ESTE TEMPO ME TOMA
ESTE TEMPO ME TOMA
Transfigurou-me o tempo, me abandono.
Fiquei do outro lado das despedidas
Com tanto silêncio, já me chega o sono
Trago gestos e palavras repetidas.
Goteja o orvalho é já madrugada
E eu indiferente à minha vontade
Trago da vida, a esperança estilhaçada
Sou no tempo a comoção da saudade.
Trago a fronte a latejar
Palavras me saem imprecisas
Este tempo me toma, e eu a deixar
Minhas raivas, em lentidão, indecisas.
Se ando fora do tempo é ousadia
Suspiro p'lo sol que me foge!
Vivo de sonhos e utopia
E peço ao dia que não me deixe por hoje.
Largo meu coração aos ventos
Palavras se estatelam no chão
Borbulham na minha cabeça pensamentos
E insistem as batidas do coração.
E assim, estala de novo em mim a vida
Um tesouro em silêncio abandonado
Como se voltasse ao ponto de partida
Ao final deste caminho traçado.
rosafogo
Incompleto
Incompleto
Devasta-me a vida em fogos
expansivos numa guerra imprevista
travada no extremo das estrelas
em missão e suspensão
um sorriso a arder onde o corpo
vira lápide de grafismo anónimo
fenda longa dum colectivo , sem sopro !
onde habita o tempo que me roubou
o ambiente certo para eu confessar que vivi
nem de tão pouco ler Neruda
me sobrará um minuto que seja
para declamar d´alma amotinada:
"puedo escribir los versos más tristes esta noche"
apenas num restar que não fica
porque não permanecerá
o pico do segundo inconfesso
porque demasiado breve
no qual reconheço o acto estoico
da minha inevitável confissão
um padre e um freudiano fogem de mim
não querem,temem, guardar o segredo
deste meu murmúrio
desta terra queimada
onde se consomem em lume furioso
as minhas cinzas...
Luíz Sommerville Junior , Março 2014
SEREI CONTRADIÇÃO
SEREI CONTRADIÇÃO
Meu caminho é já uma imensidade
Trago nele um cheiro a terra molhada
À noite, descanso na saudade
De dia sinto a vida a fugir, lembrança passada.
E há lembranças no meu peito em brasas
Me abandono nelas como se fossem tempo presente
Lembranças chegadas de longe, trazem asas
Impossível é o regresso é sonho sómente.
As desenrolo nas insónias, e me deleito
E nasce um sonho imenso maior que o mar
Sou livre nesta morada onde me deito
E onde fico livre só para amar.
Estas lembranças mantêm vivo meu caminho
e meu querer.
E eu persisto que meu corpo há-de resistir
Hei-de desdobrar o tempo vizinho
hei-de viver
O tempo esse ignora o meu querer,
serei contradição, saberei fugir.
Memórias que são lenha p'ra me aquecer
Que ao recordar me deixam enfeitiçada
De madrugada me deixam adormecer
Para redobrar forças nesta minha caminhada.
rosafogo
natalia nuno
Aurora
O silencio engole minutos e, logo mais, também as horas!
Rápido, com desespero, consome o tempo porque sabe que os sons já estão vindo e a vida, de alguma forma, é feroz.
Se estica e se dobra pra ter, por alguns instantes, mais de uma cor até vestir
o céu inteiro pra, finalmente, ser vítima, primeiramente, dos pássaros.
Distante de teu abrigo seguro
... Lembro-me que te aproximaste, andar tão elegante,
ligeiramente inclinado, a mão em silêncio te oferecia...”
----------------------------------------
- Distante de teu abrigo seguro-
Tentei iluminar o semblante grave, algo taciturno,
pois em breve seria a madrugada de mais um dia;
lento se acomodava nas folhas o orvalho noturno
Lembro-me que te aproximaste, andar tão elegante,
ligeiramente inclinado, a mão em silêncio te oferecia,
mal pude a pulsação acalmar, de comoção ofegante.
Então, deixaste o teu abrigo seguro à luz da lua...
No jardim surgiste linda... completamente nua.
11052016
--------------------------------------------------------------
©LuizMorais. Todos os direitos reservados ao autor. É vedada a copia, exibição, distribuição, criação de textos derivados contendo a ideia, bem como fazer uso comercial ou não desta obra, de partes dela ou da ideia contida, sem a devida permissão do autor.
Convido a todos para visitarem minha página de divulgação no Facebook
e conhecerem meus 25 livros publicados pela Clube de Autores
PAGINA DE DIVULGAÇÃO DO ESCRITOR LUIZ MORAIS
PAGINA DO AUTOR - CLUBE DE AUTORES E LIVROS PUBLICADOS
A memória das palavras
A memória das palavras
Se a emoção não transbordasse
Dos meus olhos feitos mar
Talvez meus sentimentos calásse
E fosse fácil de suportar!
Se nascessem flores no meu caminho
Se houvesse esperança no advir
Surgissem rosas sem espinho
E tudo fosse a sorrir?!
Mas neste final de caminho
Projectos e sonhos, estão envelhecidos
Os pensamentos em desalinho
No baú da memória, já tão esquecidos!?
Depois esta emoção que teima em ficar
Na garganta soluços sufocados
Que ironia, este meu desfolhar!?
Deixando para trás, tantos passos dados.
Quem dera que um dia surgisse
Uma luz na minha madrugada
E quisesse Deus que eu visse
Uma esperança em mim arraigada.
Mas do silêncio é hora
Trazido nas dobras da solidão
E também uma mulher chora!
Se a Vida lhe oprime o coração.
rosafogo
ENQUANTO VONTADE TIVER
ENQUANTO VONTADE TIVER
Nasci esta noite enquanto a manhã vinha
Despedi-me do ontem, onde já sou fumo
Pesada de tanto passado, vida minha!?
Esperança é nada...nada é meu rumo!
Sempre repetindo a mesma ladainha
Com a saudade do lado esquerdo onde se aninha.
Criança me sinto no palco da Vida.
Trepo às estrelas, páro o meu destino
Esqueço a idade já enegrecida
Sou pássaro farto, cansado, perigrino.
Vivo por aqui!
Morro por ali!
Quando escrevo, sinto-me viva
Inteiramente viva.
Posso escrever o que eu quiser!
Que a minha liberdade é verde
Enquanto vontade tiver
Palavra alguma se perde.
Ela que de alegria e tristeza me criva.
Nasci esta noite enquanto a manhã vinha
Tive medo, que tardasse a madrugada
Que este verso se finasse da angústia minha
E me deixasse de alma quebrada.
rosafogo
Por Um Pedaço De Terra (O Clube Dos Poetas Mortos)
O poeta morreu
a poeira imprimiu em seu corpo cansado
a caligrafia gelada do último verso
pequenino no adeus que o levou
nem uma lágrima rolou
na morada onde a chuva se despedia
os guerreiros medievais , as cruzadas
a imensa legião de combates
em prol dum pedaço de terra
sumiram por uma frincha do tamanho
de seus olhos fechados
agora já podia descansar...
Já não era poeta ...
LSJ, aqui , neste site em 2608201002:21
A Madrugada Das Flores
O tempo passa
O tempo passa
Passando a madrugada vem a aurora
Com raios que anunciam um novo dia
O fio de claridade pode se ver lá fora
E por certo vai me trazer mais alegria
Para cada novo dia que se desponta
Temos um novo plano pra se traçar
Mas jamais podemos perder a conta
Que mais perto estamos para chegar
Não sei até quando que contaremos
Os dias que restam e que viveremos
Mas na verdade precisamos encarar
É um mistério do mundo que vivemos
E o dia final nós somente saberemos
Poucas horas antes dele poder chegar.
jmd/Maringá, 12.12.16
Calada Madrugada
Calada madrugada
Ventos Frios
Enriquece e acalma
Ao barulho dos rios
Que entrelaçam a alma
A lua esta cheia
Estrelas estão brilhando
E a noite assim clareia
E eu sigo caminhando
Respiração tranqüila
Felicidade estampada
Não me sinto perdida
Estou bem centrada
Na calada madrugada
Entende-se o silencio
Da felicidade entre os lares
Com amigos a relento
Bom estar a viver
Bom estar a sonhar
Bom estar a sorrir
Bom estar sempre a acordar.