HELEN DE ROSE - O Meu Luso do Mês de... Março
Helen De Rose é uma personagem ímpar no contexto do Luso-Poemas, talvez por isso a tenha escolhido para dar início a estas crónicas subitamente desaparecidas da primeira página deste cantinho da escrita, pedindo desde já desculpa por me «apoderar» da ideia made in Luso-Poemas, mas considerem isto uma homenagem aos que trabalham para o dia a dia desta casa.
Dá-me enorme gozo duelar com a Helen quando se trata de fazer um dueto poético, é sempre um desafio, uma experiência nova que vou tendo o prazer de partilhar com todos. Assim, resolvi-me a fazer-lhe meia dúzia de perguntas e a deixar-lhe o desafio de procurar o Luso de Abril, alguém que será entrevistado por ela e que, por sua vez, escolherá outro e assim sucessivamente. Veremos se corre como é esperado.
- Helen, fala-me um pouco de ti e de quem te conquista.
Por incrível que pareça, sinto-me tímida ao falar de mim. Muitas vezes, resumo-me nesta frase que gosto muito: “Eu sou o que eu sou, nada mais.”
Eu nasci antes do tempo, segundo minha mãe, quando ela chegou ao médico pra fazer o meu pré-natal, eu já estava nascendo na maca, em Piracicaba-SP.
Quando menina, eu não gostava de brincar de boneca, era uma menina moleca, queria subir na minha jabuticabeira, descer as ladeiras com carrinho de rolemãs, empinar as pipas que eu mesma fazia, andar à cavalo, praticar esportes, dançar e ler meus livros de contos de fadas. Comecei a ler aos 7 anos e não parei mais. O meu primeiro livro, que guardo até hoje, chama-se “A lagostinha encantada”. Sempre gostei de fazer redações e, de tudo o que se referia à Língua Portuguesa. Durante todos os meus estudos imaginava ser, um dia, uma escritora. Adorava pesquisar e estudar, por isso, ganhei o apelido de “Caxias” na escola. Depois, formei-me em Educação Física em 1986 e desde então sempre trabalhei para a saúde do corpo, da mente e do espírito, são 23 anos fazendo exatamente o que gosto, dar aula em Academia. Depois de formada, casei-me com Luis Vitório e tive dois filhos: Marina e Luis Jr. A maternidade me ensinou muito mais do que eu poderia imaginar. Eu sou completamente apaixonada pelos meus filhos e por eles dou a minha vida....(emoção)...Marina e Jr me conquistam a cada segundo da minha existência. Agradeço ao Criador do Universo por esta confiança e oportunidade de ser mãe dos meus filhos.
Todos estes anos, depois da maternidade, pesquisei muito e li muito. Senti uma sede de buscar novos conhecimentos, abrir novos horizontes de esperança pra minha fé, para o meu entendimento evolutivo. Tudo isto, ajudou-me e ajuda a enfrentar os desafios e provações da missão que me foi confiada.
A vida em si, é um aprendizado simples, mas complexo. Estar inserido na vida, é estar consciente de tudo e de todos. Estar vivo, é estar manifesto de corpo e alma diante da Criação, desejando sempre que todos consigam viver mais um dia, só por hoje.
- És o estreito caminho entre os Lusos e os consagrados monstros da língua Portuguesa. Porquê essa vertente de pesquisa e, naturalmente, de alfabetização cultural de quem te lê?
Quando entrei no site Luso Poemas, fiquei encantada com tantas possibilidades de informações criadas pelo Trabis. Logo encontrei no fórum, os tópicos dos Consagrados e senti uma enorme necessidade de doar a todos os Lusos, tudo aquilo que aprendi desde menina. Depois de algum tempo, vendo meu interesse pelos Consagrados, recebi, com alegria, o convite do Trabis para moderar os Consagrados. Na verdade, esta vertente de pesquisa é bastante salutar, quando há interesse de todos os Lusos em ter conhecimento da vida e da obra de cada autor Consagrado. Todos os autores tiveram que ir tirando as pedras do caminho, até serem reconhecidos por suas obras literárias. Este conhecimento do legado, da rica herança literária que todos os Consagrados nos deixaram, contribui efetivamente para quem deseja, com vontade firme, entrar para este mundo fantástico da escrita, da manifestação individual através das palavras.
Ainda existem muitos autores que pretendo incluir nos Consagrados. Os Lusos também podem solicitar as pesquisas de autores que não existirem na lista. Sempre será bem vinda a participação de todos os Lusos, colaborando com o enriquecimento do site Luso Poemas.
Sempre serei agradecida ao Trabis, por ter me dado esta oportunidade de compartilhar os Consagrados com todos os Lusos e visitantes do site.
-De todos os autores consagrados que já aqui nos trouxeste (Drummond de Andrade, Eça, Florbela, entre outros) existe algum com quem te identifiques?
São tantos que já me identifiquei... Cada autor tem seu estilo singular. Poderia citar alguns dos meus favoritos: Machado de Assis, Manuel Bandeira, Dante Milano, Fernando Pessoa, Pablo Neruda, Augusto dos Anjos, Mário Quintana, Florbela, Raquel de Queiroz, Clarice Lispector, William Shakespeare são autores que já me emocionaram. Mas, um dia, fiquei extremamente emocionada com Olavo Bilac, ouvindo seus poemas serem declamados. Naquele momento, vi o quanto a literatura é uma arte não só no papel, mas na voz, o quanto os poemas ganham vida quando são declamados.
Eu me identifico com a literatura em si e com todos os autores, Consagrados ou não, que possuem o dom de fazer das palavras, uma obra de arte. Isto é Divino! Sensibilizo-me profundamente.
- Não há Lusos bons ou Lusos maus, há Lusos que se presenteiam com a escrita. Na tua opinião achas que merece a pena catalogar quem aqui escreve ou deve existir uma consciencialização das pessoas em relação ao nível da sua escrita?
A escrita é a manifestação dos nossos pensamentos, das nossas fantasias, dos nossos conhecimentos, dos nossos entendimentos, da nossa cultura, das nossas crenças, dos nossos sentimentos etc... Cada ser humano tem sua história de vida e sua maneira de ver as coisas como elas realmente são ou não são.
Eu acredito que cada Luso sabe quem de fato nos presenteia com sua escrita. De acordo com seu entendimento e sua preferência. Basta observar quem é lido. Entretanto, há quem seja, além de tudo, mais carismático e possui um dom especial de se socializar com os demais. Por isso, a integração dos participantes do site é importante, não podemos negar que estamos participando de um site de relacionamento de escritores. Somos nós que fazemos o site acontecer!
Portanto, a consciencialização em relação ao nível da escrita, deve ser estudada por todos nós, e nisto, eu me incluo. Não acredito que o aprendizado tenha um fim ou que alguém se eleve tanto, que não tenha que aprender mais nada sobre a escrita. Basta abrir qualquer dicionário e ver quantas palavras e significados existem ali. Se, alguém me disser que sabe o dicionário da Língua Portuguesa decor e salteado, então irei me curvar diante do seu nível de escrita. Se, alguém me disser que, a partir do momento que se tornou poeta ou escritor, não cometeu erros gramaticais ou ortográficos, então irei me curvar diante do seu nível de escrita. Logo agora, com esta reforma da Língua Portuguesa, ficou ainda mais difícil chegar num nível de escrita elevado.
Acredito sim, que cada escritor precisa sempre fazer a correção dos seus textos, mesmo depois que publicou no site, em livro ou em qualquer forma de comunicação vinculada com a escrita; que cada escritor precisa ter um dicionário da Língua Portuguesa e sempre buscar rever seus conhecimentos. Não tenho vergonha de dizer que faço isto sempre que preciso, sempre que recebo uma crítica ou observação dos amigos. Não nasci sabendo e morrerei aprendendo, disto eu tenho certeza.
Desejo que cada Luso olhe pra sua escrivaninha e observe bastante cada palavra dos seus textos, veja o que pode ser melhorado. Mas, quando encontrar erro na escrivaninha de outros autores, não “aponte com o dedo” o erro diante de todos. Mande uma PM, mande um email, seja educado com o escritor. Isto sim é um aprendizado salutar. Quem sabe, outro dia, este mesmo escritor não irá lhe ajudar a ver o seu erro, mesmo que seja por digitação. Isto é uma troca civilizada entre pessoas que estão aqui para aprender.
- O que é e para que serve, a numerologia?
Dentre todos os estudos que fiz, a numerologia me fascina.
Numerologia é a ciência que estuda os números e tudo que envolve sua simbologia, tais como, letras e alfabetos de várias línguas, com seu valor metafísico e significativo, formando uma vibração que atua desde o nascimento de cada pessoa, nos ciclos de vida e até o fim da sua cabala numerológica. Esse estudo está baseado nos símbolos encontrados em tempos primitivos da civilização egípcia, que até hoje auxiliam para desvendar os segredos da manifestação do Homem pela escrita.
Este estudo auxilia no autoconhecimento de cada indivíduo, beneficiando decisões da vida diária e futura.
Mas, cuidado! Existem muitas numerologias por aí, que eu não recomendo.
- Quais são os teus projectos literários?
Não gosto de falar muito de projetos, sou meio supersticiosa neste ponto. Mas, estou com dois livros em andamento, com temas diferentes. Sem previsão para serem publicados.
Por outro lado, sinto-me grávida do meu primeiro livro “Um coração no oceano”, que está sendo editado pela CBJE, com lançamento previsto para março/2009. Este livro é uma coletânea de poemas, prosas, mensagens e pensamentos que escrevi recentemente. Com a participação da minha amiga/irmã Ledalge, autora do livro “Ledalgiana”, fazendo a minha Apresentação e do escritor Ronaldo Honorio, autor do livro “Onde guardarei estes oceanos?”, prefaciando a obra. São dois autores que tenho grande estima e consideração. Para os dois, deixo aqui minha eterna gratidão, por terem aceito meu convite.
- O teu Brasil e o teu Portugal.
O meu Brasil mistura-se com meu Portugal, numa simbiose trazida por laços hereditários dos meus antepassados. São nações que se encontram no meu sangue, fazendo pulsar meu coração diante deste oceano Atlântico.
O meu Brasil sonha em conhecer o meu Portugal, e sentir a sensação de estar do outro lado desse mesmo oceano Atlântico, encontrando todos os amigos do Luso Poemas. O sotaque português faz meus olhos brasileiros brilharem e meus lábios portugueses sorrirem...
- O teu mais que tudo.
Sentir que estou aqui, agora, viva! Dizendo tudo isto pra todos vocês!
- Quem é o teu Luso do mês?
Meu querido José Silveira
Obrigada Helen