Saber de ti
Há cousas que não vejo e não são poucas
As outras sendo vistas só por outros
As poucas que me acendem vão-se aos poucos
Se apagam para dar a vez a outras
A pouco e pouco vou desaprendendo
Para aprender além, algo de novo
Mas sempre esqueço alguém quando me movo
E doi saber de quem me vai esquecendo
O que eu queria desta vida era saber
Escolher o que lembrar e o que esquecer
E não ter nem que perder nem que ganhar
Queria voltar atrás no tabuleiro
Deixar o jogo a meio o tempo inteiro
E saber da tua peça o teu lugar
Vá embora, por favor!
Vá embora, por favor!
Vá dor, me deixe em paz
vá embora agora por favor
estou precisando de um pouco de autonomia
e me faz tanta falta a minha própria alegria
Dor malvada porque és má?
eu aqui pequena doendo uma dor de pura saudade
e tu porque vieste? acaso não sabes que te não quero?
estico só mais um pouquinho a dor inteira do corpinho
numa linha eu tento colocá-la em ordem, a dor danada
vem uma caîbra entre as costelas em meu peito
e insuspeito o coração se faz sentir insano e insatisfeito
mas por favor, vai embora e me deixa apenas uma dor
respiro de mansinho e como doi todo o meu corpito
estico o braço todo devagarinho e doi mais um pouquito
Mas porque tem de doer,
acaso eu não tive já dor que chegue?
caîbra danada estou tão farta de ti
quero respirar e nem sequer mo permites
se penso, logo me fazes doer um pouco acima
e queres-me toda só para ti, eu já percebi
mas se eu te reneguei porque continuas aqui?
vai embora e deixa-me fazer o que me propuz
tenho uma luz aqui e preciso de a levar para ali
luz imensa de alegria, de amor e de coisas bonitas
já ali a dois passos longe de mim vão meus abraços
que jeito tem de doer na mente e no meu corpo
e se o querer te manda um soco, e um soco é pouco
acho que te vou correr a pontapé, de pé ante pé
sem barulho e num suspiro respiro e maldigo teu nome ó Dor
deixa-me ali chegar, são apenas dois passos, nada há que te importar
se eu der esses passos a cumprir o meu designio
logo voltarei para o teu dominio que também não me esquivo
mas se for essa a condição, eu vou e volto, pois então
minha tão grande dor, tu já me aterrorizas com a maldade que despertas em mim
vai-te embora por favor, nem que seja por um dia.
dá-me paz, por favor.
Eureka, 27 de Agosto de 2016
Jura-te
Não sei se ache verdadeiro
O que advém de "mal amado"
Amor, pensei, que fosse inteiro
Não parte ou meio, nem bocado
Também não creio ser mentira
Achar, porém, ter encontrado
Em cacos, laços que partira
O amor, meu bem, vandalizado
Mas como, como hei-de saber
Se amor, a mim, nunca se fez
Candura em una firma e forma?
Mas como hei-de eu não crer
Se a dor, que vinda em sua vez,
A jura, afirma e me conforma?
A Dor
A DOR
Oh! Dor, tu és a tácita estradeira
Desbravando as montanhas grandiosas
Dos turbilhões de almas orgulhosas
Que se erguem ao clarão da luz primeira.
Sucumbem à tua ordem costumeira
No apogeu das honrarias ruidosas,
E gritam, e choram temerosas
Antevendo a sentença derradeira.
Apagam-se as luzes... Descem trevas
Entre as sendas íngremes e rudes...
Surgem outros Adãos, novas Evas.
E o mundo segue no mesmo estertor,
Até que essas almas sem virtudes
Compreendam a grande lição da dor.
Álvaro Silva
*Amar*
“Nestes caminhos que partilhei contigo,
Alcançando a tua mão,
Limpo agora minhas lágrimas,
Que acabei de chorar,
Por um Amor que está sempre a nascer e a acabar.”
Emoções que batem no meu coração,
Como ondas que embatem,
Quebrando mais uma vez a fortaleza,
Que se chegam à frente e partem,
Caiando de sal o escarlate das gotas que escapem.
E derrubando minh’alma,
Vêm e vão neste embalar,
Subjugando o que amo,
Nesta valsa que insistem em dançar,
Tomando o meu coração para seu par…
Ainda tenho restos da espuma branca,
Nas ruínas do meu rochedo,
Que tem sombras e flores,
Com a luz de um lado e amor em segredo,
Que brotam lindas cores e sensações de medo.
E nisto vão e vêm as ondas,
Que me tentam derrubar,
Acariciando com o mar,
Deixando em mim o sal branco,
Que me abraça e quer amar!
Marlene
Read more: http://ghostofpoetry.blogspot.com
_________________________________________________
Emoções, sentimentos como o amor que entram e saem da nossa vida com a promessa de sempre voltarem.
Imagem retirada do google.
"Me calar, jamais"
"Me calar, jamais..."
Quando vi que mansidão,com fraqueza é confundida.
E o portador da virtude,tem de tolerar prostrado.
Saí do meu silêncio e vim enfatizar que não temo
Esse Sistema frio, de despotismo infestado.
Ser vítima,não quero e não sou,em nenhum momento.
Faço da dor,meu próprio remédio,esse é meu exercício.
O tempo vai mostrar,aos desprovidos de sentimento.
Quem ignora a dor do outro,não merece sacrifício.
Entretanto,não vou dar palco,nem aplaudir jamais.
Quem se acha no direito,de manter o dedo em riste.
E nem discutir a nuance,da liberdade de expressão.
Com quem nem se dá conta,que somos todos IGUAIS.
Ando sem reconhecer as sutis e velhas estratégias
Dos que em lixos verbais,desvirtuam o que é arte.
A verdade não alardeia,e sem ruído se expressará.
O "lixo” ignoro,do meu repertório, não faz parte.
Declaro,que sancionei na minha vida um decreto.
Não me intimida quem vive nos becos,a bisbilhotar.
Porque “agir na sombra”, é o ato mais covarde...
E quem sente-se SUPERIOR,talvez deva se avaliar.
E como quem sopra, para aliviar a dor das marcas.
Quero “fazer a diferença”,transmiti-la pelo olhar
Não usar a poesia, para ferir quem quer que seja
E marcada,porém inteira,fico, porque AQUI é meu lugar!
Glória Salles
Ciúme
Ciúme, gume que corta e fere
negrume e força à loucura confere
na escuridão do coração sem altivez
na certeza da traição, não há talvez
E se destrói o ser sem perceber
a maior dor que se pode conceber
Auto-flagelo com elo de crueldade
dor fundamentada em irrealidade.
Violenta força, ferida sem cura
Verte sangue do peito sem razão
hemorrágica mente em loucura
Amor transmutado em dor, dissolução
berçário carcerário, nasce agrura
petrifica a mente em dor, ódio, ebulição.
Poema concebido como comentário ao poeta mestre em sonetos Aquazulis
"Tentação do diabo" Vale a pena ler.
http://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=156903
Apenas transcrevi o que escreveste em meu peito …
Teu anjo,
Já não veste uniforme
Já não quer voar
Te abriga
Quando a chuva cai
Te embala
Quando olhos
Se movem para lá do céu...
Teu anjo
Já não adormece
Já não acende a estrela de Órion
Prefere vigiar-te quando dormes
Acordar-te quando sofres,
Nos sonhos antagónicos …
Teu anjo já não personifica a carne
Porque é espírito precioso em teu corpo,
Soprando a alma em coragem …
Teu anjo
Já não é cidade
Prefere ser abrigo no olhar
Esse brilho nutrindo o coração,
quando desistes de lutar …
P.S.
Quando partistes não percebi
Tentei desistir e não percebi,
Porque não morria …
Porque me impediam na última saída …
Mas houve um momento
Em que tu, meu anjo,
Me ajudaste,
a erguer a força de dentro
Ensinaste me a saborear a beleza das coisas simples
E nunca desistir de amar na solidão da natureza …
Por todo o nosso amor te prometo, que tomarei o teu lugar no dia em que morrer e tu renasceres. Porque ambos sabemos que as almas gémeas, nascerão de todas as formas para se encontrarem …
*Masoquismo*
De forma escarpada e desejada,
Anseio pelo doce veneno que pinga nos teus lábios,
Imploro por me sentir da tua parte amada,
Nesta dança desenfreada,
De dois escravos do prazer numa noite de ilusão…
Tentando e atentando o odor,
Que se libertava do corpo onde passavas com a mão,
Emano, efervescendo o calor,
Reclamando em ti a dor,
Que me faz desejar mais ainda a tua acção…
Com suaves toques de violência,
Empurras e agarras a pele que se debate por manter nua,
Marcada pelos sinas de carência,
Desencarna a sua abstinência,
E oferece em deleite a carne, outrora sua…
Num vai que não vem, o amanhecer,
O enrijecer dos corpos coloca a tez dura!
O som começa a desaparecer,
O silêncio quer permanecer,
O embate que apazigua, a nossa noite de loucura!
Marlene
Read more: http://ghostofpoetry.blogspot.com
Aperto de Amor
Ainda te sei aqui amor,
Por entre vales de tortura e amargura,
Que me fizeste escrava da tua loucura,
Engolindo em cada beijo de despedida a dor…
De te ver uma última vez sedutor…
Ainda te sinto o cheiro da ternura,
Com que me aliciaste em noites de calor,
Para os lençóis caiados agora de bolor,
Choram a falta da tua procura,
E dos corpos que inflamavam da jura…
Marlene
Meu grande amor, estás distante e invisível...
Balas perdidas se encontram em peitos aliados
E últimos suspiros é o que mais tenho escutado...
Mas tenho a força que me dás, sou invencível!
Os nossos papéis são o meu único elo
Nesse mundo de sangue, suor e mortalha
Partilhas a corrente, amor, em pararelo
Sofrendo minhas dores em diferente batalha.
Eu volto, te juro, tenhamos paciência,
Creia comigo que a fé remove a montanha...
Enquanto me esperas, chorando a ausência,
Te sonho ao meu lado na cama de campanha.
Caio
Mais poemas em: http://algunsanosdesolidao.blogspot.com
http://ghostofpoetry.blogspot.com
_______________________________________________
Primeiro da dupla Caio e Marlene.