Vou PRESENTEAR-TE
Vou presentear-te na doçura da nossa amizade
Tantas estrelas que você não pode contar
Elas, somente elas, contarão
Nossa história. Elas brilham
Como milhares de vaga-lumes
Nas noites escuras... Florescem
Como centenas de flores silvestres
E elas falam nossa aventura
Que atravessamos os mares que nunca navegamos
De como nós viajamos em sonhos
Rosangela Colares
Para um verdadeiro amor inabalavel, antes de tudo precisa haver amizade, cumplicidade.
Louvo a Deus pela vida do meu marido.
Caligrafando Dallavecchia
..
Caligrafando Dallavecchia
[size=medium]Um dia
vi a minha morte
podia ser o título
de uma poesia
mas era tão horrível
que chamar-lhe
rodapé de cinzas
seria um elogio
Nesses dias sombrios
vi também, o meu cadáver
mais de cinquenta anos
de ossadas enterradas
num cemitério de sonhos
mas ainda
estou aqui
- é a minha vida!
e...
porque acreditei e acredito
no milagre
tu surgiste e és
a profecia anunciada
no dia em que eu nasci
Amo-te
até que um outro dia
até que uma outra hora
a minha morte liquide todos
os movimentos
e eu abandonado
ao vazio do meu corpo morto
preencha o espaço
(desconhecido?)
dentro do mundo
onde buscarei desesperadamente...
o interior do teu olhar
e então
pela primeira vez deitado
no teu vestido feito de estrelas
a luz da tua divina criação
escreverá nas galáxias
o nome que adoptei
para que
o meu e o teu lado
sejam eternamente
o universo
brindado
no big-bang
do teu ser amado.
Obrigado, amor!
Luis Sommerville Junior, Antologia , 1964-2014
QUADRAS (FIOS DO DESTINO)
QUADRAS (FIOS DO DESTINO)
Parti da aldeia pr'a cidade
Disse-lhe adeus a chorar
Hoje dou conta da saudade
E morro para lá voltar
Conto os dias conto as horas
E os anos são já uns quantos
Porquê tu morte me apavoras?!
Me levas da vida os encantos?
As lembranças estão presentes
Verdades, por mim passadas!
Meus passos são diligentes
Meus sonhos pequenos nadas.
- Já me perco p'lo caminho
Já nem me dou por achada
- Nem por sombras adivinho
P'ra que a vida me tem guardada
Parte o sol de mansinho
Pulando por cima do muro
Deixa sombra no caminho
E deixa meu coração escuro.
Era um amor mais que perfeito
Um amor maior que o mar...
Era um amor maior que o peito
Onde só eu o sabia arrumar.
É tanto o que a gente sente
Que de amor o peito está cheio
Já que colhemos a semente
Que a colhamos sem receio.
Os teus olhos são botões
São cinzentos como o mar
São as minhas preocupações
Deles me não quero afastar.
Hão-de rebentar novas folhas
Em mim lá p'la madrugada
Para veres quando me olhas
Que ainda me sinto amada
Da Vida já não dou conta
Nem do que ela me ensinou
Minha memória já tonta
Também com a Vida cortou
Já não gasto a Vida toda
Me diz o destino ingrato
Gira a Vida numa roda
De m'ha alma é o retrato
A saudade é meu abrigo
Deixem que viva com ela
Às vezes parece castigo
Onde afogo o pranto nela
Sorvo a Vida e palpito
Vai a Morte colher-me breve
E logo meu coração aflito!?
Queixoso vai batendo leve
Com o decorrer dos anos
Fiquei de sonhos despida
E com tantos desenganos
Minha barca anda perdida
Saudade de coisas perdidas
Brasas em combustão lenta
Minhas esperanças ardidas
Minha alma vazia e cinzenta
Trago meus olhos nos teus
Meu coração em sobressalto
São eles pecados meus...
Raios de Sol que já vai alto.
Plantei rosmaninho no quintal
Salva e pé de erva cidreira
Farei chá... que passo mal!
Amor por ti trago cegueira
Recolhi estas minhas quadras, nem sei se já postei por aqui algumas, mas se fôr o caso, é a minha vez de reeditar.
"Descortinando sonhos"
"Descortinando sonhos"
De dentro de mim os laços, desfio.
Descortino os sonhos, sigo a rima.
Buscando com sede de sobrevivência
Ânsias que a vida molda e repagina.
E se os massacrantes dias são de espera.
Cheios de palavras tortas, sem calor.
De falas sem ênfases e entrecortadas,
Ciclos não concluídos, silêncio devastador.
Então o amor chega solto, sorrateiro.
Vestindo de ilusões os dias vãos.
Arrastando pra bem longe o desvario.
Embalando meus versos, hoje sãos.
É árvore centenária, viçosa e frondosa.
Deu ao poema represado, fala forte.
Refletiu dos dias verdes, todo o viço.
Hoje os rios dos meus sonhos, já têm norte.
Glória Salles
Memórias de OURO
Numa manhã de Verão suave
Escutando a brisa doce, silenciosamente.
As memórias de ouro vagam por campos imutáveis da vida
As flores vão à deriva fundem-se contra a luz de ouro suave do sol
As águas do mar azul suave retrocedem na luta silenciosa
As gaivotas do mar brilham em vestidos brancos que soam com gritos de quem está maravilhado
A beleza está entre os pensamentos de momentos idos e de hoje.
Busco sempre por memórias e sonhos de ouro guardados na minha mente e coração.
Rosangela Colares
muros do esquecimento
Já não pousam os pássaros
nesta árvore de ramos nus
nem os sonhos têm encontro
marcado
neste pedaço de vida
aprisionado...sem luz!
Só uma solidão altiva
ameaça precipitar-se
sobre quem sonhou outrora,
e vem agora sorrateira
enfeitar-lhe o rosto
rasgar-lhe a pele
num amargo fel.
Embora seja só uma réstia
de esperança
há-de habitar-lhe sempre
a mente uma lembrança,
irá colher... uma a uma
com paixão
e se um dia ficar sem nenhuma
morrer-lhe-à o coração.
A memória será espelho partido
pássaro solitário,silencioso,
será o silêncio depois das palavras
será a ausência sobre todas as coisas
ganhas e perdidas,
sol misterioso,
que se esconde atrás das nuvens,
vestígios de vivências estremecidas.
natalia nuno
rosafogo
ao olhar para trás...
já confusa fica a memória
não há esperança que a salve
vai-se apagando sem dar conta
e mais uns dias vividos
já a vida vai a uma ponta
esta é a realidade,
ao olhar para trás
surge a saudade.
foi-se o calor dos sonhos
a impetuosa fantasia
tão própria da idade
sabendo que a vida aí
- é tão nossa!
quanta saudade
de tudo o tempo se apossa.
hoje parece que esse tempo
não me pertenceu
a noite já não é surpresa no meu
rosto
sombras desvanecidas
asas caídas
no olhar o sol posto.
natalia nuno
rosafogo
Ana e os Sóis Interiores
(para a minha filha Ana, que nasceu hoje!)
Deixei a vida de escravo para ir trabalhar para o campo.
Foi uma decisão tomada num impulso momentâneo. Que surpreendeu toda a gente! Era um dos que tinham capacidade produtiva, sendo, por isso, considerado valioso. Isto apesar de sempre ter sido sonhador. Apenas a minha mulher me apoiou.
Mas os sonhos concretizam-se quando a semente germina. E o futuro vinha aí. Uma filha aproximava-se!
Alguns amigos, bastante curiosos, perguntavam-me:
- Que vais fazer para o campo? Nada percebes de agricultura.
E eu sempre respondia:
- Vou plantar dentes-de-leão azuis! Vou crescer vida! Vou ser feliz!
- Dentes-de-leão azuis!? - Retorquiam - Mas estás doido? Isso não existe! Ao menos, planta algo que te dê pão.
Mas eu não ouvi. Limitei-me a persistir.
Foi num pequeno planalto, protegido pelos braços dos montes e que logo pela manhã era acarinhado pelos raios de luz, que decidimos semear os nossos sonhos. E instalamo-nos numa pequena casinha de madeira.
Passados uns meses, as cegonhas cor-de-rosa chegaram. A Ana nasceu e a nossa família cresceu. Para agradecer a bênção recebida, plantamos uma romãzeira ao lado da casa. Aí, mais tarde, colocar-se-ia um baloiço para a nossa filha voar.
A chegada da Ana renovou a nossa esperança e reforçou o carinho com que tratávamos a terra.
A nossa filha foi crescendo e amava a terra. Tinha uma ligação especial com a romãzeira, que tratava por irmã. Deliciava-se com as nossas histórias e vibrava com os dentes-de-leão azuis.
Mas o tempo foi passando e nada de dentes-de-leão. Muito menos azuis.
Avizinhavam-se novas mudanças e decisões eram necessárias. Numa noite, após o jantar, disse à minha mulher:
- Querida, a nossa filha vai para a escola e necessitará de mais apoio e de material escolar. Até hoje mantivemos o terreno dos dentes-de-leão livre, mas se calhar chegou a hora de isso mudar. Que achas?
A Ana, que ouvia a conversa, agarrou-nos as mãos e, levando-nos até ao campo vazio, disse:
- Pai, Mãe, não desistam. Aqui haverá sóis interiores! - e libertou, sobre o lugar dos nossos sonhos, as lágrimas que tinha no rosto.
Comovidos, pegamos na nossa filha e, sem nada dizer, confortamo-la no nosso abraço e, fomos dormir.
Talvez fosse mero acaso, talvez fosse pelas lágrimas. Mas, no dia seguinte, os dentes-de-leão floriram azuis.
Ah! Eram qualquer coisa de fantástico. De noite, faziam a aurora sorrir. De dia, entoavam as melodias do vento.
Tinham características especiais. Pois nascidos do amor, quando colhidos com ternura, libertavam o pólen da luz e o calor da renovação. Eram, tal como a Ana havia dito, autênticos sóis interiores.
Em pouco tempo, éramos notícia internacional. E eram tantas, as pessoas que os queriam ver e comprar.
No entanto, a Ana dizia:
- Não são para vender. São para oferecer aos que necessitam de sonhos.
também disponivel em:
http://inatingivel.wordpress.com
http://plenoazul.wordpress.com
Na janela do devaneio
A lua prateada apaga-se
No pardacento da noite
Os sentires transmutam-se
Na saudade perene
Os pensamentos voam
Os sonhos aparecem
Na janela do devaneio
Do meu olhar ardente
Na melodia das palavras
Das notas poetadas
De uma canção sufocante
De mim simples mortal
Perco-me na intemporalidade dos sonhos
Dos quereres asfixiantes
Nesta noite Outonal
Onde o nada é tudo
Na imaginação de ti
No sufoco de mim
Só eu e o ilusório imaginado
Neste poema delineado
Pela alma privada
Que sente como gente
Escrito a 29/10/08
http://saboreamo-nos.blogspot.com/2008/10/sente-como-gente.html
Capítulos ao vento
Há um morro a desbravar
Mil tropeços no caminho
Um livro que vai a meio
Todo um céu que adivinho
Não há mal que me demova
Atalho ou encruzilhada
Meus passos voam nos céus
Respondem à voz de Deus
Chegam ao cimo da escada
Já prefaciei os sonhos
Dei-lhes asas de condor
Capítulos feitos de vento
Um mundo de sentimentos
Palavras cheias de amor
Maria Fernanda Reis Esteves
50 anos
Natural: Setúbal