Erótico Xadrez ou Xeque ao Rei

 
***

Mas que confusão a minha,
com o XADREZ... Perguntei:
Se o REI não come a RAINHA,
a RAINHA come o quê?!...

A RAINHA sobe à TORRE,
que é difícil de trepar...
E logo o BISPO a socorre,
ela está com falta d' ar.

O REI monta o seu CAVALO
em manobras militares...
Vem um PEÃO avisá-lo,
que na TORRE ouvem-se arfares!...

No CAVALO monta o REI
acorrendo ao seu castelo.
Vem o BISPO: Já a acordei...
Teve mais um pesadelo.

Fica o REI mais tranquilo
tem um reino abençoado...
Ele só pensa naquilo:
Monta! (Mas anda montado.)

28.06.2009, AdolFo Dias
 
Erótico Xadrez ou Xeque ao Rei

No Supermercado

 
No Supermercado
by Betha Mendonça

Não havia jeito: ou me aventurava ir ao supermercado comprar alimentos ou minha família passaria fome a partir do dia seguinte. Como quase sempre me meto em situações embaraçosas quando vou às compras, me prepararei psicologicamente, fiz exercícios respiratórios e fui para loja como quem vai para guerra.

No local, como de costume, eu peguei um carrinho de dois andares. Dirigi nos corredores com a máxima atenção. Em rápidos "pit stops" retirava das prateleiras os gêneros de meu interesse e os arrumava no carrinho. Feliz por tudo estar bem, sorria satisfeita comigo mesma... Até bater numa gôndola cheia de sabonetes em promoção e derrubar centenas deles ao chão. Um fiscal que me seguia falou solícito:

- Sem problema, senhora!Vou chamar um funcionário para arrumar.

- Er... Obrigada! Disse com um sorriso amarelo e a cara mais vermelha que um morango.

Como uma criminosa pega em fragrante delito sai em disparada. Só parei com o estrondo do baque com o carrinho a minha frente.... Um senhor de meia idade, calvo e de bochechas redondas berrou furioso:

- A senhora avançou a preferencial!

- Como assim? Indaguei tonta com aquela situação. Onde está o farol ou placa que diga que não foi o senhor que avançou a preferencial?

- Mulheres! Santo Cristo!Todo mundo sabe: quem vem no corredor mais largo e central entre as gôndolas tem preferência sobre quem vem pelos corredores mais estreitos!A senhora devia ter parado.

- Eu não sabia disso!Vai ver que perdi a aula de trânsito dentro de supermercado, quando fui tirar a carta pra dirigir carrinhos de mão... Retruquei rindo.

- Senhora, está sendo irônica e tentando diminuir sua culpa! Exaltou-se o homem, quando o fiscal que me seguia interveio. Perguntou se alguém tinha se machucado. Como ambos afirmamos que não, pediu-nos que continuássemos nossas compras.

Parti a feirinha para pegar frutas, verduras e legumes. Deixei meu carrinho estacionado fora, para evitar esbarrar em outros compradores. Escolhi, pesei, apus minhas compras arrumadinhas. Seguia em frente rumo ao caixa quando fui abordada por uma moça:

- Desculpe!A senhora está com meu carro...

- Hain?Seu carro? Interroguei com espanto. Aqui estão todas as minhas coisas, moça! Com as mãos fui mostrando alguns itens: o meu melão, os meus tomates, as minhas cenouras, o meu bebê... Ei! Eu não comprei bebê! Gritei assustada.

A moça rindo disse:

- Não!A senhora não comprou essa bebê, por que a cegonha me deu ela há três meses!

- Que vergonha!Mil perdões!Por favor, eu não sou sequestradora, não!

- Percebi!Basta à senhora devolver o carrinho que está tudo bem!

- Obrigada!Não sei como essas coisas acontecem comigo, moça!Respondi agradecida e balançando a cabeça.

- Eu sei disse o fiscal com o meu carro nas mãos. Aqui estão suas compras! Por isso que não desgrudo os olhos da senhora quando vem aqui... Acrescentou rindo.
 
No Supermercado

Rescisão de contrato NOS

 
Rescisão de contrato NOS
 
Exmas. senhoras,

Desde a minha adolescência, até cerca de um mês atrás, eu fui cliente satisfeito da MEO.
Portanto, já lá vão uns anos e nunca tive motivos de queixa.
No entanto, o mesmo não posso dizer do vossos serviços, ou falta destes.

Quando fui visitado pela vossa vendedora ela convenceu-me que a NOS era a melhor companhia para mim.
Por apenas 26,99 euros ela prometeu-me mais e melhores programas do que a concorrência e uma conexão a 100Mb.
O único senão era que eu tinha que estar fidelizado por 24 meses mas, como sou homem solteiro, isso para mim não é problema.
100 Mulheres Bonitas, ainda por cima de fibra e com 100% de cobertura na minha zona? Eu nem queria acreditar.
Fazendo as contas, 24 meses são mais ou menos 700 dias. 100 mulheres bonitas dá mais ou menos uma por semana.
É bem menos que a minha média mas dá para aguentar. E 26,99, vamos lá, dá pouco mais que 6 euros a queca.
Grande negócio, sai mais caro que a MEO mas ainda assim, uma pechincha. É claro que eu só podia aceitar!
Combinámos então uma visita para o fim de semana para formalizarmos o contrato.

Foi uma semana de loucos, como podem imaginar, contando os minutos para o fim do celibato. E se as mulheres fossem como a vendedora, que final feliz!
Chegou-se então o sábado e qual não foi o meu espanto quando, ao abrir a porta, em vez de uma gaja boa estavam dois homens mal encarados.
Queriam permissão para entrar, passar cabos e montar a aparelhagem. A mim ninguém me monta pensei eu.
O pacote era suposto ser de 100Mbps, portanto 100 Mulheres Bonitas Para Sexo, não eram 200Hfpsa.
Rapidamente fiz questão de esclarecer os senhores quanto à minha orientação sexual e que tudo não passara de um mal entendido.
Eles ficaram um pouco espantados, compreende-se, mas que se eu quisesse usufruir das 100Mb eles teriam mesmo de entrar e instalar o material necessário.
Foi então que eu entendi, claro. Mulheres de fibra não são mulheres quaisquer. Com certeza que elas iriam precisar de alguns acessórios extra, para as marotices, se é que me entendem.
Eles deixaram umas caixas aqui na minha sala com umas luzinhas piscando e foram-se embora dizendo que o serviço estaria disponível dentro de minutos.

A verdade é que o serviço nunca mais chegou. As luzes continuaram piscando mas de mulher piscando, nada.
Após mais uma semana infernal eu decidi contatar o vosso serviço de apoio ao cliente.
Expliquei que não tinha recebido as 100Mb como esperado e que se não viessem logo eu mandava cancelar o serviço.
Passado uns dias recebi a visita de um técnico para analisar o problema de conexão. Havia realmente um problema, em vez de 100Mb eu tinha apenas acesso a 50Mb.
Disse que era um problema da zona e que não tinha mesmo solução.
Eu compreendi, até fazia sentido, aqui na vila tem pouca mulher bonita e a procura é muita. A conexão é pouca.
Mas mesmo 50Mb já era muito bom, dava uma queca semana sim, semana não. E 12 euros mal lhes pagava a deslocação!

Eu aguentei e aguentei e aguentei.
Agora, passado um mês, recebo uma fatura para pagar os 26,99 euros por um serviço que nunca me foi prestado.
Devo informá-los que já liguei para a defesa do copulador, nomeadamente a DECO, e que estou ciente dos meus direitos.
Eles aconselharam-me a preencher uma carta-tipo mas não me souberam dizer exatamente qual o tipo de carta.
No entanto, venho por este meio informar que pretendo rescindir o contrato de serviço 100Mbps que mantenho com a vossa empresa, com efeitos a partir de já.

Assinado,
Um cliente ansioso por voltar à MEO

Tanto a NOS como a MEO são empresas
portuguesas de
comunicações fixas,
móveis, internet e portais.

Slogans:
Há mais em NOS.
O comando é MEO.
 
Rescisão de contrato NOS

Cowmadres no MSN

 
Cowmadres no MSN
 
Cowmadres no MSN
by Betha M. Costa

}:ç P Cow 1diz:
- Oi!Tá boa?

}:ç ) Cow 2 diz:
- É...Tô...Tem quem coma!

}:ç P Cow 1diz:
- Menina, eu fico passada com o Bad Ox!

}:ç ) Cow 2 diz:
- Pq criatura?

}:ç P Cow 1diz:
- Não pode mais falar no pasto!

}:ç ) Cow 2 diz:
- Ué? Tá afônico ou com os dedos amarrados?

}:ç P Cow 1diz:
- É sério!Dizem que ele trombou com uma vaca louca e pegou-lhe a doença...

}:ç ) Cow 2 diz:
- Vixê!Tô malhada com essa história!Mas ele há de superar...E aquela nossa cowmadre que tem sempre a flor na pata dianteira e o punhal na traseira?

}:ç P Cow 1diz:
- Ah, essa é mais falsa que nota de 3 reais!

}:ç ) Cow 2 diz:
- Como a gente, né?

}:ç P Cow 1diz:
- Náááá...A gente é falsa pela frente: todo mundo sabe que somos invejosas, fofoqueiras, curiosas... Enfim: tudo de mal!

}:ç ) Cow 2 diz:
- Ei!Touro novo no pasto!Vou pastar um pouco a gente se muge a qualquer hora...

}:ç P Cow 1diz:
- Tá bom: Muuuuuuu!

}:ç ) Cow 2 diz:
- Muuuuuu!...
 
Cowmadres no MSN

TEXTÃO

 
Alguns minutinhos('ou horas') de sua atenção...
Seu precioso tempo dedicado a navegar pela rede
Ou de se estirar nesse sofazão...
Para mais esse meu textão!
Que pode lhe transmitir alguma coisa,
Você pode não ganhar, mas também não lhe custará nada!
Talvez eu ganhe algumas curtidas tomando um pouco de seu tempo...
Talvez você perca o seu tempo, mas não saberá se não ler!
Esse textão sobre alguma coisa ou 'coisa alguma'...
Prometo que só terá 'umas 30 linhas'(nem escrevi por extenso!),
Se for de caderno(dependendo do tamanho)
E se for em papel ofício ou em 'tela plana'
Então será em linha reta como o fez Pessoa
Sendo essa pessoa que vos fala ou escreve, só mais um poeta!
Vou escrever ou falar da poesia, a própria
Ou com poesia, da própria vida e tanta coisa
Que não caberia numa folha e nem nesse textão!
Sobre o amor que também deve ser grande e que não é tão simples
De se falar, escrever ou 'traduzir' como é senti-lo e fazê-lo!
Uma 'epopeia camoniana' regada a Hidromel da Poesia para 'escaldir',
Água de Pirene ou 'Pi-ra-cam-ju-ba' para se escandir!
Um aglomerado subnormal de palavras...
Pacificado e do qual sou dono em um barraco de açafrão e de ocre pra chamar de meu!
Nesse textão também cabe um vasto mundo que se devasta com suas guerras reais sem solução
Onde faltam homens corajosos de verdade que levem um grito de paz e que ecoe pra lá de Kandahar!
Tem espaço sobrando(ou entre as estrofes) para novas emoções...
Mas isso não inclui a tristeza!
Espaço pra plantar um Jardim Suspenso e criar mafagafos...
Pra expressar o que sinto e o que não caberia numa esparsa, texto curto
E nem mesmo num livro!
Publique-se, registre-se, cumpra-se...
Um 'texto médico', bula de remédio, mas sem aquelas letrinhas, termos ou 'letra de médico'
Para que se possa entender e atender a um grande público!
Mas como os versos são livres com liberdade poética, também está livre
Pra se 'subentender' como quiser!
Um manifesto da causa dos casos perdidos(ou mal resolvidos) da paixão!
Tem espaço para um pouco de muita saudade do que não existe mais
E até mesmo para algumas memórias falsas!
Madrinhas suevo-boterianas de shorts corrida alaranjados...
Lili de Retiro, retirada e colocada em mais essa ocupação de versos irregulares
Com outros sonhos e histórias refugiados numa gaveta!
Alguns(muitos) deslizes gramaticais, erros propositais, acertos(sem querer)...
O que é mais absurdo, inimaginável, descabido ou sem cabimento...!
A minha gaveta já está cheia desses tão importantes(pra mim) calhamaços
Dividindo e disputando espaço com as meias!
Me deixem falar, escrever, digitar, tecer, declamar, desabafar...
Eu também vou reclamar!
Também cabem aqui frases de efeito, feitas, já feitas, de outros seres humanos cheios de defeitos,
Muita usadas, e as que falava Zoroastro!
Um meta, super, ultra, 'hiper-poema'...
Um 'textão incrível' cheio de cultura(inútil), do que vocês não precisam ou queiram saber, o que meu coração está cheio, e Deus já sabe!
Só faltam algumas linhas para terminar(vide usando a barra de rolagem),
Enquanto o livro da vida continuará sendo escrito...
Passou um pouco de 30 linhas, tem mais do que 14 versos, dez sílabas poéticas!
Um textão cheio de rasuras, emendas('constitucionais'). Minha poesia, minha regra(nenhuma!)
Sem solução, rimas ricas, raras ou caras de um pobre rimador latino-americano e sem galinha no quintal...!
Mas quem leu não deixou de ler poesia e de ganhar o espaço nesse coração!

https://gustavoreymond.blogspot.com/
 
TEXTÃO

A Velha Aborrecida

 
A Velha Aborrecida
 
A Velha Aborrecida
by Betha M. Costa

Era uma vez uma velha. Uma velha que de tanto caminhar já ia adiante dos anos. Vivia aprisionada na torre mais alta do castelo mais alto do Mundo da Imaginação. Castigo imposto pelos Magos do Enfado, por ela viver aborrecida e só enxergar o lado negro e negativo de tudo.

E dormia a velha por séculos até que um velho - mais aborrecido e enjoado que ela – apareceu, deu-lhe um safanão e disse: - Ó, mulher!Chega de descanso!Põe a barriga no fogão desse castelo e faz uma gororoba que eu estou com fome!

A rabugenta idosa pulou da cama de susto. Ao avistar o anoso e feio homem que a despertara teve o desejo de lançar-se janela abaixo... Aí lembrou que ia virar caquinhos de chatice espalhados ao chão devido à altura da torre e vociferou:

- Eu no aguardo de um jovem e lindo príncipe para despertar-me com um beijo apaixonado... E aparece ISSO!Sacolejou apontado para o idoso.

- ISSO?Isso é mais que excelente para salvar do sono eterno tão desagradável pessoa, sua... Sua... Mistura de cruz-credo! Retrucou o homem enquanto exibia com as mãos as pelancas do seu corpo e alma pergaminhados.

A velha aborrecida olhou-se no espelho de frente, perfil, costas. Vistoriou de cima a baixo o seu corpo despencado e falou com a voz amorosa:

- Está bem! Vamos juntar nossas dentaduras no mesmo copo? E eles viveram felizes para sempre... Digo, por mais seis meses, pois ambos morreram envenenados pelo excesso de aborrecimento e baixo astral que existia na comida da velha.

Moral da história: o mau humor envenena e mata as pessoas, crianças!
 
A Velha Aborrecida

Meu Amor Colorido

 
Meu Amor Colorido
Meu amor veste de azul,
Envolta em véu celeste,
Vem nas águas do Sul
Sobre uma nau de cipreste!

Meu amor veste de verde,
Como os nortenhos prados,
Vigiai, que ela se perde,
Por caminhos não andados!

Meu amor veste-se de ouro,
Como sóis resplandecentes,
Seus lábios são o tesouro
De tantos beijos ardentes!

Meu amor veste de prata,
Como luas em céu escuro,
Se a beijo, resta-me grata,
Se não, fico em apuro!

Meu amor veste-se pura,
Enamorada de mim,
Em organdim e de alvura,
Vamo-nos casar por fim!

Meu amor veste de preto,
Viúva que chora só,
Em laje sem epíteto
Ai, Senhor! Dela tem dó!

Lisboa, 05/07/2015.
 
Meu Amor Colorido

"Bolsomínion" - a doença

 
Bolsomínion é uma doença causada pelo vírus #bolsonaurus rex. Este vírus é transmitido pelo mosquito "telemídianus golpistas". As pessoas com fragilidade intelectual e muita exposição à televisão e à internet, são mais propensas à contaminação. Essas pessoas são as preferidas do vírus porque, quando contagiadas, são mais resistentes e querem contagiar as outras pessoas de qualquer forma. Como elas não são hábeis com a eloquência, elas tentam contagiar pela intimidação: partem logo para a agressividade. Ai são xingamentos, insultos e força bruta.

Infelizmente a pessoa contagiada é tomada por um sentimento de ódio gratuito: não precisa ser provocada, para ela destilar seu ódio. Basta não gostar, para agredir.
Esta maldita doença se espalhou por todas as classes sociais: A, B, C, D... E não adianta ser portador de diploma de nível superior, que isso não evita de ser contagiado. Este mosquito é imune a posição social, cultura, profissão... Ele consegue infectar, do doutor ao peão.
Só está imune a este vírus, a pessoa que tem Deus no coração, que ama o próximo e que não não tem nenhum "recalque".

No próximo domingo (dia 28), haverá uma tentativa de exterminação deste vírus. Se ele lhe assusta, e se você quer ser um(a) voluntário(a), dirija-se à uma das seções do TRE e combata este vírus digitando 13, na urna eletrônica. Esperamos que a maioria da população brasileira acorde em tempo de evitar a epidemia desse vírus. Porque, se deixar o #Bolsonaurus rex vencer, será pior de que em 1964.

A.J. Cardiais
26.10.2018
 
"Bolsomínion" - a doença

A brincar e a criticar

 
Tinha amigos aos milhares
Até que minha pobreza chegou
Agora nos seus gestos e olhares
vejo do que a pobreza me livrou

Não as querendo criticar
Nunca as mulheres me assediaram
Mas depois de um dia casar
Nem da minha porta se afastavam

Até chegar a infeliz separação
que caiu na vida com pesar
não sei se foi essa a razão
de nunca mais nenhuma avistar

Restava-me meu trabalho ideal
Que me dava longas horas de azia
O que ganhava, era tão pouco, irreal
Quando as faturas a pagar, conferia

Mas não conseguia aprender a roubar
Embora visse os mestres em ação
Que na televisão e governo, ao falar
Roubavam-me até a minha visão

Fui para pedinte, carros arrumar
Mas a concorrência era brutal
Até a um deles tive de pagar
para não me por em tribunal

Fui acusado de o caluniar
Ao chamar-lhe de malandro
Ainda tive de advogado pagar
E com pulseira eletrónica ando

Não posso dele me aproximar
Por causa duma injunção cautelar
Raio de filho que me havia de nascer
Que até do Pai goza, a bel-prazer

Quase que conseguia de tudo chorar
Se não tivesse de meus olhos hipotecar
Para pagar a minha pequena cirurgia
Depois de ver as contas de oftalmologia

É que nem cego por cá se pode ser
Muito menos deficiente aqui nascer
Pois para dinheiro eu conseguir arranjar
Tenho de cegamente em linha reta andar
e caso deficiente, ter de a Universidade completar

Mas se numa bola um chute ao acaso acertar
Sou um português que o estado irá ajudar
Mas sou apenas deficiente com medalhas a nadar
Dizem; vais a nado que tens bom “corpinho” para pagar

A de cima era da frustração a falar
Por ver por ai, tanto herói exemplar
E ver sempre os mesmos a ganhar
O que para todos devia chegar

Desculpem por me enervar
E por tanto me alongar…
Por favor não me façam disto pagar
Que não tenho mais nada para empenhar!
 
A brincar e a criticar

A Festa da Rosinha

 
A Festa da Rosinha
 
A Festa da Rosinha

Levaram-me a um ralabucho,
Lá na casa da Rosinha.
Ao chegar vi um gorducho,
Que uns duzentos quilos tinha.

Era um baita homenzarrão,
E por ser muito glutão,
Vasta pança ele continha.

E, só bastava descuidar
Que ele ia se fartar
De quitutes na cozinha.

Ah! Coitadinha da Rosinha!

E não se dando por satisfeito,
Estufava o enorme peito
E deglutia uma galinha,
Sem pena ou dó da penadinha.

Ah! Que peninha da Rosinha!

Jamais em minha vida,
Eu havia visto coisa igual:
De alguém comer tanta comida,
E achar que é normal.

Pois não parava um só instante
De mastigar, o dito cujo.
Fazendo-se de importante,
Mesmo estando com o beiço sujo.

Durante a noite inteira,
Resolvi observá-lo,
E sentei-me a uma cadeira
Para melhor vigiá-lo.
E a Rosinha hospitaleira,
Dava a ele bom regá-lo.

Pois passava o tempo todo,
Preparando salgadinho.
E, o tal, à grosso modo,
Devorava ligeirinho,

E ainda olhava de soslaio,
Como quem a querer mais.
Bradava! Daqui não saio,
Pois tá gostoso, tá demais!

E a Rosinha coitadinha,
Nada de se divertir.
Pois o glutão a detinha
Na cozinha, não deixava ela sair.

Mas, como em tudo há um limite:
Rosinha foi se irritando,
E o balofo acredite...
Mais e mais se empanturrando.

Rosinha pôs-se nervosa,
E foi perdendo a estribeira.
Ao ver a roupa gordurosa,
Com o vapor da frigideira.

E justamente nessa hora,
Esqueceu-se da educação.
E botou de porta a fora
O gorducho, a bofetão.

O glutão saiu tombando
Com a orelha toda ardente.
E sem querer foi derrubando,
Quem estava a sua frente.

Eu de lá, de minha cadeira,
Tudo aquilo eu observava:
Rosinha dava rasteira
E o gorducho se esperneava.

Foi então nesse momento
Que, o fuzuê ficou formado.
A festa virou um tormento,
E sopapos pra todo lado.

O gorducho caído ao chão,
Com um croquete e em uma mão,
E na outra um bombocado.

Terminou assim a festa,
Do inesquecível ralabucho.
Com muitos galos na testa,
Por culpa do tal gorducho.

E nunca mais a Rosinha,
Quis saber d'outra festança.
Pois quando estava sozinha:
Vinha-lhe a triste lembrança,
Que em sua simples festinha,
Houvera tanta lambança.

Do gorducho ninguém sabe
Dizer, se vida ainda lhe resta.
Se comida inda lhe cabe,
Ou se explodiu n'outra festa!
 
A Festa da Rosinha

VIAGRA ... MEU AMOR

 
Eu não sou um gabarola, ou um fanfarrão mas vou na mesma vos contar a minha vida sexual.
Quando jovem, parece que eu era muito bonito, As mulheres caíam nos meus braços, como a chuva que caía do céu.
Para fazer amor todos os dias, não havia nenhum problema, de tal maneira eu gostava fazer do sexo, que estava apressado de me casar e foi o que aconteceu.
Os anos de felicidade passavam, mesmo muito rápidamente, Mas as belas noites de orgia, com o tempo, elas começaram a se fazer raras, Tenho que dizer também, que os anos avançavam; e ainda para nada ajudar fui operado das minhas coronárias, devido ao tabaco. (Pois é amigos, continuem a fumar e depois serão vocês a vir ao Luso para contar a vossa vida sexual) e assim eu nem sequer me podia cansar. E a ferramenta que todos os oficiais do mesmo oficio têm, começou a enferrujar e a se dobrar em completa apatia, não havia mais orgias!
E um dia á TV, une boa-nova foi anunciada.
Os Amerlocs, tinham acabado de inventar o Viagra, Isso tinha sido uma boa-nova, fantástica!
Estes Amerlocs , são verdadeiramente fortes!!! É verdade, hein?
Antes desta invenção, eu não gostava muito deles, desses Amerlocs, mas agora... bravo!
E eu comecei a gostar deles, não sei mesmo porquê, mas eles são fortes, não acham?
Mas como vos dizia, só de pensar que eu podia recomeçar a baixar as minhas calças para fazer amor, fui obrigado a lhes render homenagem.
Mas que felicidade! Telefonei ao meu Doutor eu queria de urgencia uma receita para ir à farmácia comprar o meu Viágra. Estava apressado, ai que não! com a caixinha mágica no fundo da algibeira, bem apertadinha na mão não fosse eu perde-la, lá cheguei à minha casa.
Desde que abri a porta, gritei para que a minha mulher se despacha-se visto que eu já tinha tomado uma pilula mágica e de um minuto ao outro poderia começar a fazer efeito.
Deitei-me na minha cama, a minha mulher ao meu lado e.... EUREKA!!! o comprimidinho começava a fazer efeito! Trinta minutos mais tarde, comecei a sentir que a ferramenta começava a mexer, ALELUIA!!!!isto fonciona! Olhei para o meu sexo e ele tinha aumentado de... três milímetros , que tristeza! Triste, desolado, desorientado, mas que dizer? mas que fazer?
Minha pobre mulher chorava, que tristeza! Fim às orgias, a vida é estupida! Isto foi duro, quero dizer, o momento, nada de outro!
Vesti-me, fui no dia seguinte visitar o meu médico e contei-lhe o meu desespero.
-Eu não posso fazer milagres, disse-me ele! se o Viágra não faz efeito, eu não posso reparar a sua ferramenta! E pronto as órgias ficaram únicamente na memoria, passou a ser quimera, madrigais!
E esses Amerlocs, recomecei a não gostar deles. Não são que de gente que se aproveitam do mal dos outros, e são mentirosos.
O Viágra? O meu cu! Não é que da publicidade.
Falei com um amigo ( um amigo... amigo da onça ou de Peniche)
e contei-lhe a minha triste estória e disse-me para tomar o Prozac. O Prozac, sim sim, o Prozac!
Ah, bom, isto é que é um amigo! Ele tinha razão, para fazer foncionar a máquina, não é o Viágra que ainda por cima vinha da China.
Para fazer amor... Avant, toute!!! E de vento em popa, entrei na farmácia.
Do Prozac, meu amigo! o Viágra não vale nada!
- Prozac?, caro amigo?
Sim, do Prozac e depois? disse eu todo inchado!...
Porque o Prozac só dá para dormir para se acalmar!
Ah não... impossivel!...fazer confiança aos amigos! eles são como os Amerlocs, todos falsos! São gente que mata e destroi o mundo com as invasões e tudo, não, não, nunca amei estes amerlocs1
Tinha vergonha; entrei em minha casa, cabeça baixa, fui à casa de banho, olhei-me no espelho, olhei bem para aquele vélhote que estava à minha frente e disse-lhe:
Então como é, meu amigo? Tu foste um Don Juan e agora não passas de um Don Quixote
A. da fonseca

P.S. Esta estoria, é uma antecipação ao futuro rsrsrsrs
 
VIAGRA ... MEU  AMOR

ENTÃO COMO É , Ò FLÁVIO?

 
Então como é, ò Flávio?
Levantas-te um problema!...
Pensava eu ser sábio
Na arte de escrever poemas.

Agora vieste tu dizer
Que és tu o melhor poeta,
Mas no Luso a escrever
O melhor sou eu, ò pateta!

Já viste o meu vocabulário?`
É do melhor que existe!
Aprendi na escola, no primário,
Eu sou o melhor, ouviste?

Fiz também a Universidade
De Cacilhas, não conheces?
Onde a arte é uma beldade
Caldeirada que não esquece.

A todos os que já isto leram
Viram que foi só maroteira,
Pois que já todos perceberam
Que isto é só brincadeira.

Um abraço amigo ao Poeta Flávio Silver, de quem eu aprecio a sua poesia.

A. da fonseca
 
ENTÃO COMO É , Ò FLÁVIO?

Velório

 
Velório
by Betha Mendonça

Em torno das onze horas da manhã, calor de 38ºC, eu chego cansadíssima em casa e dou com meu marido agitado:

- Até que enfim a senhora chegou!Exclamou com as mãos na cintura como se fosse um açucareiro gigante.

- Hain? O que o SENHOR está fazendo em casa a essa hora? Retruquei.

- O Doutor Marcondes Cavalcante morreu!

- E? Continuei…

- Como “e”? Um membro do primeiro escalão do Tribunal de Justiça morre e me perguntas “e”?

- Ah, desculpa!Meus pêsames!Não sabia que vocês eram tão próximos!Falei com ar contrito.

- Pensa mulher!Eu só conhecia o homem de foto e das decisões importantes que ele tomava em função do cargo! Todo mundo foi intimado para ir ao velório. Só eu ainda estou aqui te esperando. Disparou andado de um lado para o outro da sala.

- Socorrrrrro! Fiquei loura!Não estou a entender nada!Me esperando? Indaguei.

- Vamos encurtar a conversa: pelo amor de Deus, troca de roupa que preciso que me acompanhes ao velório. Pronto!

- Aaaahhh… Calada, eu corri para quarto. Após rápida ducha, maquilagem e trajes discretos volto para sala:

- Agora fazemos uma boquinha e podemos ir!Disse satisfeita com minha agilidade.

- Não há tempo para boquinha!

- Mas… Mas… Estou com fome… Choraminguei.

- Larga de manha, mulher!Estamos atrasados e essa roupa toda branca?Deixa pra lá… Vamos e puxou-me porta a fora.

- Que tem a minha roupa branca? Perguntei com vontade de atiça polêmica.

- Podias ter vestido algo preto ou marrom… Sei lá!…

- Vou ao velório de um total desconhecido para mim e ainda tenho que ir de preto? Sabias que branca é a cor do luto na Índia? Além do mais vou voltar ao trabalho… Vestida de preto as criancinhas vão chorar com medo que eu seja um enorme corvo ou urubu.

- Eita mulher tagarela! Dá para ficar calada até chegarmos ao Tribunal? Preciso entrar no clima de comoção.

- Dá! Falei dando-me por vencedora.

O Tribunal Federal de Justiça estava lotado de autoridades civis, militares e eclesiásticas. Jornalistas e hordas de pessoas ligadas à justiça ou não transitavam no local.

O morto ilustre era velado no Salão Nobre. Caixão cercado por soldados com fardas bonitas e tantas coroas de flores que dava até para um alérgico cair duro com um choque anafilático!

Após dar condolências para parentes e aderentes ficamos com um grupo de colegas e cônjuges do meu marido. Um garçom servindo canapés aproximou-se. Esfomeada, estendi a mão para pegar um e meu marido sussurrou entre dentes:

- Nem pensar! Comer canapé em velório é “mico”!Imediato eu baixei a mão. Agradeci ao garçom com um sorriso amarelo e o estomago roncando de fome.

Enquanto o Arcebispo Metropolitano encomendava o corpo e puxava um terço, tudo começou a misturar-se dentro de mim: o cheiro da parafina das velas, das flores, a fumaça, os choros, as vozes, o vermelho do tapete… A fome… O roxo no esquife… A fome… O negro das vestes… A fome… O branco do véu sobre o defunto… A fome… A fome… E despertei no Setor Médico do Tribunal com um soro glicosado na veia! Meu querido marido apavorado de ter que enfrentar mais um velório... Isso é que foi “mico” num ambiente tão importante!
 
Velório

Candidato

 
Ter alguém a meu lado
Por simples companhia
Provoca-me ansiedade
E até alguma agonia
Precisa o candidato
Ser inteligente e sensato
Sensível e amoroso
Leal e muito cordato
De profissão...
Apenas se exige
Que venda humor ao desbarato
Ter boa apresentação
Ser bonito e elegante
Não é de todo condição
Bastam sorrisos largos
Alegria e boa disposição
 
Candidato

Fantasiando

 
Fantasiando
 
Fui a uma consulta de topografia
Precisava medir o assento geográfico
Da minha frágil geologia óssea
Apresentava um declive acentuado
Abaixo da vulgar linha d’água
Sob a tangente da curva geodésica
Na lomba do eixo das abcissas
Nada que a terapêutica não resolva
Ou quem sabe…
Um pouco de óleo nas dobradiças

Maria Fernanda Reis Esteves
51 anos
natural: Setúbal
 
Fantasiando

MEU HUMOR ÁCIDO

 
MEU HUMOR ÁCIDO

Meu humor ácido
É osso fácil
De descarnar

É lívido...
Pacato...
Como um cão amestrado

É fóssil
Desenterrado
De milhões de anos...

Coloco-o, retrátil,
Ao encosto do sofá
Deixo-o lá,
A me olhar...

Ele vela por mim
Afagos corrosivos
De teor sulfúrico

Percebo um urro verde,
Telúrico
Que revolta o ar

Pinica-me
A língua
Com paladar barbitúrico...

Espeta-me... Um olhar
De alegria como estopim...

E ele lá... costela abusiva
Risonha, invasiva...
Eu aqui, Eunuco
Do seu linguajar...
 
MEU HUMOR ÁCIDO

A Mulher Gorda

 
A Mulher Gorda
by Betha Mendonça

Início de ano bancos lotados. Precisando de dinheiro e sem mais uma folha de cheque corri ao caixa eletrônico de um hipermercado.Imaginei que com tanta gente fora da cidade ia ser “sopa no mel”.Pena que outros milhares de habitantes imaginaram o mesmo...

Os caixas estavam com filas enormes. Escolhi um com apenas umas trinta pessoas a minha frente, depois de passar na revistaria e comprar uma dessas revistas de fofocas sobre celebridades e novelas.

Em passo de tartaruga a cobrinha andava. Eu entretida com o lado sórdido dos famosos nem sentia a xaropada de estar ali.Foi quando a mulher gorda se postou na frente do primeiro da fila:

- Ei!Que folga é essa dona? Vá para o rabo da fila!Estou há séculos aguardando minha vez e a senhora quer furar?

- Que fura o quê? Estou grávida não vê? Uso meu direito de prioridade em filas para gestantes, idosos, deficientes e pessoas com crianças de colo.

- Grávida a senhora? Ora não me faça rir!Está na cara, melhor na barriga que a senhora está acima do peso... Para não ser desagradável e dizer: a senhora está gorda!... Retrucou o homem vermelho de raiva.

- Gorda? Retire o que disse!

- Não retiro e repito!Falou o homem.

O caos instalou-se na boca daquele caixa eletrônico.Um homem, que era dos últimos da lista, ofereceu seu relógio a uma moça que passava com um bebê no colo se ela lhe emprestasse a criança para pular à frente. Outro começou a puxar a perna e babar como deficiente. Uma senhora de aparência jovem alegou ter mais de sessenta anos e tinha prioridade...

- Como mais de sessenta? Com essa cara e esse corpão? Indagou um adolescente.

- Plástica, soja e malhação, meu filho!Parece mágica, mas é o progresso científico.

Percebendo o não andar da fila e que eu sair de lá velhinha, lembrei que estava vestida com uma batinha. Dessas da moda, que de tão frouxa se estufar a barriga a gente fica grávida na hora.Corri lá pra frente e aleguei que também estava grávida.Para meu espanto o homem voltou-se para mulher gorda e falou:

- Está vendo o que é uma grávida? Olha esses peitões? Devem estar cheios de leite! E a senhora? Nem peito tem como pode está gestante?

A mulher gorda se agitou: estava cheia de dores nas pernas, precisava sacar logo seu dinheiro e ir embora quando se viu um aguaceiro sob seus pés.

- Que horror! Ela fez xixi! Resmungou o adolescente, enquanto a mulher se contorcia.

- Xixi nada seu bocó!Minha bolsa rompeu!

- O que a senhora guardou nessa bolsa de tão pesada pra ela romper e sair tanta água? Um garrafão de água mineral?

A fila inteira berrou:
- Cala a boca garoto! Ela vai ter o bebê!

Ninguém quis saber mais de dinheiro. Correu todo mundo para acudir a mulher. Os homens a carregaram e deitaram-na num banco. O marido foi acionado. Chegou antes da ambulância. Depois de votos de felicidades, o casal foi para o hospital onde nasceria seu primeiro filho: a mulher gorda estava mesmo grávida!
 
A Mulher Gorda

SÓZINHO, SEM AMOR

 
Eu estou sózinho, não tenho um amor
A minha juventude há muito que acabou
Não sei o que fazer, oh... que horror
Coração abandonado, que sempre amou.

Experiência da vida, mas sem palavras
As palavras de hoje não são de antigamente.
As palavras antigas nas novas encrava
E as modernas não entram, na minha mente.

Mas houve alguém que me deu uma ideia
Para ir a uma discoteca, para ir dançar
Então irei à discoteca da minha aldeia
E uns piropos à minha maneira irei lançar.

Dançando, belas palavras vou sussurrar,
Palavras doces de amor a uma mulher
Docemente aos ouvidos lhe irei cantar
Uma canção doce, uma balada de morrer.

Jovem, só tenho 76 lindas primaveras
Sempre guardei comigo palavras belas
Vou tentar a minha sorte,lanço-me às feras
Vou-lhe dizer que o meu amor é só para ela.

Se encontrar uma jovem que tenha oitenta
Pouco importa, portuguesa ou brasileira
Vou por nas minhas palavras mais pimenta
Talvez que assim alguma caia na ratoeira.

A. da fonseca
 
SÓZINHO,  SEM  AMOR

Nau, ou "Lamentos de um Corsário"

 
Nau
(ou "Lamentos de um Corsário")
Era veloz, minha nau,
toda feita de pau,
batia qualquer escuna,
aferrolhando fortuna,

Minha nau de pirata,
prenha de ouro e prata.
velas de bojerona,
de seda, não de lona...

Rasgando fortes mares,
aportando em azares.
Troava negros canhões,
afundava galeões.

Minha nau, velas erguidas,
pavilhão de armas temidas,
zarpava, leve, no sonho,
ora feliz, ora medonho.

Mas, minha nau se enlevou,
um dia, capitaneou *,
por esbelto tritão,
ai de mim, que cornação...

* se rendeu
 
Nau, ou "Lamentos de um Corsário"

NOVA CINDERELA

 
Cresceu meiga, bela e casta,
com o pai, irmãs, madrasta.

Como no conto de fadas,
sua vida era nefasta:

alternava entre a cozinha,
preparando carnes, pasta,

e a faxina interminável
que o resto da tarde arrasta.

Esperou tanto por fada
que um dia, afinal, deu basta.

E foi vista, sorridente,
com a cabeleira rasta,

na garupa de uma moto,
com a sandalinha gasta.
 
NOVA CINDERELA