ainda é meu tempo de viver...
parti por não ter chão onde semear sonhos, cerro as palavras na boca, deixo-as na terra adormecida do meu âmago, talvez que as sementes germinem mais tarde em horas de saudade e, docilmente se entreguem em versos chorosos que embaciem os olhos, ou suspendam a tristeza e o vazio do tempo, e venham dourar o verde onde a minha esperança cresce... é verão, mas, estranhamente o dia é de penumbra a memória apaga-se lentamente e eu fico de morte ferida, mas ainda vivo, ainda é meu tempo de viver...exausta parti de mãos vazias, levo os desencantos, vou palmilhando o chão e levo por companhia a solidão, voltarei quando fôr lua cheia, se ainda fôr capaz de aprender a primavera, e as folhas em mim caídas voltem a reverdecer em meus sonhos, eu possa moldar de novo as palavras a meu jeito, e nada impeça que me tragam a promessa de ser gaivota na planície...com olhos de madrugada.
natalianuno
Sem melodia, sem poesia...
Queda, muito além de mim,
Num mundo de ninguém
No silêncio de minha alma
Um sentimento que nem eu,
Compreendo? Entendo,
Mas é tão claro o vazio
Do profundo do âmago.
Silêncio..., silêncio...,
Apenas quebrado pelo
Murmúrio do vento
Que insistia em tocar-me,
Todavia, outras vozes
Não permitia-me ouvi;
Apenas o brado do coração
Latente;
Não pude fugir de mim
Onde encontrei-me assim.
Procurando por mim.
Num vasto vazio - pois a voz
Da alma não me falava nada
Incomum a minha realidade
Nesse instante; só senti o pulsar
Sem melodia, sem poesia...
Mary Jun – 17/ 12/2016
Roupa nova
O vazio continua
Acho até que mora
Em mim, quero que vá embora
Vou despir-me, ficar nua.
Banhar-me com água
Benta, ter um pouco
De paz, não ficar louco
Branca, alva minha anágua,
Será uma roupa
Nova, novo meu viver
Agradecer e, dizer
Vivo a alegria, ninguém rouba.
Nereida
fecha-se a saída
os girassóis abrem de dia,
aguardam o sol com paixão
já não reconheço o meu rosto
tal foi a destruição...
um grito perdido no vazio
dou comigo
a defender-me do medo
que só o espelho percebe,
será castigo
que minh' alma recebe?
a criança senta-se num canto
na sua boca um sorriso
outra vez a vida, o sonho
maravilha...
e a morte sem dar tempo
senta-se ao lado
logo a arrastará na armadilha,
fecha-se a saída
é este o fado...
natalia nuno
rosafogo
"Estados"
Tenho os bolsos cheios de palavras.
O olhar,
sempre em busca prometeica da precisão
mas..
sinto um enorme vazio no coração
despreocupada mente
conjecturar sobre a vida
pra anuviar poemas, não gosto.
definitivamente
não sou afeita à
dores sem destinos.
pensar a vida é chicotear
as próprias costas sem conseguir tatear
os desenhos das cicatrizes.
é morder a própria alma
bebendo o sangue da consciência
pra no ato findo conhecer somente
o sabor do vazio.
prefiro abrir estradas pra enfileirar
despreocupadas palavras;
alamedas zunindo balanços
deitando sombras
sem pretensão de mais nada.
Quase a rondar o vazio...
Quase a rondar o vazio…
São só migalhas de um tempo,
Um momento,
Que tanto acaricio,
Do todo
Onde me é negado
O conhecimento.
Sentir. Só sentir…
No ar as promessas do sol
Na transparência das águas
Cristalinas
Que correm a sorrir
Nas palavras
Onde carícias
São apresentadas
Como larvas
Que se transformarão
Em borboletas coloridas.
Confiar cegamente
Que o instante
Se transforma no futuro
Muito desejado
Sempre adiado
Esperando o tal
O ideal
O segundo
Em que se sentem
As águas cristalinas
Que vão correndo
E as borboletas
Já nascidas
Voando.
Esperas…
Longas e duras
Como castigo
Dado a uma criança
Sem explicação
Das diabruras
E que se revolta
Na grande questão:
O porquê?
Acumulam-se os quase nada
Que rondam vazios
No insuportável
Até quando
Do até já
De mil beijos
De mil abraços
Dados no ar
Que preenche
Esses vazios
De quase nada…
Nadas…
Nado…
No vazio da ignorância
Desse
Muito querer
Caindo no abismo
Do tanto sentir
Que de assim viver
Até pode morrer,
Afogado,
Nesse abraço
Apertado
Que será
Dado
No instante
Desejado.
Um Sonho
UM SONHO
Foge a Vida, que maldade!
Passam as horas fugidías
Embarquei na tempestade
Agora são parcos meus dias.
Bebo o silêncio do luar
O pensamento é meu algoz
No rosto a lágrima a rolar
Enquanto o tempo corre veloz.
Trago comigo aziaga estrela
Que insiste em armar-me o laço
Fingindo que por mim vela
Finge-se amiga segue-me o passo.
Fecho os olhos e sinto o vazio
E a saudade se acomoda no peito
Nas veias sempre o mesmo calafrio
Fica a Vida deste jeito.
O que vai p'ra além deste dia?
Já nada, que a mim importe!?
Tão sómente a Morte fria!
Mas eu? Mais que ela serei forte!
Minha saudade se veste de veludo
Recordar é um doer risonho
Na Vida faltou-me um pouco de tudo
Pouco mais que nada. Um Sonho.
rosafogo
FALTANDO ALGO
Faltando algo
Para onde foram as pérolas?
Conchas ocas apenas vi.
Não restaram também estrelas
Apenas céu.
Na corredeira do rio
Vi o rastro da areia seca
Como um temporal dentro de mim
a dor tamanha deixou-me vazia...
Os pedaços que quis encontrar
se perderam em estradas que não sei
Ficou assim apenas o som do silêncio...
Esperança que se afoga em lágrimas!
Ontem queria gritar para o Mundo,
Que é teu meu coração
Hoje sinto um vazio tão profundo
Que tento ocultar essa emoção
Quero calar o que sinto
Arrancar esse amor do meu peito
Tenho que seguir em frente
Esquecer este amor de qualquer jeito
Uma história, um anjo,
Mulher amada, nos teus braços, tão feliz
Nos teus beijos eu sonhei
Ter-te para sempre e só para mim
A minha alma só a ti, eu dei
Amanhã, futuro incerto
Uma esperança que se afoga em lágrimas
Talvez noutra altura…
desse certo!