Poemas, frases e mensagens sobre futuro

Seleção dos poemas, frases e mensagens mais populares sobre futuro

Não nego

 
       Não  nego
 
Estou com medo.
Sim. Não nego.
Tento escrever.
Não mexo os dedos.
Mãe, venha escutar!
É poesia, é pura.
Mãe socorre,
Mãe escuta.
Estou com medo.
A vida é curta,
Não nego.
O futuro não enxergo.
Vou escrever um poema.
Não sei o tema.
Tenho medo.
Do obscuro,
Do futuro,
Não nego!!!!

Nereida
 
       Não  nego

No teu olhar

 
No teu olhar descubro-me
E desnudo-me mais
A cada novo dia,
Como se nascesse de novo
E me guiasse apenas
Pela suavidade dos gestos
Que colocas em cada carícia.

Deixo-me ir,
Abraçando apenas o futuro,
E esquecendo
As pedras pontiagudas
Que pisei, descuidada.

Envolvo-me nas palavras
E bebo dos teus lábios
Doces, mágicos,
E grito sem medos

Amo-te!
 
No teu olhar

“Quem sabe... amanhã” - Soneto

 
“Quem sabe... amanhã” - Soneto
 
“Quem sabe... amanhã” -Soneto

Às vezes penso, nasci na contramão da vida
Quando o desencontro abissal toma minha razão
Meu invólucro, expõe esse deserto sem guarida
E na memória dos meus olhos, tanta explosão

Explosão de sentimentos, quase uma vibração
Memória de momentos estéreis, jamais vividos
Estático, meu corpo permanece, ante a visão
De provar um futuro, agora talvez permitido

Nesse ciclo diário, maçante que vai e vem
Quase nem percebo, tão apressada e alheia
No fio da navalha, a envolver-me essa teia

Momentos intermináveis de viagem ao alem
De dentro de mim, renasce sempre um querer
Renovação do ciclo, que insiste em não morrer.

Glória Salles
 
“Quem sabe... amanhã” - Soneto

“O agridoce da vida” - Soneto

 
 “O agridoce da vida” - Soneto
 
“O agridoce da vida” - Soneto

Indo e atravessando despovoados sítios
Mergulho corpo e alma em pélago profundo
Enganando o tempo, quebrando os ritos
Na retina congeladas, cenas do meu mundo

Neste silêncio, caminhos particulares refeitos
Ardentemente aguardo o desfecho inusitado
Desmistificando as noites, sorvendo os efeitos
Na boca o gosto agridoce do veneno derramado

Corpo estático, desejo de ressuscitar alvoradas
Despindo-me de esperas, deixo a vida acontecer
As intempéries experimento, deixo-me sobreviver

Invadindo o futuro de manhãs desabitadas...
Sensibilidade acuada a condição do momento
Aparentemente estéril, ainda que em movimento.

Glória Salles
14 dezembro 2008
18:27hrs
 
 “O agridoce da vida” - Soneto

Nasci abençoado pela imprevisibilidade e pela estatística

 
Nasci abençoado pela imprevisibilidade e pela estatística

Fui um filho planejado. O único dos três irmãos com este predicado. E isso não é pouco. Pergunte aos seus pais se você foi ou não planejado. Talvez a resposta possa lhe fazer alguma diferença. No meu caso, minha própria mãe, solenemente, assim me disse. Estávamos conversando numa tarde ensolarada de uns bons anos atrás, ou, talvez, numa noite chuvosa... A única frase que lembro claramente desta conversa perdida nas calendas gregas do tempo foi essa do planejamento: meus genitores em “conluio de amor" haviam me engendrado. Bonita frase para definir o sexo com fins de procriação. Homem e mulher indo para a cama com o firme propósito de gerar um filhote.

Portanto, eu era muito esperado e desejado e, segundo fontes fidedignas, meu pai não se continha de alegria em ver seu varão macho babando, mamando ou chorando. Engraçado que percebo a importância desse detalhe da minha criação somente agora. No real instante daquela famosa prosa, de fato, apenas devolvi um sorriso amarelo para minha mãe. Por algum motivo que me foge à compreensão, silenciei-me e envergonhei-me. Quem sabe a imaginação dela trepando para me ter, sabe-se lá.

Em alguns momentos da vida, geralmente difíceis, paramos para perguntarmo-nos o porquê de nascermos, qual nosso objetivo cósmico em viver aqui e outras sacrossantas e filosóficas questões sobre o fato de existirmos. E estava ali um verdadeiro motivo, um fluxo de acontecimentos relevantes, independentes de minha vontade, que resultaram nessa minha excêntrica e estranha pessoa.

Àquela época, já não era mais criança é certo, tampouco homem formado, porque isso lá eu nunca fui. O fato é que me sinto verdadeiramente importante por conta desta revelação. Por fim, apareceu algum sentido à minha estada nesta Terra. Afinal, dois seres humanos queriam-me por aqui! Simples. Foram para a cama, determinados, mancomunados, cheios de tesão (ou não) com o firme propósito de me fabricar. Eu, euzinho aqui, não era fruto de acidente... Definitivamente não me resumia a um espermatozóide ensandecido escapado de uma camisinha furada. Existia um plano meticulosamente arquitetado com relação à minha pessoa. Velhos maquiavélicos.

Quais intenções passariam pela mente desse casal? Minha mãe queria-me oficial da marinha. Achava que eu ficaria lindo uniformizado de branco. Ela tinha uma mania e tanto para glamorizar e vida. A realidade, para ela, tinha endereço fixo em Hollywood. Já meu pai almejava que eu o ajudasse nos negócios. Pois não é que, não plenamente contentes em me premeditarem, ainda teciam, cada um conforme os seus próprios sonhos, uma vida maravilhosa para mim, à minha revelia? Infinitos, os delírios dessa dupla. O que eles não esperavam é que na teoria a prática fosse outra.

Uma regra básica para quem planeja é saber que todo projeto tem seus furos, suas imprevisões. O problema é que as pessoas costumam não pensar num plano B. Sabe, algo do tipo “e se não der para fazer assim?” Ah, então a gente “faz assado”. O famoso plano B!

Tanto sacrifício de minha mãe... Ministrava aulas em escola primária, de manhã e à tarde. Sem plano alternativo, arranjou-se como a vida deixava. Casou-se novamente poucos anos depois que meu pai morreu para dar segurança aos filhos ainda pequenos e, na visão dela, desamparados. Quem sabe o fez na esperança de executar objetivos que foram interrompidos pela morte de meu pai, ou seja, insistir naquelas idéias que um dia ela chamara de Plano A, subtítulo: "E foram felizes para sempre". Mas casar-se de novo era só um remendo para um ideal que não tinha como ser revivido. Aquele, o original, estava morto e enterrado. Acho que ela sabia disso. Duvido que tenha se unido ao meu padrasto novamente por um amor profundo.

E meu pai? Ah, Esse era sério e animado com a família que construira. Meteu-se de corpo e alma no trabalho. Era um furacão. Nervoso, agitado e com úlcera, mesmo sendo homem novo, ia de cá para lá em busca da sua felicidade e da família. Mas... com que sentido real? Para que correr tanto? Mas pai... aonde estava guardado o plano “B”?

Ele acabou morrendo dois meses depois de meu nascimento num acidente de avião idiota quando ia cuidar de negócios no Rio de Janeiro. Sendo assim, não o conheci... Ele me amava, sem dúvida, afinal, me desejou ardentemente. E eu? O que poderia sentir por ele? Apenas essa estranha emoção que tenho quando pego nas mãos a sua foto 3X4 e observo o rosto moreno e de olhos verdes daquele bigodudo que me obrou (dê a “obrar” o sentido que quiser).

Muitos dos que o conheciam dizem que ele seria um homem de extremo sucesso. Era líquido e certo que ficaria rico, afirmam seus velhos amigos, uns poucos que ainda sobraram vivos. O que sei apenas é que, antes de morrer, tinha uma fábrica de gaiolas. Certamente não me cheira ser um negócio, assim, promissor, algo que faça alguém imaginar que seu pai seria um Bill Gates, do tipo: - Olha, lá vai o Germano, o “Imperador das Gaiolas”! Multimilionário! – Ao contrário. Tudo me remete apenas à mera titica de galinha...

Falemos sério: Como alguém que morre de desastre de avião, repito, “desastre de avião”, poderia ficar rico se esse evento não ocorresse? Seria incompatível, captou o paradoxo? A sorte sempre deve bater com o tino. Portanto, meu pai foi premiado, sim: com o infortúnio. O certo mesmo é que nasci duplamente abençoado - pela imprevisibilidade e pela estatística.
 
Nasci abençoado pela imprevisibilidade e pela estatística

“Nos trilhos do tempo”

 
“Nos trilhos do tempo”
 
“Nos trilhos do tempo”

Os velhos trilhos me esperam fieis.
Dúbios sentimentos esse lugar provoca.
Emoções inexatas, vagas...
Uma busca por mim.
Andando nos trilhos, dispersa.
Braços abertos...
Sensação boa de estar indo ao encontro
de possibilidades viáveis e futuros possíveis.
Beleza bucólica,
que me deixa embevecida
como se vislumbrasse os portões do Éden.
Aqui jamais sou figurante...
Faço parte desse mundo.
O silêncio grita o nome da “miúda”
de fita no cabelo,
protegida pela forte mão do pai.
E as lembranças de cenas disformes
querem espanar a poeira de um passado,
que sempre estará impregnado
na retina dos olhos...
Que hoje olha a cena
sentindo os efeitos do vento
nos cabelos já sem fita.
Brisa que arrepia como beijo na nuca...
Realidade estridente,
que faz o passado tanger o futuro...
E traz à consciência minhas verdades.
O céu tingido de laranja, a grama na sola dos pés.
Aqui será sempre minha casa...
A força sempre estará não mão do meu pai.
Aqui serei sempre menina...

Glória Salles
18 novembro 2008
18h50min
Estação Ferroviária velha
Flórida Pta
 
“Nos trilhos do tempo”

o apego das palavras

 
as palavras dizem das dores
e das lágrimas a correr,
olho o passado e o futuro,
e vejo tudo a escurecer!

as palavras dizem da ameixeira
que floriu,
do canto do pássaro que p'la manhã
se ouviu,
do desassossego das negras cotovias
no ramo,
da celebração da vida
falam das pessoas que amo
e, como vai ser dura a despedida

as palavras dizem do sombrio dos anos,
da velhice que submerge nos olhos
da menina da saia aos folhos,
dos sonhos sublimes da flor
dizem as palavras que tudo que se foi
- e do que resta d' amor!

as palavras
- pedem-me para conter,
as lágrimas a correr!
elevam-se naquela esperança
de não me perder.

natalia nuno
 
o apego das palavras

"Depois de você" -Soneto

 
"Depois de você" -Soneto
 
 
"Depois de você" -Soneto

Caminhos

 
Vamos!
Há portos de abrigo a descobrir,
Cais de partida com lágrimas nos olhos
E lenços brancos a gritar adeus!
Há novelos de sonhos a despontar
Dos sagrados sítios onde nasceram
As palavras com que construímos o futuro!
Andam fadas de encantamento
A semear flores castas na orla dos carreiros
Por onde escorrem os vendavais
Do nosso querer ir além!

Vem daí!
Toma no teu o meu braço frágil
E, amparados, juntos, unidos,
Cavemos o espaço que teremos que calcorrear
Para plantar espirais de lantejoulas
E rododendros na alvura das auroras
Mansas e estivais!

De todos os lugares chegam as vozes
Dos que não sabem dizer ámen!
Ao fim chegarão somente
Os que souberem sentir-se gratos!

Em 21.mai.2011, pelas 18h00
PC
 
Caminhos

Hoje preciso de mim!

 
Hoje preciso de mim
Estar comigo sozinha
Recolhida em pensamentos
De um futuro que se avizinha!
Preciso deste momento
Encolhida, comprimida, contida
Somente no calor do meu corpo
Sozinha, a pensar nesta vida!
Necessito deste momento
Calada, sossegada, retraída
Neste meu desalento
Nesta vida entristecida!
Não quero ninguém
Não quero nem preciso
Estou assim tão bem
Neste meu casulo conciso!
Enrolada em sentimentos
Coberta com tristeza
Acompanhada pelo medo
Porque a alegria me despreza!
Aqui estou
E aqui quero ficar
E inerte ficarei à espera
Que a felicidade me venha abraçar!
 
Hoje preciso de mim!

“Os sorrisos dos meninos”

 
“Os sorrisos dos meninos”

Sorriso vai e sorriso vem
e como me faz tanto bem

Amo os seus sorrisos
sorrisos lindos a crescer
idéias sempre a desenvolver
mentes brilhantes prometendo
mudar a Vida e o Mundo

Eu acredito nesses sorrisos
todos eles farão o futuro
quem sabe ainda no meu tempo
eles continuarão a ser o Sol
que me aquece em cada Inverno
e que me renova a alma
a cada ano na Primavera
com o tempo a aquecer
a crescer e a descobrir a Vida

Nascem e chegam puros
todos esses lindos sorrisos
vão crescendo sem nada que os detenha
e eu aqui olhando, revendo, vendo crescer

Quantas amizades, reconhecimentos
eu quero ter sempre nesses sorrisos
eles se tornaram parte de mim
agora e sempre crescendo e amando
os sorrisos desses meninos queridos

E com um inequívoco sorriso eu sempre os recebo,
a convidar para que fiquem também sorrindo comigo
dando e recebendo sorrisos todos os dias, e sempre.

Maria
No Valsassina à tarde, 7 de Março de 2018
 
“Os sorrisos dos meninos”

poema só para mim

 
verdes como hera
que subindo vai
esperam, desesperam
e um dia a vida neles cai
meus olhos onde estão,
que olham e não veem nada
em estéril contemplação?
são eles e eu cansada!

verdes, não veem o verde dos campos
a vida sempre a mesma!
o futuro é não... ou nem sabido,
pálido e sombrio
paisagem onde não há rio.

entra por mim adentro um calafrio
vejo minha estrada desdobrada
a chegar ao fim,
já tudo me esquece
até de mim!
nos olhos tristes dissipa-se
a aurora
passa por eles o tédio
hora a hora.

hoje não sei se sou
ou não sou!
não sei se existi,
meu olhar turvou
nem me sei aqui!
águas passadas que inda fazem dano
sorrindo interiormente
apercebo-me, como a vida
foi um engano,
fustigou-me o tempo
os olhos que se abriram ao nascer
flores imprevisíveis
nascidas de verde
um dia irão morrer,
quando a solidão e a carência
fôr rumor de mágoa e do amor
a sede...

já não invento sonhos
dou-me à sorte
neste final, sulcado pela morte.

natalia nuno
rosafogo
 
poema só para mim

Nada!

 
ouço cantar um pássaro com ternura
inocente,
na árvore que despe a folhagem,
quebrando o frio silêncio, indiferente
que eu apresse a marcha da viagem

no pensamento traço o fio
do futuro
funda é a solidão, e o mundo
escuro.

sinto o frio do mendigo
visitante que em mim perdura,
e a solidão a ferir com secura

ver a noite cair e,
logo virá a luz da madrugada
vou sentir sombrio ardor.

Nada! A não ser do canto dos pássaros
o fragor.

natalia nuno
 
Nada!

"Tudo muda"

 
"Tudo muda"
 
O que me apavora,
não é o desvario que é içado
por minha fantasia.
Mas a incompletude
desta trama.
Amedronta-me a confiança inerte,
que mancha de fastio
o dia seguinte,
por conta do arrebatador que
se ausenta no que é previsto.
Não temo a vida
e os seus montantes fartos.
Mas o cuidado excessivo
com o pormenor que permite
a sentença negada!
Não me intimida o delírio
que sugestiona a escolta do insólito.
Insosso o trajeto delineado,
os passos seguros,
por caminhos alinhados.
Roubando a cor do prisma
Com prévia decorrência.
Escolho o inusitado risco das curvas.
No minuto seguinte...
Na primeira curva...
Tudo pode mudar.

Glória Salles
22 junho 2004
02h35min

No meu cantinho...
 
"Tudo muda"

Armas de paz

 
Trago no cano da espingarda
Balas de rosas perfumadas
Um projéctil feito de alvoradas
Tiros de paz e de esperança
Para mudar o rumo da história
Revesti-la de sedas de bonança

Lanço uma granada de amor
Uma arma branca de paixão
Enceto uma guerra de fraternidade
Uma quezília corrompida de igualdade
Uma ofensa tatuada de perdão
Um camuflado vestido de civismo

Só porque eu sei que um dia
A vida será simplesmente poesia


Maria Fernanda Reis Esteves
51 anos
natural: Setúbal
 
Armas de paz

“Detrás dos óculos, tanta vida... ”

 
“Detrás dos óculos, tanta vida... ”
 
“Detrás dos óculos, tanta vida... ”

Meu rosto é palco de todos os mundos...
Os lábios em batom cor de boca, esboça
um sorriso, ainda que triste...
Olhando-o através dos olhos daquela miúda
segura por tua mão...
Não consegue disfarçar a nudez desconcertante,
que da alma, traz outras versões.
Hoje seguro as tuas mãos, tentativa de trazer o ontem,
que estampa imagens que ao longe se movem,
soletram palavras quase inaudíveis,
como se escrevesse por linhas tortas.
Nos olhos uma sutileza que conheço bem,
mostrando-me novas versões de uma mesma verdade...
O exposto é o que menos incomoda.
A verdade dos olhos são os detalhes que leio.
Essa verdade sem códigos...
Da cadeira dessa varanda vê o mundo.
Teu olhar deixa minhas trilhas expostas,
me traduz, meu coração vira território aberto,
pastos verdes,e meus pesadelos abranda,
emprestando a frágil luz.
Não deveria ser o contrário?
Mas o frágil coração sabe...
Que seu olhar é remédio preciso e forte,
para curar ausências.
E suas palavras, ainda que as vezes sussurradas,
promessas de fartas colheitas.
Seguro tuas mãos...
Sentindo a força de um cavalo zaino,
cujo destino é vencer.
Nesse momento tenho a certeza de que o futuro,
mora detrás destes óculos...

"Ao meu pai."

Glória Salles
25 novembro 2008
Flórida Pt
 
“Detrás dos óculos, tanta vida... ”

“Eu disse não...”

 
“Eu disse não...”
 
Esta tua tragédia, conto de folhetim
Decidi que não vou protagonizar...
Drama passional, caso de botequim
Meticulosamente criado para enlear.
Já não quero mais este funesto vício
Do juízo, o azeite da lamparina renovei
Tirei o coração do altar do sacrifício...
Do calvário cruel, minh´alma salvei.
No silencio das horas, o amanhã esculpido
Desenha os contornos do mundo só meu...
Sem o pavor dos espasmos, que traz o breu.
Hoje, só a certeza de crepúsculos límpidos
Sonhos projetados para além deste muro
Regendo a vida, arquitetando o futuro...

Glória Salles
07 fevereiro 2009
17h02min

No meu cantinho...
 
“Eu disse não...”

Tornar

 
Intenso
É o momento
Que se faz presente
O que passou
Está alí, está aqui
Está na retina
Na palma da mão
No degrau da escada
Intenso
É refazer o caminho
Tornar
Do olhar trocado
Mais que voar
Voar pra lá, voar pra cá
Voar de mãos entrelaçadas
Voar no sorriso da foto
 
Tornar

Queixume sequioso

 
Queixume sequioso
 
Sinto no meu peito o ardor da impotência
Lavro nas páginas recrudescidas
O sabor agridoce do destino delineado
Matizo em mesclos tons os atalhos lúbricos
Perfumando com doces aromas orvalhadas
Do vulcão adormecido na montanha idílica

Contemplo o sopé longínquo da vida
O oásis verdejante equidistante de mim
Sinto as veias pulsáteis de fervor
Estremecendo os poros da pele sedenta
Num olhar precursor do futuro
De sonhos visionados em mim
Em dias sombrios e pardacentos
Neste tempo sem tempo do fim

Deixo que as gotas de orvalho escorram
Num incontrolável queixume sequioso
Clamando pelo fogo e ar em combustão
Em explosões de deleite integral

Escrito a 13/04/09
 
Queixume sequioso

Amanhã

 
Amanhã
 
Pode muito bem ser o dia da minha morte
Ou, talvez até, o dia em que se decida a minha sorte
Mas, se amanhã
For, apenas, um dia igual a tantos outros
É porque a poesia, fruto da inspiração
Também se faz de rotinas, sem hesitação
Assim, ninguém sabe o que o espera o futuro
Que aí, já à porta, pode vir maduro
Feito de intuição e sabedoria
Ou, entrando de rompante
Jovem, instigante, louco e absurdo
Enfrentando um tempo que não lhe pertence
Porque, hoje, estagnado, de tão ignorado
Perdeu a esperança de, amanhã, talvez
Renascer para a vida, que nunca viveu
Preso a um passado, que não se deu conta
Mas, já prescreveu.

Maria Fernanda Reis Esteves
53 anos
natural: Setúbal
 
Amanhã