Amores das Quatro Estações
Amores das Quatro Estações
Primavera
Primavera, meu amor, sós no campo,
verde pontilhado de mil mariposas
poisando em flores num frenesim
de cor enquadrado a ouro do sol.
As aves entoam cantos de louvor
doando aos sentidos a alegria.
E nós, de mãos dadas, caminhamos
suavemente, olhares no infinito
que se quebram num beijo de amor,
promessas de um futuro próximo.
Mas vogamos nesta natureza viva,
cada quadro é projecto dos dois.
Verão
Sob o sol escaldante, nossos corpos
se banham na água fresca do regato,
numa perfeita osmose com a natureza,
nus, inquietos de paixão, sedentos...
Te abraço, te beijo, te toco, tomo-te,
cicio amor e desejo, louvo-te a beleza.
Sem fadiga, rolamos na areia quente,
trocamos forças, risos, gritos e ais,
saciamos os nossos olhares ternos
em eternos olhares plenos de ternura.
Amantes, cúmplices de um todo único,
doamo-nos cientes que somos um só.
Outono
Este Outono cálido, envolveu-nos,
no caminho da ribeira que canta,
onde, abraçados, rimos de nadas,
beijámo-nos, furtivos amantes,
subimos a serra que do verde
se despedia em folhagem caída,
tapete e leito nupciais de nós,
ornados por sinfonias de adeus.
Quanto disséramos, não sei, importa?
Mas jurei com solenidade ao céu,
outro Outono seria nosso anfitrião,
por isso, meu amor, não me culpes
que este inverno, onde te aconchego,
eu desejar que passe mais depressa,
assim como a primavera e o verão...
Desejo outro Outono da tua nudez.
Inverno
Inverno que de branco se veste,
permite-nos refugiar na cabana,
da serra, em busca desse calor
que os nossos corpos desejam.
Isolados, cerramos a mente
às preocupações quotidianas.
Deitados em montes de peles,
beberricando licores de mel,
embriagamo-nos de doce torpor.
Ora adormecidos, ora acordados,
nossos corpos se satisfazem,
nossas almas se matrimoniam.
Lisboa, 08/06/2015