Decifra-me
Que importa meu rosto
Se é nas palavras
Que me encontras?
Que importa meu corpo
Se é nos versos
Que me revelo?
Decifra-me num Poema
E encontra-me por aí...
encenação
tem dias
quando pego o caminho
me deparo com a multidão
indo
e vindo
dispo-me dos
meus sentimentos
ficando a observar
somente
e me pego a pensar
o que se passa
em cada mente.
conforme as expressões
faciais mais evidentes
acolho no pensamento
para levar ao
palco dos inventos
assim nasce
alguns dos poemas
em penas
apenas
...
durante a encenação
sempre existe um ledor
interessante
por me deixar sorrindo
ao me confundir com
o personagem
e acaba por escrever
um oposto
como réplica da mensagem.
fico sempre a imaginar:
o que escreveu é de verdade
ou inventou por
pura maldade?
acolhedores
como fogueira
crepitante
em fria noite campestre
/fria tanta
que nem a lua
comparece /
mesmo que
juntas ao longe
estrelas incendeiam
dando impressão
que a via láctea inteira...
aquecem/
são teus versos
que confortam
e do meu frio
se compadecem
O Sangue Das Flores
.
O Sangue Das Flores
Pergunto-me incessantemente
porque morrem as flores
sobre os corpos quentes
donde brota
em cascatas de perfume inebriante
a essência do leito?...
e ...
não adianta gritar ou calar
- ó extremidades indejadas!-
não adianta falar e escutar
- ó fragilidade do comunicável!-
nada as amparará
murmuram os jardins
em curvatura de finados:
- morrem para ti.
(o que é diferente de
morrem por ti)
LSJ , 120520132138 A Madrugada Das Flores
Minha solidão
A minha solidão
não quer compartilhar
de companhias vazias,
só para encher o lugar...
Minha solidão se incomoda
quando está numa roda
de gente vazia.
Ela sempre tem companhia:
Está com a imaginação,
está com a poesia,
está com meus “invisíveis”...
Está com coisas impossíveis
de qualquer um entender...
A minha solidão,
quando vem me ver,
vem para conversar comigo...
Quem tem uma solidão compreensiva,
não se sujeita a ter
“amizade” nociva.
A.J. Cardiais
"As fendas do meu poetar”- Soneto
"As fendas do meu poetar”- Soneto
Quero só papoulas em meu jardim
Alicerces firmes em minhas paredes
Costurar poemas, bordá-los em mim.
Palavras sutis, tecendo as redes.
Nua de pudores, despir os sonhos.
Emprestar a vida, sorriso e asas.
Deixar as malas, de sonhos bisonhos.
E destemida, escancarar vidraças.
Na florescência da fé achando o prumo
A cada ciclo da vida deixar-me morrer,
Nessas idas e vindas, renovar-me, renascer
Quero nesse compasso traçar o rumo.
Pelas frestas do meu sonho viajar.
Preenchendo as fendas do meu poetar.
Glória salles
A Brisa
.
A Brisa
Ó meu amor
que eu tanto queria
falar-te ! ,
que da canção onde o silêncio
verte , a dobra de teu lençol
é feita de beijos bordados
na boca que os olhos saboreiam ,
desprendo o meu ... ai destino !
ó círculos que entoais brancura
cruzada nos punhos rendados , a galope ! ,
da minha camisa onde a tua marca
me proteje dos monstros
de todas as noites que eu rejeito
mas que teimam em suas feições , disformes !,
em atormentarem a candura do sonho
que tu , qual tapete florido ,
estendes à minha entrada , inesperada !
ó , e no entanto , toda a vida , guardada !
e ainda há quem possua a certeza
que os corações não sabem ou desconhecem
a razão das razões
como se fosse possível ver a cor , da flor ! ,
por dentro do vermelho que a glorifica ...
para quê , amada minha , buscar faces
que não trajam a nossa roupa ?
para quê , minha doce sinfonia ,
querer a partitura na gaveta
dum tempo sem maestro ?
ah , música do meu tão súbito acorde !
e ... quase a descair na tua sagrada fonte
o pescoço a pender
na tua água !
ah triunfo ! que te exclamo fusão redentora
desta minha tão trémula mão , ó minha senhora !
nem que hoje
eu morra ...
aqui !
nem que hoje
eu não seja mais ...
alegria ou pranto
erguerei na alumiação cristalina
deste céu de rubis , a tua grinalda , ó ventura !
Ah , palavras ... modos ...
todas e todos tão redigidos sem nexo
por mim !
que do sentido e coerência do feito
nunca nada soube e no meu tão desorientado percurso
nunca o nunca foi tão sempre ...
ah , que me reviro , no rebentar dos canhões !
destas armas que Camões tão nobremente enalteceu !
e eu que dele nada aprendi
a Vaz endosso mil perdões
por tão indigno representante
da lusíada eu o ser
vês , ó amor , ó querida que me és , tudo !,
vês porque a bandeira grita a meia-haste ?
implora-me o estandarte rubro da minha escola :
"cala-te , ó alijador do canto primeiro ! "
Sim , calar-me-ei ...
todavia , "a terra move-se"
e move-me ...
o meu amor
por ti ...
LSJ, A Madrugada Das Flores
Apresento os meus mais sinceros agradecimentos a:
Daniele Dallavecchia, minha mulher, pelas palavras escritas em A Brisa
e ao poeta LuciusAntonius pelo comentário em Tu Lá Tu Cá
E ... (Despedida)
Em Portugal aumenta , em todas as classes etárias , de forma preocupante , o número de suicídios .
E ... (Despedida)
E ...
podemos gritar
mas é proibido
e ...
podemos chorar
mas é proibido
e ...
podemos rir
mas é proibido
e ...
podemos protestar
mas é proibido
e ...
podemos reivindicar
mas é proibido
e ...
podemos exigir os direitos
promulgados e consignados
mas ... - é proibido !
e ...
podemos cumprir as nossas obrigações
mas é ... - proibido !
e ...
temos os nossos deveres
mas ... é ... proibido ...
e ... afinal ,
que poderes nos proíbem ?...
E ...
a ti e a mim , em luta pelo Bem ,
com os olhos postos na liberdade
firmes na palavra
neste tempo controverso
nós ...
o pronome a quem esgotaram o corpo ...
Luiz Sommerville Junior , 0206201200:04
“Necessidade vital” - Soneto
“Necessidade vital” - Soneto
Diz que estou na sua veia, e sou soro vital
Dele quer se munir pra que aconteça a vida
Pra encurtar o caminho da distância abissal
Procura o som da voz, que cicatriza a ferida
Pra dizer que me ama, tece doces poemas
Faz brilhar em meus olhos, um raio de sonho
Nos versos diários narra todas as cenas
Ao ler antevejo o olhar brilhando, risonho
Conhece meus relevos, esquinas e vãos
O percurso das mãos que arrancam gemidos
Que inunda canteiros ascende os sentidos
Cada segundo é munido de muita paixão
E mesmo que o tempo seja nosso algoz
É mais que infinito esse pouco entre nós
Glória Salles
27 outubro 2008
16h38min
Jogos de palavras
Não sou idiota.
Antes o fosse...
Antes o fosse e faria jogos de palavras contigo,
Alterava o sentido das coisas,
Quebrava as regras,
Mudava tudo...
E se idiota fosse,
Tudo teria mudado.
Os sentidos,
As regras,
Tudo!
Mas nada mudou...
(Ou mudou?)