"Certo querer..."
"Certo querer..."
Uma longa espera...
Pelo que nunca veio e talvez jamais venha.
Um querer provar outro gosto, outro bocado.
Perco-me nas voltas que traço
E meus territórios abertos
Mostram-me o horizonte longe demais.
Inalcançável aos meus olhos...
É querer esse “nada” cheio de mistérios.
Outras palavras, antes jamais ditas.
Rios que querem fluir, ir ao encontro
Do mar desconhecido, assustador.
Ao mesmo tempo o medo
De ficar a deriva, num mar bravio...
É me olhar do alto de mim.
Nada entender, ainda assim me permitir.
É o querer ser o que digo
E o que penso, sem negar, nem me esconder.
É querer o plano “B”, antes até
Da estratégia montada.
A ânsia por descobrir, conhecer, ouvir.
É contornar minhas margens
Preencher meus espaços...
E aprender a nesses vácuos...
Não tecer fios de solidão.
Confuso esse querer ir embora
De mim mesma...
Glória Salles
19 outubro 2008
20h18min
Fotografia
A escrita é a minha última fuga de silêncio
Já não tenho as horas a roer-me a solidão
Nem o tempo a velar por mim
A mesa está posta e tu não vieste
Ninguém apareceu nem os pássaros mortos
Que habitam dentro de mim
As flores continuam alegres, algumas rasgaram-se,
Permanecem quietas junto dos remendos
Onde colo a minha sombra
Abandono-me nas palavras
E cravo nas veias a juventude dos livros
A passearem-se diante da cegueira
Diurna dos meus olhos
Carlos Val
25-03-2014
Eu me perdi
Imagem Google
Eu me perdi e agora não sei voltar,
Eu me perdi sem me encontrar,
Eu me perdi mas quero estar onde estou,
Como o mar bebeu a nau que se afogou.
.
Eu quero estar como estou,
No sossego do mar eu quero estar,
Se tenho medo? Eu digo sim, sem pensar!
Sem pensar para onde vou.
.
Se tenho medo, não faz mal,
Chega um dia que é normal,
Se tenho medo, vou chorar,
Se tenho coragem, vou cantar.
.
Eu me perdi e agora sei voltar,
Eu me perdi e sei me encontrar,
Eu me perdi mas quero sair de onde estou,
Como o mar cuspio a nau que se afogou!
.
Na coragem,
Eu me achei;
E por mim,
Eu voltei.
Eu me achei!
Eu me achei!
Por onde quase morri .
(...)
.
Ana Carina Osório Relvas /A.C.O.R
Perda
Raio que risca o céu
-encontro-
a árvore prisioneira
fogueira deflagrando
-barbárie grassando
no campo-
aflição!
cegueira!
coração desvairado
bombando
desespero!
escombro…
o medo como trincheira
guerra perdida
assombro!
impotência como companheira
olhos em brasa
sufocando
a perda que nos rodeia…
18/06/2017
(Incêndio em Pedrógão Grande – Leiria)
Dói-me tanto
Dói-me tanto,
Mas não me dói nada,
Só estou ferida na mente com meus versos de canto,
Ferida sem dor física que não encanto!
Dói -me tanto,
A alma que chora,
Que chora interiormente, tanto,
Oh como me dói a alma nesta hora!
Como refolgo esta dor?
Que dói brutalmente mas não mata!
Ai se não fosse a poesia o meu amor!
Como suportaria tanto sofrimento?
Que parece que a lágrima não se ata.
Ai que dor tão catastrófica,
Que não se calcula como a matemática,
Dói-me tanto meu amor,
Não sustento esta condenada dor!
Dói-me brutalmente o peito,
Está cheio de ansiedade,
Porque o Mundo é assim feito,
O que vale são as palavras,
que inspiram-me com liberdade!
Agora os meus olhos estão gotejando,
gotejado por intuito que toda a gente cogita,
Quando acabar esta quintilha,
Eu juro meu amor que por magia os meus olhos estarão sorrindo,
sorrido deliciosamente!
Ana Carina Osório Relvas/acor
https://acor13.blogspot.com/2021/12/doi-me-tanto.html
Noite de lua cheia...
Certa feita umas crianças de um antigo vilarejo.
Estavam brincando entretidos gargalhando e felizes!
No vilarejo não havia energia elétrica era usado um lampião,
Naquela noite só a lua cheia clareava e os vaga-lumes que:
De tantos pareciam pisca-pisca de árvore de natal.
- Eles depois de exaustos pelas brincadeiras do dia, logo após o banho
E a ceia costumava ouvir as histórias de sua avó.
Que eram de arrepiar! Sentados numa calçada bem atentos; histórias de lobisomem, bicho papão, comadre folozinha, saci-pererê até mesmo de serpentes! Ela já havia falado de uma sucuri que engoliu um homem inteirinho.
Outra que eles tinham muito medo era a da tal folozinha porque sua avó dizia que ela com raiva costumava dar uma pisa de urtiga em quem a confundisse com a caipora.
A urtiga queima e arde a pele só no contato imagine ser surrado? UFF! Diziam arrepiados
E assombrados porque suas imaginações eram férteis embarcavam na viagem sonhando.
Numa dessas noites... Sua avó contava histórias empolgada -, quando então,uma criança deu um grito (aí) e todos ao mesmo tempo gritaram também o que foi?
Ela disse: Me beliscaram nas minhas costas -, foram procurar quem beliscou sem respostas.
Eles correram e pegaram o lampião procurando encontrar alguém, mas nada encontram.
Olharam uma para a outra e correram de cabelo em pé, quanto mais corriam, mas, se arrepiavam
E gritavam dizendo que um vulto os seguia. Juravam que via vultos meio aos vaga-lumes.
Será que viam uma sombra ou o medo o fizera ver uma sombra?
Sua avó também ficou apreensiva e terminou a história se perguntando o que teria acontecido de fato, naquela noite, pois sua neta tinha uma marca de um beliscão.
Todos foram dormir juntos com medo sentindo uma sensação estranha até o dia clarear e por fim ainda voltaram ao local a fim de encontrar vestígios de alguém, mas nada encontraram.
Passaram um bom tempo sem querer ouvir histórias e muito menos sentar na calçada à noite!
Mary Jun,
Guarulhos,
29/10/17
Às 22:33hrs.
fecha-se a saída
os girassóis abrem de dia,
aguardam o sol com paixão
já não reconheço o meu rosto
tal foi a destruição...
um grito perdido no vazio
dou comigo
a defender-me do medo
que só o espelho percebe,
será castigo
que minh' alma recebe?
a criança senta-se num canto
na sua boca um sorriso
outra vez a vida, o sonho
maravilha...
e a morte sem dar tempo
senta-se ao lado
logo a arrastará na armadilha,
fecha-se a saída
é este o fado...
natalia nuno
rosafogo
Anjo do mal
Anjo do mal!
Num belo dia, em algum
Lugar o que era alegria
Tornou-se pesadelo sua
Alma começou a fenecer
Foi um louco que deixou
Cair sua máscara de bom
Moço trazendo desgosto
Profundo confundindo seu
Mundo infantil; sem saber
O que fazer entender por que
Aquilo estava acontecendo
Com ela; quantos sonhos
De cinderelas e príncipes.
Mas por ali passou um algoz
Mais veloz que um cometa
Rompendo rasgando suas
Vestes descobrindo –lhe
Sua nudez preservada...
Enchendo de vergonha,
Medo e dor. Sem entender
Aquele desabar! Agora
Vive ausente olhar distante
Lágrimas tantas sem saber
Nada a respeito de um
Inconsequente- Anjo do mal!
Mary Jun
08/4/17
Guarulhos,SP
Um tema tão asqueroso na expectativa de dias melhores, que esses doentes tenham discernimento e deixe de fazer o mal para pessoas indefesas tão pequeninas. É um direito.Paz, alegria, brincadeira etc.
"Tudo muda"
O que me apavora,
não é o desvario que é içado
por minha fantasia.
Mas a incompletude
desta trama.
Amedronta-me a confiança inerte,
que mancha de fastio
o dia seguinte,
por conta do arrebatador que
se ausenta no que é previsto.
Não temo a vida
e os seus montantes fartos.
Mas o cuidado excessivo
com o pormenor que permite
a sentença negada!
Não me intimida o delírio
que sugestiona a escolta do insólito.
Insosso o trajeto delineado,
os passos seguros,
por caminhos alinhados.
Roubando a cor do prisma
Com prévia decorrência.
Escolho o inusitado risco das curvas.
No minuto seguinte...
Na primeira curva...
Tudo pode mudar.
Glória Salles
22 junho 2004
02h35min
No meu cantinho...
Onisciência
Um eco ecoa pelo vão da solidão,
Mas não pode ser ouvido por ninguém
A não ser pelo infinito - além
Pela onisciência do Deus da criação
Uma alma que grita seus ais...
Não confia noutro neste mundo louco
Todo silêncio tornou-se pouco
Porque assim. Quer o mensageiro da paz!
Mary Jun
22/04/2017
Imagem Google
http://www.eternoretorno.com/wp-conte ... 08/10/noite01-pietkra.jpg