Mentiroso
Não lembro de ter passado uma noite em claro por um motivo tão banal. Maldito! Foi o resultado de confiar demais no amor, em contos de fada, em um mentiroso nato. Eu já estava cansada de saber que essas coisas não existem e que homens são quase todos iguais( desculpe os impropérios, amigos, existem exceções), mas novamente me iludi. Paguei caro, lá se foi a noite e nada de sono. O dia também não preguei os olhos, engoli o choro, não tive fome, foi um esforço tremendo encarar a família com essa cara de dopada no velório. O pior é que no tempo de pandemia, todos estão confinados e eu tive que bancar minha melhor cara de muralha. Odeio chorar na frente dos outros, principalmente aqui em casa. Não derramei uma lágrima, Deus ouviu minhas preces, logo eu que choro por tudo. Não pude chorar até soluçar, que repressão, estou pior que os melões no sutiã. Minha cabeça fervilhou a noite inteira.Como irei lidar com isso?Logo eu que já estava imune(pensava). Enquanto uns adoram sofrer por quem não merece e resistem a esquecer, virar a página, eu tenho verdadeiro pavor. É como enjoar durante uma viagem. E que viagem! Então respiro, olho para o alto tentando evitar vomitar a tristeza. Sinto-me parindo novamente uma desilusão quando a última já entrou na puberdade e percebo-me totalmente despreparada( como marinheira de primeira viagem). É muito cinismo ter coragem de pronunciar: - Amo-te!
O cair da tarde
O cair da tarde
O dia começa a declinar está uma tarde deliciosa,
a brisa muito suave está a refrescar um pouco mais,
o sol já mais baixo a desmaiar, a querer deixar-nos
e a pouco e pouco vai-se sumindo entre os pinhais,
que recortam a orla marítima que é interminável
atrás da linha do horizonte, uma auréola alaranjada
uma mistura que se esfuma em vários tons matizados
surgem e mais nos parece uma fogueira enfeitiçada.
O azul do céu conserva-se ainda, embora mais escuro
e começam a pontear, algumas pequenas estrelinhas.
Aromas subtis soltam-se e absorvemos o ar mais puro!
São assim as tardes que já antecedem o belo Outono,
estação das despedidas, dos belos passeios a beira-mar
e o Verão despede-se de nós! Amigo, até ao teu retorno.
Vigília
Nesse silêncio congelante
Tendo a alma congelada
Pululam os pensamentos
Na madrugada sem amante.
Só, estou triste, acordada
Não sei dos teus passos
Uma oração então eu faço
Nessa fria madrugada.
A noite assim pede
Para o dia nascer
Você não veio dizer
A vigília existiu e,pronto se despede.
Nereida
Sou triste
Bom dia tristeza!
Que me acompanha
Até a noite e me apanha
Melancólica, sem firmeza.
O dia perdeu suas cores
Ou meus olhos se recusam
A ver o belo, as flores recuam
fogem de mim, de minhas dores.
Bom dia tristeza
Agarrada à mim
Não me deixa, segue até o fim
Porque sou triste:--Sou tristeza!
Nereida
https://novanereide.blogspot.com
Basta
Meu desejo que mude,
O tempo o vento.
Tire esse tom nude,
O cálice seja bento.
Viva sejam as cores.
As flores não sejam,
Pálidas, sem olores,
Suave perfume tenham.
Desejo que mude,
A oferenda seja farta.
Preciso que ajude.
Preciso dar um basta.
Basta! mudança,
Radical, bem vinda.
Desejo a esperança,
Pois meu coração bate ainda.
Nereida
PRIMAVERA DE ILUSÕES
Desce o sol sobre o solstício da mãe primavera
Um anjo palhaço voa, à anunciar novos sonhos
Ilusões para empurrar, no mar o barco à vela.
Utopias e devaneios de poetas tristonhos...
Terras do sem fim, ai de mim que as conheço!
Ai do meu poema que viu, e ouviu as verdades...
A dor que ignoraram, as senti e sinto__ Padeço!
Quando a ventania usurpou-me, má, as vontades
E de todas as incertezas desta vida. Sã loucura...
Das solidões que invadem as almas nas madrugadas
A minha é aquela que para a qual não houve cura.
Mas danço ainda o bolero dos que fingem alegria
E fingindo permito que a noite abra suas asas...
E a noite não tem luar. Eu, nem amor ou poesia.
Elisa Salles
(Direitos autorais reservados)
Fonte: Formatação da designer Marilda Amaral
Revolta
Estou zangada com a vida
Revoltada e possuída
Tenho saudades de ser recruta
Tenho saudades de dormir em pé, numa praxe cruel
Tenho saudades da mochila com ração de combate
Tenho saudades de matar galinhas com os dentes
Tenho saudades do peso das botas a mil, acrescido do peso do cantil
Tenho saudades do desafio com cheiro a perigo
Tenho saudades de rastejar e de na lama andar
Tenho saudades de pular o muro fora de horas para que o castigo não me chegasse
Tenho saudades de tudo o que já não me aborrece
E agora de mochila em punho em missão eu ia
Rumo ao desconhecido desafio com sabor a magia
Numa missão não somos nada e somos toda a diferença
Ana Cristina Duarte
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Na praia à noite ao luar
X
Ricardo
Caros amigos.
Alguém me sabe dizer se o senhor Ricardo ( mais conhecido por Trábis) desapareceu, se ele finou ou se simpesmente ele não liga nenhuma aos poetas que por aqui publicam
(eu publico, mas não sou poeta )
É que eu enviei-lhe varias mensagens desde do mês de Agosto e não tive a honra de receber ao menos uma resposta que fosse.
Sendo assim e condiderando este senhor, tenho andado preocupado com a sua ausência.
Obrigado
A. da Fonseca
Ainda
Ainda que preservasse
Bondade e formosura
Sabia que só a mesura
Não bastaria nesse impasse.
Ainda que prevalecesse
Um fio de esperança
Havia a semelhança
Como motivo e...esqueceste.
Ainda que lembranças esquecidas
Marcaram o fundo da alma
Momentos de paz e calma
Flores ,espinhos,uma flor esmaecida.
Nereida
https://novanereide.blogspot.com
Dormente sonhar
Minha vós se calará
Um dia cessará minha escrita
Haverá uma oração na cripta?
Mas tardia não valerá!
O tempo sendo inclemente
Deixará palavras esquecidas
Dormente sonhar aquecidas
Não terá germinado a semente.
Minha vós emudecida
Não mais terá validade
Desculpa mas, sem humildade
Escrita no canto, sem encanto
Falecida!
Nereida