testemunha, vejo tudo!?
Estou no palco, faço feitiço
Finjo ser cego e mudo
Censura, não me importo com isso.
Tenho registo de memória
Sou Poeta e até fogosa
Conto p'ra todos a minha história
Sou *Poeta e também rosa.
rosafogo
Afinal cheguei à conclusão que sou mesmo Poeta.
Me desculpe quem assim não achar.
tempo solvente
preciso de um tempo menino
correndo pra lá e pra cá
com uma pipa colorida
disputando o céu com os pássaros,
medindo forças com o vento
até cansar os braços.
necessito de um tempo
menino
iluminado por um sol
a pino
deixando pele morena-dourado
e com um ardido avermelhado
lançando no ar o cheiro
de moleque queimado.
preciso de um tempo menino
correndo de peito nu
e pés descalços
com a pura intenção
de se atirar no primeiro riacho
preciso de um tempo
menino
mergulhando e boiando
com alma entregue
desobrigada de ser triste
desobrigada de compromissos
careço de um tempo criança
pra amolecer o adulto tempo
que sedimentou sentidos,
enrijeceu sentimentos
e esgotou os pressupostos
pra triturar seu estado granítico
Para quem escrevo?
Olho-me ao espelho e
a interrogação fica na boca
porquê esta pressa louca?
Há sempre uma hora a morrer
um dia a desaparecer
e eu aqui entre os outros
julgando-me forte
olho as minhas pegadas sobre a terra
caminho, sonho
e esqueço a morte.
E escrevo para quê?
E para quem escrevo?
Certamente para quem lê!
E para quem não lê,
e todos são uma multidão.
Para ti, são as palavras
que sem quereres lê-las
te vão entrando no coração,
se não te forem indiferentes
terás a minha gratidão
gratidão dum
coração que não pára
como o mar,
pois há nele memória e solidão,
enquanto o poeta caído
continua a sonhar...
Escrevo a palavra quotidiana
e o que digo é pouco ou nada
falo do tempo e da saudade
nesta língua por mim amada.
natalia nuno
rosafogo
Aquela árvore
Aquela árvore
Olho-te, bendigo-te
para ela vai ternura.
Plantei-a, cuidei-a
como a uma criatura.
Tão pequenina era
cavei a terra, afofei
aquela mini raiz
com as mãos a tapei.
Reguei-a sempre
no tempo escaldante
e ela agradecia
a água refrescante.
Veio o chuvisco, vi
com grande euforia
que ela despontava
e crescia, crescia!
Começa a criar tronco
e de braços abertos
à Natureza, ao Céu
emancipados, libertos.
O verde lindo, surgindo
folhas arredondadas
macias, sinuosas
fortes mas delicadas.
Hoje uma árvore, bela
pujante bem copada,
refresca e perfuma
na sombra desejada,
soa o frufru das folhas,
e naquele suave torpor,
inspira-me e avenada
faço poemas de amor!
A Vida é sempre nova!
Na Vida tudo é novo.
A música que ouço – apesar de se poder repetir –
Contêm novidades pois o momento é sempre diferente.
E o pensamento que me percorre o cérebro nunca é o mesmo.
E o sonho que ganha forma é também outro.
E o poema que escrevo neste momento
É diferente daquele que escreveria noutro instante.
Em tudo existe o perfume da novidade para dar brilho à Vida!...
Quem sabe quantos se alimentam desses momentos
E quantos os desperdiçam?!...
Quem desfruta, pode registar e aprender.
Quem não o faz, permanece à margem e nunca saberá da sua perda.
E a Vida segue nova – sempre nova –
Para dar melodia e cor à nossa existência!...
Saibamos ser merecedores da sua mensagem!
12.08.2009, Henricabilio
A minha ilha enlutada
O pranto ressoa na ilha enlutada
no enlameado das aguas em furor
jaz sem honra a beleza amortalhada
d´um exíguo paraíso outrora em flor
Suspende-se a vida em estupefacção
de um povo bravio, soterrado na dor
perdem-se vidas na estúpida tragédia
e ao olhar incrédulo … surpreendido
junta-se a agonia do futuro sem cor
Em momentos de autentico desalento,
alimentando-se da sua própria dor
cerram forte os punhos…. crentes
trajando a ilha de renovada cor
Num pranto incontido …sufocante
chora-se os corpos na morte perdidos
e murmura-se uma prece resignada
de um povo, unido na reconstrução.
Escrito a 22/02/10
Basta saber-me viva
BASTA SABER-ME VIVA
Meu coração é uma gaiola dourada
Nela se solta o Amor e a Amizade
Branca, como o branco desta folha intocada
Nela um pássaro vai chilreando saudade.
Hoje lhe abri as portas
E a felicidade andou pertinho
E as lembranças já mortas?!
Fui deixando p'lo caminho.
Mas na verdade me doeu
E na garganta um nó ficou
Nas lembranças,também habitava eu
Se por lá fiquei, agora quem sou?
Apago-me como flor sem sol, tanta vida lá atrás
Já pouca coisa resta, o silêncio sobre mim se deita
Nesta descida entre a saudade e o frio, tanto faz!
Mastigo incertezas, já que a Vida não é perfeita.
Deixo-me a pensar com meus botões
Enquanto cai uma chuva enfadonha
Basta saber-me viva de ilusões
Minha alma malferida, ainda assim,sonha
Insistem os chilreios em meu coração
E há largueza por onde entra a claridade
Mas quando já não restar emoção?!
Serei como raiz sem apego, sem lugar
Morrerei de saudade...
Levada p'lo tempo, deixando-me por ele apanhar.
rosafogo