Poemas, frases e mensagens sobre mulher

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares sobre mulher

Sobre Ser Mulher

 
Sobre Ser Mulher
por Betha Mendonça

Mulheres só entendem o sol a amorenar sua pele, o vento a lhe sussurrar segredos aos ouvidos, as águas a acariciarem o seu corpo, enquanto a lua enlouquecida faz-lhe confidências de amor.

Mulheres entendem o cântico dos pássaros, o gargalhar da felicidade, o pranto dos desvalidos, a angustia dos solitários, o coro dos anjos na dança das marés, fases da lua e dos hormônios dentro de si.

Mulheres gostam da chuva que cai do céu e daquela que as molham por dentro, até transpirarem por cada poro o perfume envolto na aura mágica do êxtase.

O entendimento feminino vem da terra que semeia no seu ventre frutos de santidade ou pecado, e, do fogo da sabedoria que lhe incendeia na mente a essência do poder da vida: o barro da terra crescendo sob seu ventre por meses a fio, os seios pesados de alimento, o corpo crescido, a alma elevada até a explosão de novo ser.

Entender vem do saber-se inteira, tendo algo a completar-se a cada dia, na poeira da estrada que às vezes cega os olhos pela paixão por um homem que só é verdadeiro nos seus sonhos, por que o sonho mata a fome e a sede de desejo que lhe massacram corpo e a alma.
 
Sobre Ser Mulher

Quer dançar comigo?

 
Não sei se sei dançar nem quero saber
Se eu pisar seu pé, seu pé pisei
Ninguém vai condenar pois é de lei
Encantos da mulher obedecer

E pode pôr no ar o que quiser
Tango, balada ou pimba sôr DiJay
A cantada mais linda eu já escutei
Está fresca nos lábios desta mulher

Depois não diga então que eu não tentei
Que um pé pisou seu pé ou que a beijei
Que até a minha mão foi atrevida

Pois se o seu corpo o meu corpo convida
Que se abra a pista à vida e viva a vida
E p´lo seu corpo à vista eu dançarei

Inspirado no soneto de saraabreu: "para o baile"
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=290598
 
Quer dançar comigo?

Menina e mulher

 
Foi assim que a conheci,
quase uma menina ainda,
vestida de inocência,
mas já audaciosa e provocante.
Acabou por ser uma rainha,
um tesouro bem guardado,
acalentando meu coração.

E eu sorria,
enquanto você permanecia
com a túnica da inocência.
Uma garota apenas,
que eu gostei como menina.

Depois a reencontrei,
num belo corpo de mulher,
às vezes mergulhada
em tantas ansiedades...

Uma garota sensível e carente,
trazendo em si uma mulher desejosa,
uma fera aprisionada
no seu corpo virgem e inquieto,
ainda amedrontado
mas antevendo o prazer
que poderia dar e sentir.

Seu desejo apreensivo,
irrequieto, nervoso,
desejando romper as grades
que o aprisionam
e finalmente explodir
na plenitude de um orgasmo,
satisfazendo os desejos ardentes,
que castigam seu corpo casto,
queimando sua pele morna e macia,
arrepiada de tentações reprimidas.

Seu corpo inocente e ainda imaculado,
ansioso por se iniciar,
descobrir os caminhos do amor sensual,
sentir os eflúvios de um gozo pleno,
satisfazendo seus instintos
de fêmea voluptuosa e tão cobiçada.

Então a amei como mulher!
 
Menina e mulher

A MULHER, É A MAIS BELA DAS FLORES

 
DIA DA MULHER

Acabei de fazer uma soneca
E venho levado da breca
Para começar a escrever.
Sobre o quê? sobre a mulher!
Dela não há nada a dizer.
Sim! Todos sabem que a mulher
É um símbolo de beleza
É um símbolo de amor
E também sabem com certeza
Que a vida nela é concebida.
É a mais bela das flores
Ela é orquídea, ela é rosa,
Quando esposa é um primor,
Como mãe é a mais querida,
Seu corpo é uma prosa
Uma enciclopédia da vida.
Festejá-la só num dia
Acho que é puro engano
Sabemos que ela merecia
Elogiá-la todo o ano.

A. da fonseca
 
A MULHER, É A MAIS BELA DAS FLORES

Apenas Mulher

 
Apenas Mulher
 
se eu tivesse que ser flor, com certeza
não seria rosa e nem dália...
seria bromélia.
nasceria pendurada
na árvore que faz sombra
pra tua janela.

seria tua sentinela!

velaria teu sono a noite inteira,
e ao amanhecer, saudaria teu despertar
espreguiçado... teus braços estirados...

se eu fosse brisa...
seria arejos de montanhas,
que invade vales
deslizando por baixo de ramas...
despentearia teus cabelos
e abrandaria o calor
do teu corpo quente
e cansado...

se eu fosse água...
não queria ser de mar
e nem de rio,
tampouco de cascatas...
queria ser água de chuveiro,
pois assim, desceria todos os dias
no teu corpo inteiro...

se eu fosse fogo, queria ser de lareira...
aquelas chamas que aquecem
em tardes de inverno...
ficarias aconchegado e quentinho,
com vontade de degustar vinho...
e se fosse pra ser bebida,
com certeza seria este vinho
pra te aquecer mais ainda...


se eu fosse sol...
se eu fosse lua...
se eu fosse estrelas...
surgiria na cor azul
do céu de baixo da clarabóia
do teu quarto

se sol eu fosse,
não deixaria teu pensamento
escurecer. de amanhecer a
amanhecer sempre irias
me perceber.

se tivesse que ser lua,
faria festa em todas as fases
quarto crescente nos beijos,
pra quando ficar cheia,
ser prato sedutor de ceia...

quando minguante,
[interessante...],
ficaria seminua aos poucos,
até ficar nova... e nua!

eu sendo estrela,
seria cadente no teu corpo
deixando rastros de fogos
com afagos ou explosões de luz...

queria ser tudo a ti...
qualquer dia, hora... minuto qualquer
super poderosa sempre!
mas não posso...

sou apenas mulher!
 
Apenas Mulher

Que planeta é esse?

 
planeta em rotação,
num só tempo
multi ações...

veste-se
e despe-se
segundo a segundo
as estações

que outro astro
se revela
com tantas facetas?

de qual nebulosa
surgiu misterioso
e complicado planeta?

mulher, mulher
quem dar-te-ia
plausível definição?
 
Que planeta é esse?

Mulher na Zona (microconto)

 
Mulher na Zona
by Betha Mendonça

Vestida para “matar” ela caminha até a porta e pergunta:
- Trigésima sétima?
- Quarta sala.
Tímida - apesar da experiência de anos - olha em volta: homens e mulheres da todos os tipos. Alguns com ares de satisfação. Outros, entediados por estar ali apenas a cumprir obrigação... Na sua vez não vacila. Aproxima-se da mesa. Identifica-se. Urna eletrônica: dois dígitos e confirma. Mais um voto concluído na 37ª zona!

(rebublicação)
 
Mulher na Zona (microconto)

" Mulher, mulher"

 
" Mulher, mulher"

Uma semente
enviada na terra
com a graça de
gerar frutos,
produzir flores,
exalar alegria!
Sua sombra
e proteçao acolhedora,
em silencio, em falas,,
em risos, em dor,
sofre, luta,
mas nao desiste!
A chamam de fragil
por ser delicada
como um jardim colorido,
mas no interior
e forte,feito rocha!
Se desaba em lagrimas
consegue converter
o pranto em sorriso
e começar tudo outra vez,
por ter raizes firmes
e especial,
e mulher,
Mulher!

p
pranto
em sorriso
 
" Mulher, mulher"

TÃO QUENTINHA... QUE ATÉ FUMA

 
As mulheres têm uma
Os homens podem se servir.
Tão quentinha que até fuma
Enorme, como um menir.

Quando nós lhe pedimos
Para ela a nos mostrar,
Nós vemos, nós sentimos
A vontade de negar.

Mas para mostrar que é mulher
Ela a despe com o coração.
Mas não é a um qualquer
Que ela a mete à disposição.

Primeiro, ela se informa
De o porquê do pedido.
Mas nem sempre é por norma
Ter o seu acordo acedido.

Mas como nós somos felizes
Da sua aquiescência...!
Pois que está nas suas raízes
Essa bela inteligência.

A. da fonseca
 
TÃO QUENTINHA... QUE ATÉ FUMA

mulher

 
Mulher teu sentimento tao grandioso de amor se reflete nas dores do parto
Pois apenas um amor incondicional poderia sentir tanta dor para dar a luz ao filho que so no seu ventre encontrou o verdadeiro afago
 
mulher

O TEU DOM MAIOR É AMAR

 
O TEU DOM MAIOR É AMAR
 
- Dia Internacional da Mulher - 8 de março-

*
Na chama que arde o amor
arde também o preconceito
arde trabalho escravo
exploração, desrespeito...

ah!...operária a tua grandeza
na repressão encarcerada
na força do ideal a tua beleza
pra posteridade, iluminada...

audaz na luta pelo direito
caminho tortuoso tantas vezes hostil
não desiste, transmuta o caos dentro do peito
doçura, é a cor do teu perfil!

não há voz, cruel silêncio
déspota que ao respeito transgrede
passa pra Historia aquele Março
das cento e trinta em única lápide!

reflete hoje um símbolo de mudança
o coração feminino em ritmo profundo
nos arquivos da vida, a tua história ainda avança
pra consolidar o teu espaço nesse mundo...

maravilhosa!...o teu dom maior é amar!
bem aventurada seja em teu viver
na lida, na vida, no amor
todos os dias são teus oh!...Mulher!

Maria Lucia ( Centelha Luminosa)

Parabéns a todas as mulheres do Luso Poemas, e com especial carinho, às que me visitam com frequência nesse espaço.

Beijos e abraços!!


Neste dia oito, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve, ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas operárias que, nas suas 16 horas, recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 129 mulheres morreram queimadas. Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, em homenagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". De então para cá o movimento a favor da emancipação da mulher tem tomado forma, tanto em Portugal como no resto do mundo.

Fonte: http://www.portaldecubatao.com.br/manchente_080303_diamulher.htm
 
O TEU DOM MAIOR É AMAR

COMO AS MULHERES ROTULAM OS TIPOS MASCULINOS BRASILEIROS...

 
COMO AS MULHERES CLASSIFICAM
OS TIPOS MASCULINOS BRASILEIROS...

Nas minhas tantas andanças por aí com as irmãs, primas, conhecidas, amigas, namoradas e esposas, pude ao longo do tempo realizar uma pesquisa acurada e deveras interessante a respeito das diversas denominações que elas nos atribuem (nós, brasileiros, do sexo masculino). Vejam só:

VIADO(assim, com "i" mesmo): como uma mulher denomina o homem quando este diz, assim, na seca, que simplesmente não quer nada com ela.

BROCHA: como uma mulher denomina o homem quando este, deliberadamente ou não, ignora as investidas e insinuações dela para cima dele.

GALINHA: como uma mulher denomina o homem quando este diz que quer algo só com as outras.

TARADO: como uma mulher denomina o homem quando este diz querer fazer tudo e mais alguma coisa com ela.

CAFAJESTE: como a mulher denomina o homem quando este diz que quer fazer tudo com ela, mas com as outras também.

CANALHA: como uma mulher denomina o homem quando este lhe dá muito prazer, mas também dá o mesmo prazer para outras.

FILHO DA PUTA: como uma mulher denomina o homem que teve com ela um teretetê isolado e nunca mais ligou de volta nem para mandar um "foi bom".

BUNDÃO: como uma mulher denomina o homem quando este não sabe direito se quer mesmo ter alguma coisa com ela ou não.

SEM-NOÇÃO: como uma mulher denomina um homem quando este a pede em namoro.

LESADO: como uma mulher denomina um homem quando este a pede em noivado.

RETARDADO: como uma mulher denomina o homem quando este a pede em casamento.

CORNO: como uma mulher denomina o homem quando este já está casado com ela.

CORNO-IMPRESTÁVEL: como uma mulher denomina um homem quando este pede a separação.

TROUXA: como uma mulher denomina o homem quando este paga as contas dela (aqui portanto o homem pode muito bem ser um trouxa sem-noção, um trouxa retardado, um corno trouxa ou um corno trouxa imprestável. Raramente essa atribuição aparece solitária).

TESÃO (as mais modernosas dizem UM-TUDO:) como uma mulher denomina o homem que ela imagina que jamais ficará com ela (aqui tem um adendo: se, por um acaso do destino, algum dia desses ela vier a conhecer este um-tudo de homem, sua denominação será necessariamente alterada para uma ou mais das denominações relacionadas acima).

Sabem o que é pior? Já mostrei este texto para ao menos uma dúzia de mulheres e todas me confirmaram a correta definição dos termos. Infelizmente, ainda me deram os cumprimentos pelo bom trabalho realizado. Inclusive, uma das leitoras o fez dessa forma: - É isso mesmo, cara. Parabéns, seu viado sem-noção... -Infelizmente, essa última denominação eu ainda não conhecia. Vou pesquisar. Algo me diz que não vou gostar.

Gê Muniz
 
COMO AS MULHERES ROTULAM OS TIPOS MASCULINOS BRASILEIROS...

Debaixo dessa pele vive uma mulher

 
Debaixo dessa pele vive uma mulher
 
Por dentro deste corpo atravessado
Existe uma alma vadia
De baixo dessas mãos calejadas, de fado
Sê uma bruxa arredia
Os mesmos lábios que conjuram amores
Entoam mil cantigas de escárnio aos trovadores
Debaixo dessas vestes puritanas tem uma diaba
Contida, sofrida, calada.
 
Debaixo dessa pele vive uma mulher

Mulher ao Mar

 
Mulher ao Mar
 
Mulher ao Mar
by Betha M. Costa

Existe um lado mui belo por trás das sombras,
A abrir os espaços e correr com seus passos,
Dentro da nesga mágica dessa tela lhe saber.

Sou o delírio e é aqui morada dessa paixão,
A espalha-se poeira por esquinas e multidões,
A procura de você dentro de todo o mundo.

Vivo num navio encostado em porto seguro,
Estou aqui presa e me sinto como em você:
Um barco na tempestade a gritar ao vento.

Diga-me como atracar ao cais do seu coração,
E tomo o barco, pago qualquer preço ao condutor,
Ou lanço-me de vez ao mar só a nadar e nadar...

*Imagem Google
 
Mulher ao Mar

As tuas linhas

 
As tuas linhas
 
És mulher que vem assim, em nuas linhas
Se abrindo só para mim, são todas minhas
As palavras de prazer em que me roço
Deste o ventre até à linha do pescoço

És presente em cada letra, a conta gotas
Vens a mim insinuando as mãos marotas
E em cada verso e laço que eu desenlaço
Vou sorvendo, relendo cada pedaço

E cada pausa, cada virgula entrecortada
É um suspiro que tu dás aliviada
É uma língua já cansada de entreter

Mas logo abaixo outros gestos adivinho
E me apresso a desvendar esse caminho
Que só tu, sendo mulher, sabes escrever
 
As tuas linhas

MISTERIOSA CHAMA

 
És mulher com um decote aberto nesses dentes perfeitos
Um sorriso rasgado,nesses opulentos peitos,
Com esse olhar que me penetra as profundezas do meu ser..
Até me pergunto o que tu para mim podes ser?
Será que vale a pena melhor te conhecer?
O teu nome rima com alguém que se ama..
Ao ser mais uma vez invadido por esse teu olhar
Pergunto se não quero arder nessa tua misteriosa chama,
Será que és uma mulher só de ir para a cama?
Ou então o teu olhar é de uma mulher que me engana?

Não me tenho até em tão má conta;
Apesar de me custar a acreditar;
Que em tão pouco tempo,nos possamos já amar..

SEMEANO
 
MISTERIOSA CHAMA

Devaneios

 
Sou mulher, sou sonhadora... às vezes desisto, em outras sou lutadora...
Ando com a cabeça na lua, mas também ponho os pés no chão, na rua..
Gosto do som e cheiro de chuva, do cheiro de quem eu amo...
Chego às nuvens quando feliz, mas vou ao calabouço, por um triz...
Que coisa, olha quem me diz
que tudo isso não é o bastante
pra viver e seguir?
A vida é bela, mas todos sabem que tem horas que o coração gela.
A vida é fogo, e todos sabem que todo mundo de louco tem um pouco.
O afago de um cão, o canto de um passarinho,
o farfalhar das folhas nas árvores, o caminho de um lagartinho....
O bailar das borboletas, em dias cheios de sol, um girassol...
Carinhos nos cabelos, um beijo roubado...
Tudo vale a pena quando, um dia, o sonho torna-se real...
Quando o que se espera sai do virtual...
E entra na nossa vida, entra para ser eterno, imortal.
 
Devaneios

Ser Mulher

 
Ser Mulher
 
 
Ser Mulher é...
trazer nos genes a força, a coragem,
dar incondicionalmente de si,
amar sem pedir nada em troca,
parir para perpetuar a vida,
sofrer calada,
dançar, cantar, sorrir,
mesmo que a dor lhe estrangule a alma,
espalhar esperança onde ela já não exista,
esgotar-se em dobradas tarefas,
cuidar primeiro dos outros
e abdicar, por amor, dos direitos mais elementares,
nada exigir dos demais
e exaltar a Deus o pouco que lhe foi destinado.

Ah, mas ser Mulher, pode também ser
beleza, alegria, paixão!
Tudo isto num só dia...
Este ser, perfeito e único
faz da vida uma festa
e não se cansa de agradecer ao Senhor.

Maria Fernanda Reis Esteves
48 anos
Natural: Setúbal
 
Ser Mulher

HOMEM-OBJETO

 
HOMEM-OBJETO

Eu estava compenetradíssimo. Encorujado num canto, bailava há certo tempo com a tal valsa que dos trens se desprende, aquela melodia monocórdia e monótona que nos convida a ser par da dança sob os chacoalhos dos trilhos, ruídos em compasso ternário. Embalo que, via de regra, coloca-me num estado de estupor, assim como uma criança de colo que se entrega ao sono quando a mãe cantarola um “nana nenê”.

Embora o conhecido aperto dos assentos dos trens suburbanos, julgava-me bem confortável com o queixo quase colado ao esterno, a cabeça direcionada para um livro firmemente preso dentre os dedos (as mãos firmes de puro receio, pois já tive a experiência de uma vez um livro voar ao longe, direto para a testa de um pobre senhor que cochilava ao lado quando de um solavanco descontrolado do vagão).

Foi aí. Nessa resoluta e amorfa rotina diária. Foi aí que a coisa toda aconteceu. À parada regular de mais uma das tantas e quantas estações. É como eu já visualizasse a sua presença iluminada a romper a abertura da porta eletrônica. Emoções programadas com antecedência, de uma forma tão surpreendente quanto aguardada. Eu, como um daqueles enormes tigres a pressentir no ar a aproximação da presa, munido de uma deslavada naturalidade, despreguei calmamente os olhos das páginas do livro para, vagarosa, meticulosamente suspender com classe cabeça e olhos (primeiro para não me assustar com o que certamente veria, depois para não alarmar ou espantar a própria visão). Foi batata: Ela estava lá. Ela...

A primeira coisa que captei foi o pé calçado de um sapato de salto muito alto, enlaçado numa cor pink, com aqueles dedinhos redondinhos e perfeitos de unhas pintadas de branco com uns minúsculos desenhinhos de flores no meio - tão em moda por essas paragens... - Na seqüência, a canela absurdamente bem torneada e imaginada por debaixo da calça jeans desbotada. Em seguida eram coxas... Ah, que coxas... Eram daquele tipo que todo sacana que se preza sonha em ter abertas na sua cama e suspira ao folhear as revistas masculinas. À medida que a vista avançava - e como era de se prever magicamente desde que comecei a observar os pés - cintura e umbiguinho estavam todos de fora. Porque uma mulher daquela tem plena consciência do material que tem à disposição e não se permitiria cobri-los por qualquer falso pudor... De cada lado da calça (de cintura um tanto baixa), pulavam aqueles espetaculares ossos frontais da bacia, muito espetados, realçando ainda mais o contraste da retidão do abdômen queimado. Na lateral do ventre, em direção ao dorso, ornava uma tatuagem muito colorida e divertida de uma fadinha sentada, risonha, sobre uma meia-lua. “Ah, que menina lúdica essa”, já precipitavam as frases de apoio em meu pensamento enfeitiçado...

E foi justo nesse ponto que eu titubeei. Foi até um tanto triste todo aquele medo. Porque parei e me perguntei: "opa, opa... para que continuar a olhar isso, meu irmão? Pra que sofrer desse jeito com essa visão?" Ah, mas isso durou apenas uma fração de segundo. A raça “homem” não costuma ser muito filosófica nesses claros momentos onde a biologia é a matéria a ser estudada e não a dialética. E foi assim que a curiosidade ganhou longe do sofrimento psicológico... E foram-se os olhos, como uma boa câmera de filmagem nos estúdios de uma pornô-chanchada, com o registro do seu honorífico trabalho.

Então vieram, pela ordem: aquela blusinha branca apertada de algodão muito decotada; o colo longilíneo e firme dos seios - que eram um verdadeiro outeiro dourado que refletia os raios do sol - e aquele pescoço... assim, bem longo e dando fim aos cabelos lisos e muito negros, como os de uma delicada oriental. Mas eu sabia (sem saber) - como sabia sem saber que o umbigo haveria de estar a descoberto - que ela também era linda de rosto. Acho que sabia até antes mesmo dela entrar naquele trem, em qualquer trem... Meus olhos constataram apenas certezas ao verificarem aquelas realçadas maçãs rosadas e queimadas, o nariz pequeno, fino e arrebitado e os olhos enormes e negros, mas tão negros... Eram tão negros que eu me perguntava: “Como alguém pode haver olhos dessa negritude que sejam tão brilhantes ao mesmo tempo? Como poderia haver tanta luz escapando do abismo da escuridão?” E todo esse passeio pelo universo carnal daquela mulher não durou mais do que, vai lá, uns cinco segundos...

Seria mesmo impossível ser indiferente àquela. Nem o mais apaixonado dos homens, o mais fiel deles, poderia ignorar uma fêmea que representava tudo aquilo que significa ser do pólo feminino. Não. Não haveria como. Nem tive muito a curiosidade de verificar como os outros homens reagiam àquela visão. Seria perda de tempo.

E não é que ela se movimentava justo em minha direção? Aquilo mexeu tanto com meus nervos que nem notei que logo ao meu lado vagara um assento. Pois ali mesmo, colada em mim, perna roçando perna, cotovelo triscando cotovelo, ela se sentou um pouquinho atrapalhada com as duas sacolas de compras e mais a bolsa que carregava. De minha parte, só podia achar o embaraço charmoso e bonitinho. Depois, ajeitou-se soltando aquele suspiro de cansaço e, sem titubear, perguntou para mim, assim, na lata, as horas. Que impertinência da moça... Assim, as horas, as horas... “Que diabos importariam as horas?” Queria falar para ela que as horas pararam junto com o meu coração quando ela pôs aqueles pézinhos lindos naquele trem e que, para mim, os trilhos corriam para o sol, ao infinito... Se bem que para não causar tumulto, limitei-me a dizer mesmo, na seca, apenas “as horas”. Falei naquele jeitinho mentiroso que apontavam os ponteiros do meu relógio.

Constatei que a partir dali e até que ela se fosse, eu estaria irremediavelmente perdido. Completamente. Estava tão fora de mim que nada me vinha a não ser apreciar e sentir a presença dela. Veio-me inclusive a triste certeza de que perguntar-lhe qualquer coisa ou tentar o mínimo conhecê-la seria como jogar fora tudo o que eu havia me permitido interiormente, através da idealização daquela presença. E foi assim mesmo que eu fiz. Pus-me, conformado, a fingir que lia o tal livro enquanto o que captava mesmo era a minha pele com a textura da pele dela, a minha coxa enroscando levemente a dela, a minha alma arrebatada a embeber-se dos raios da bronzeada alma dela... Ela? Nem aí... Cansada, reagiu previsivelmente ao chacoalhar do trem e dormiu como um anjo diabólico, aquele do tipo que sabe do imenso poder de sedução da sua inocência.

E foram grandes momentos em que me esqueci completamente de mim e entreguei o corpo àqueles feromônios que pairavam no ar. Porém, tudo que é bom e puro e certo é violentado pelo tempo, esse monstro facínora, esse assassino de toda e qualquer ilusão. Porque, depois de algumas estações adiante o meu belíssimo pecado levantou-se graciosamente para partir com suas sacolas. Percebi nela o derradeiro detalhe: uma tatuagem no antebraço direito onde reluzia grafado entre dois coraçõezinhos vermelhos, em escuras letras corridas e tombadas, o nome: “Lucimar”.

Ai, ai, ai... francamente... Lucimar?! Que raios de nome de amado é esse? Que me desculpem Lucimares de plantão, mas um nome desses a conspurcar eternamente aquele templo de corpo, aquela pele de fogo... Ah, mesmo que achava: Não pode ser um “Lucimar” suburbano qualquer objeto de tanto afeto de uma deusa como aquela e, ainda por cima, merecer registro definitivo em seu corpo, como fosse aquele nome dúbio o mais belo nome dentre os belos nomes... Lucimar, doeu.

Justamente nessas horas de profunda contradição de sentimentos, minha mente toma rumos ignorados. Desejei de todo o coração que meu nome fosse Lucimar – mesmo sabendo que correria o risco de ser perfeitamente possível que um nome como aquele também pudesse habitar um corpo feminino... Mas se fosse para atender os desejos dela... Quer saber? Dane-se. O tesão não tem sexo.
 
HOMEM-OBJETO

a imagem mais real de ti

 
a imagem mais real de ti
 
 
(aconselho a ler ao som da musica da melodia do poema, em piano)

apaguei a luz do dia
para ter a certeza que não era noite
e que eu não dormia
(sonhos da noite são mentira)

então criei um sonho para ti
o mais puro e autêntico
sonhado à luz extinta

destruí todas as palavras
para poderes ser perfeita
enganei as ilusões
para não seres fantasia

a escuridão se disseminará
na noite que está para chegar
e eu tenho a certeza
que mais não vou sonhar
e pela manhã eu terei a leveza
da tua voz e do teu sangue
espalhados nas folhas verdes
que se dissiparam no vento

não há que enganar
amanha vou ouvir a tua voz no mar
onde gaivotas de vão beijar
vou ver o teu sangue no pólen das flores
onde abelhas te vão acariciar

eu saberei ao certo que és tu
porque tudo tem teu nome
gravado na força desta poesia
onde as palavras são esquecidas
para desaparecerem neste dia

não pode restar sombra de duvida
nem o mínimo rasto de mentira
nesta improvável confissão que senti

senta-te ao piano e toca
a melodia de mozart - greensleeves

agora sim tenho esta verdade:
és para mim a imagem mais real de ti
 
a imagem mais real de ti