GRITO

 
Hoje não quero ser boazinha
doce e apaixonada,nem fazer confissões
não quero escrever o poema perfeito
não quero alimentar desejos e ilusões

Hoje não quero ser melodia
não quero ser alucinação em noite tardia
não quero alimentar insónias
de quem me aprecia

hoje sou o lado avesso do desejo
o lado errante da alma
sou a mão trémula que rabisca no papel
sou coração sem qualquer ensejo
sou a rebelde que solta ao vento seu praguejo

Hoje virei-me do avesso
e sem nenhum apreço
grito ao mundo,que o mundo se foda
o amor,a vida, a paz, não têm preço
acabem a gerra e voltem ao começo !
 
GRITO

Noites Sós

 
Noites Sós
Noites acordadas e sós,
Terrores, partos de dor,
E desejos amordaçados,
Banho na chuva vertida.

Só de braços ternos,
Fome e sede de amor,
Danças monólogas,
Guerreiras, loucas,

Que a chuva não lava.
Nem arrefece o calor,
Sôfrego de sorrisos,
De beijos e carícias.

Danças em círculos,
Risos histéricos
E loucos ritmados
Esparramam-se no chão,
Sobre ossos convulsos,
Em résteas de vida
Pretendentes à minha carne.

Noites de fantasmas,
Fardas sujas e rotas,
Armas destruídas
E fumegantes de morte.

Noites sós, noites infindas,
Que me cercam atrozes,
E nem as estrelas no céu,
iluminam o caminho.
Até os meus passos
Ao acaso do escuro
São cativos do silêncio,

E meus olhos fitam o escuro,
De tantas noites sós,
Tentando sonhar com amor,
Afastando os demónios,
Confundindo os infernos,
E, contigo, voando aos céus.

Tantas, tantas noites sós,
Onde os sonham imperam
E me impregnam de horrores…

Lisboa, 15/07/2015.
 
Noites Sós

Entrincheirados

 
Nas últimas semanas, à defesa do covid.19, nesta guerra de trincheiras, que muitos dariam por ultrapassada, sobretudo depois do imenso sucesso do poder militar aéreo, o inimigo é mais insidioso e diabólico do que nunca.
É um inimigo que faz parar os aviões e guardar os mísseis e todos os arsenais de torpedeiros e manda as pessoas para os abrigos, mesmo sem bombardeamentos, submissas e abatidas.
Em vez de activar a economia, para-a, afunda-a.
Em vez de obrigar a mobilizar tropa rija e violenta, obriga a cuidados paliativos e, tragédia das tragédias para quem é senhor da guerra, é um inimigo que escolhe o campo de batalha e as armas e move-se à vontade, ataca em qualquer lugar, a qualquer hora, invisível aos radares e sem estrondo, inexpugnável e impune.
Um inimigo cobarde. Um terrorista da pior espécie. Desconhecido. Destituído de intenções. Um facto e não actos. Ao contrário de uma guerra.
Guerra é o que vamos ter de lhe mover. Guerra é coisa de humanos.
 
Entrincheirados

O Poeta e a Pena

 
O poeta não se acobarda
por mais que lhe arda
hoje
diante dos incendiários
não foge
nem esconde
da guerra
da verdade
o amor à terra
o poeta tem numa mão
a espada
com que responde
e na outra a pena.
 
O Poeta e a Pena

Os Senhores da Guerra

 
Os Senhores da Guerra

Déspotas do destino dos povos
A palavra matar está nas vossas bocas
Caminhais lado a lado com a morte
As estrelas que trazeis ao peito
Estão manchadas de sangue
Fazeis a guerra
O terror apoderou-se dos homens
Incapazes de fugir ao destino traçado
No tabuleiro do xadrez Mundial.


Neno

"De nihilo nihil." (Lucrécio)
 
Os Senhores da Guerra

Se o Mundo fosse as Avessas

 
Se o mundo fosse às avessas;
Seriamos todos mestres, na arte de surrar;
Passaríamos nossas vidas tentando encontrar uma forma melhor de explodir outro ser humano;
Criaríamos máquinas de destruição em massa, enviaríamos nossos filhos às guerras com orgulho;
Seriamos cruéis por natureza, mataríamos por uma simples discussão, estupraríamos por simples prazer.
Roubaríamos só por querermos tal coisa;
Invadiríamos seu País, só porque lá faz mais sol;
Acordaríamos felizes, ao som da guerra, ao som das bombas explodindo;
Adoraríamos sentir o cheiro da carne humana sendo queimada pela manhã;
Seriamos pessoas doentias;
Seriamos loucos por Poder;
Mas, ainda bem...
...que não somos assim!
 
Se o Mundo fosse as Avessas

Orar, rezar etc.

 
Na ganância do homem o mundo de tão desumano fenece! Perecem as inocentes crianças, mas há um Deus que tudo vê. Para muitos, cada vez o sonho de um mundo melhor se torna distante! Meio ao desvario de nações com seu poderio horrendo tornando tudo num pesadelo.

O que o homem fez com o que Deus lhe deu? Usando de sua sabedoria para plantar a semente do mal! Dizimando, espalhando o medo, pavor e terror; ceifando vidas para seu bel-prazer, quem pode mais? Com armas poderosas e tantas outras; o que podemos fazer? Se compadecer!? Orar, rezar etc.

Apesar de tanta dor, temor, Deus na sua presciência sendo conhecedor de tudo, deixa que inocentes passem pelo vale da morte. Decerto que as crianças são do SENHOR isto é fato. Imagino que seja preferível que descansem nos braços do Pai!

Mas o que olhos não veem, o coração não sente. Tudo, é profético, Isaías 17/3 b “e o restante da Síria; serão como a glória dos filhos de Israel, diz o Senhor dos Exércitos”. 17/6 a, “Mas umas poucas pessoas ficarão vivas”, parece que Deus é mal, não é? Mas não é, ai de nós se não fosse Deus nas nossas vidas!

Por mais dorida que seja a situação do mundo atual. Existe o livre arbítrio e nisso Deus definitivamente não interfere. É da natureza humana a maldade. O apóstolo Paulo diz na carta aos Romanos 7/19 (Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço). Dessa forma, vai se cumprindo as profecias escrita na Bíblia Sagrada! Apocalipse 18/24 “ E nela se achou o sangue dos profetas, e dos santos, e de todos os que foram mortos na terra”.

Mary Jun
Abril/18
 
Orar, rezar etc.

Tibete

 
Caem lágrimas,
Derramando esperanças.
Param-se corações,
Aniquilam-se multidões.

Gritos de medo, de sofrimento,
Constantemente se ouvem pelo ar,
Chegou mais um exercito de fuzilamento,
E mais vidas preparam-se para roubar.

A bala manda à condição,
Calam-se vozes da revolta,
A chacina parece a solução,
A uma paz que não tem volta.
 
Tibete

delatando

 
188 pétalas ensombradas
Casa de guerra
Província destapada
Foguetes entupindo o ouvido
A garganta borbulhando
Saliva sem sentido
E no presumível termo
Tremo em contorno
Repolho à esquerda
Firmamento de vigias
Ensurdecedoras
Fúrias fibras
Grilos

Leiam mais em http://poeta-perdido.blogspot.com
 
delatando

Uma Noite Apenas

 
Uma Noite Apenas
Algum tempo, uma noite
Apenas, que me liberte
Dos demos, dos terrores,
Das torturas, e me afoite
Até à manhã fria, inerte,
Aos raios madrugadores
Do sol, quente, que me açoite
a tez e, nela, se oferte
a sudação dos amores.

Uma noite só, dormida,
De acalmias insonoras…
No olhar vago, vagabundo,
Cada imagem vivida,
Do bater, tic-tac, das horas.
No éter, fora do mundo,
onde buscam a jazida
final, almas pecadoras,
gemidos, de esgar imundo.

Uma noite longa, vã,
De libidos e desejos,
Sem sonhos nem ilusões…
Nada, nada, nem manhã
abalada por realejos,
poemas, odes, canções…
só a noite por irmã,
de preguiça, de bocejos,
sem guerras, bons ou vilões…

Só uma noite, sem penas,
(Que não sejam travesseiros),
Ódios vis, malquerenças,
Pazes falsas, rir de Atenas,
Embriaguez de guerreiros,
Deuses, musas, mesmo crenças,
Esta só noite apenas,
Por favor, arruaceiros
De hoje, quero diferença.

Lisboa, 10/08/2015.
 
Uma Noite Apenas

O DIA CHEGARÁ (REVISTO)

 
Olha à tua volta
E que vês tu?
De crianças sem pais
E de pais sem crianças.
E que vês mais?
Uma Terra em fogo
E todo o teu povo
De olhos esbugalhados,
Imagem do desespero.
E que fazes tu?
Continuas a guerra,
Queimas esta Terra
Que não pede que Paz.
Mas tu não és capaz
Do que impor tua arrogância,
Teu poder, tua ganância.
Tu és tu e eu não sou eu!
Mas o dia virá
Em que nós seremos nós,
Tu serás sempre tu,
E o povo será teu algoz!

A. da fonseca
 
O DIA CHEGARÁ  (REVISTO)

Bélico

 
Flores bélicas
Rebentavam em todos os canteiros.
Bellum rufava seus tambores
Nas hostes do meu quarto,
Entoando um hino
Repleto de seqüestro e assassinato.
Súbito, então, comecei
A oferecer flores e balas
Nas escolas,
Nos cinemas e teatros,
Em todas as ruas
E casas,
Em ônibus e trens.
Eram lírios e tomilhos
Furibundos,
Narcotizados
E guerreiros,
Lançados dos rifles
E bombardeiros.
E tudo parecia-me terrível e Belo
Como a lua a estuprar-lhe os amantes
E a despregar-se, como um alien,
Sangrenta, crescente,
De nossos ventres.
Colhi todas essas flores
Ao som de desesperadas cigarras
E de justiceiras espadas.
Cheguei mesmo a cultivá-las e traficá-las
Por toda África e Palestina,
Flores fétidas e clandestinas,
Como um jardineiro
A passar tudo a facão,
Como um padeiro a envenenar o próprio pão.
Era preciso cumprir minha pena,
Seviciar todos
Que me maltrataram sem pena
E me entregaram aos chacais e hienas.
Hoje não cultivo mais.
Estou em paz.
Bato ponto,
Leio a bíblia
E entrego o protocolo
A mães que carregam no colo
Filhos e pais
De futuras chacinas.
 
Bélico

FALEI COM A SAUDADE

 
Estive a falar com a saudade e como triste fiquei.
Ela me falou de tanta coisa às quais já não pensava
Falou-me da minha mocidade e eu não me admirei
Dos meus tempos de menino que no jardim brincava.

Das bichas para o carvão, para o petróleo e para o pão.
Era tempo de guerra vivíamos com o racionamento.
A lamparina a óleo que pouco iluminava na escuridão
E os meus deveres escolares feitos com sofrimento.

Contou-me que me viu sofrer como as outras crianças
Que elas como eu também não tiveram mocidade
Acabada a escola era o trabalho que sem esperança
Nos escravizava que nos cansava, todos de tenra idade.

As brincadeiras eram poucas o tempo escasseava
E o pouco que recebíamos era esmola para o pão,
Era pouco mas para viver sempre um pouco ajudava
Quarenta e oito horas de trabalho e um domingo de distracção.

Era assim a vida me disse a saudade. mas mesmo assim
Hoje pensando bem a dificuldade fez de mim um homem
Nos tempos que correm vive-se melhor, é melhor assim
Mas é pena que a mocidade hoje,muito mal a consomem.

A. da fonseca
 
FALEI COM A SAUDADE

Limitações

 
Limitações

Agora vou responder a quem perguntou
Se eu sei resolver os problemas alheios
Se eu tivesse a solução e achasse meios
Resolveria tudo o que já me prejudicou

Se nem Deus que é um ser Onipotente
Consegue fazer se viver bem na terra
E acabar com toda a fome e a guerra
Imagine eu que sou tão incompetente

No mundo não existe ninguém perfeito
Todos falham de um ou de outro jeito
E não dá para se fazer nenhum milagre

O que podemos fazer é tentar ajudar
Manter a amizade e ódio não guardar
E nunca ser "ensaboado" como bagre.

jmd/Maringá, 16.03.20
 
Limitações

Quanto tempo já passou?

 
Quanto tempo já passou?
 
QUANTO TEMPO JÁ PASSOU?

Sussuravam folhas secas caídas
Pelo chão aos montes douradas
Eram lágrimas dos olhos saídas
Palavras murmuradas.
Quanto tempo já passou?
Havia por perto um loureiro
Tempo de guerra que à aldeia chegou.
Havia fome e pouco dinheiro.
Mas esse tempo já lá vai!?
Dele mesmo não lembro eu
Mas me contava meu pai
Do muito que padeceu.

Quanto tempo já passou?
Tempo agora tão diferente
Mas, ninguém está livre, eu não estou!?
De enfrentar guerra novamente.
É que a paz está apodrecida
A guerra no mundo não acabou
Entra-nos em casa.Como pode ser esquecida?
Quanto tempo já passou!

É longe, se agridem e matam por lá
A todo o dia a toda a hora
Que importa se não é cá?
Mas vejo gente que sofre e chora.
Notícias não quero ouvir
O coração pede que não
Esmaga-se-me o peito de se afligir
Por ver tanta maldade e agressão.

Mas é verdade, deveis sabê-lo!?
Meu pensamento é meu inimigo
Quem me dera adormecê-lo
Ao acordar encontrar um mundo amigo.
Quem ainda consegue dormir?
Com meio mundo em confusão?
Quem pode cantar, sorrir?
Nestes tempos de escuridão?

rosafogo

Este poema foi escrito no ínicio da guerra no
Iraque, guerra que era transmitida em directo
pela televisão.
Mas a guerra continua, parece não ter mais fim,
o ódio persiste em ter mais força que o amor.
Eu nasci em 1943, mesmo no tempo da II Grande Guerra Mundial.
 
Quanto tempo já passou?

UM HINO À FELICIDADE

 
UM HINO À FELICIDADE

Amigos!
Vós que tendes uma consciência
Denunciai aqueles que não a têm.
Revoltai-vos contra esta sociedade imunda
Que o planeta inunda
Com guerras, fome, miséria.
Há os que alimentam as guerras
E outros que se alimentam de terra.
Para quando ou em que século
O povo viverá feliz sem sangue derramado,
Sem a tristeza no rosto estampada,
Com terra para cultivar,
Os alimentos e assim deixar
De comer terra para viver,
Ver os meninos a crescer
Rindo, saltando, cantando
Um hino à felicidade
Ao amor e à liberdade.

A. da fonseca
 
UM HINO À FELICIDADE

O comboio da morte na Ucrânia

 
O comboio da morte na Ucrânia
 
É assustador o que nossos olhos veem
No século XXI
A barbárie do ser humano
O domínio e extermínio
Por causa de quê?

Esse comboio que marcha contra Kiev
Não leva consigo educação,
Saúde ou paz;
Leva, no entanto, destruição e morte.

Oramos pela paz no mundo
Clamamos pelo respeito
Ninguém pode invadir ninguém assim.

Abaixo aos ideais expansionistas
Seja de quem for
Colonialismo nunca mais!

Poema: Odair José, Poeta Cacerense

www.odairpoetacacerense.blogspot.com
 
O comboio da morte na Ucrânia

faixa de gaza

 
Nas janelas os vidro baços e sobre o muro de pedras derrocadas
avencas secas no súbito esgar da partida, da fuga abrupta,
de gentes levando em braços
gestos destemidos e a mansidão doirada dos figos passas,
das frutas abertas e dos trigos
- promessas vãs de solstícios de sol tardio de paz pousado
em néctares e bagos de romãs.

na pedra das casas que foram brancas
já se não escutam risos serenos de crianças …
nos pátios das escolas, ora fechadas, de igual modo, as correrias,
nem sequer as águas correm libertas, fulminando a sede, se já é extinta,
em torno de lábios frios.

vertiginosa
a trajectória da bala não escolhe o alvo
nem se queda na fresta sombria de um olhar de poema.
a praça range em silencio de espera. a tropa avança.

na cidade que não é
num qualquer espaço da faixa de Gaza
existem ainda sonhos de quem fala demoradamente com
a correnteza inversa dos peixes na maré das águas.

um dia os homens serão pássaros sem fuligem de chumbo
por sobre as asas?

**
Nota: este poema foi feito com base da imagem que ilustra o mesmo poema em www.noitedemel.blogs.sapo.pt
 
faixa de gaza

resistente

 
entre pó e escombros
de guerras

(r)existe ainda
poesia
na lágrima
do sobrevivente

seja
culpado
seja
inocente
 
resistente

GUERRA E PAZ -

 
GUERRA E PAZ -
 
Guerra e Paz

Elen de Moraes Kochman

Um dia nós germinamos
duma mesma sementeira
e dela nós nos tornamos
ramificação cabal,
força, raiz axial
da videira verdadeira;
também caulificação,
-a galhaça- parte inteira
pra partilha da fração.

Temos o mesmo cariz,
prerrogativa arbitral
para fazermos o bem
ou escolhermos o mal,
e decidir de que lado
vamos ficar e com quem...
Por que escolher a guerra,
essa luta indecente
que assassina e sacrifica
o nosso irmão inocente?
Que mata por ideal,
que mata em nome de Deus,
que mata em seu próprio nome?

Se pra alguns, fazer a guerra
é motivo pra ter Paz,
desprezível é o homem
que no ódio se compraz!
Animal recalcitrante
que vive sem dedicar
amor ao seu semelhante,
Semente que foi plantada
pela mão do Criador,
o mesmo Deus e Senhor.

Não adiantam armistícios
se dentro de cada um
a guerra não for sanada,
nem tampouco artifícios
por essa paz ansiada,
se começa em nossos lares,
da guerra, as preliminares!

É tão triste e dilacera
ver criança explodida
por um míssil governado,
quanto ver um inocente
pelas ruas da cidade,
da violência, nos braços.
Também, ser assassinado,
por uma bala perdida,
pela droga consumida
que contamina seu corpo,
que transforma os seus órgãos
em descartáveis pedaços!

Maldito homem tenaz,
guerreando "em nome de Deus"!
Bendito homem da paz,
que acolhe "inimigos" seus!

Meu blogspot:
http://elendemoraes.blogspot.com.br/2 ... en-de-moraes-kochman.html
 
GUERRA E PAZ -