Fala-me de ti...
Fala-me de ti…
Quero saber se gostas mais da noite ou da lua,
Se achas que há uma morte, uma vida que continua,
O que para ti é doce, o que te apazigua,
Para que teu espírito emane, para que a tua alma flua.
Fala-me de ti,
Conta-me os teus medos, os teus receios,
Que batalhas vencestes, o que tinhas como meios,
Para onde te viraste, onde pediste conselhos,
Onde saraste as tuas chagas, onde feriste os teus joelhos.
Fala-me de ti,
Como se de ti não retratasses…
Que paisagens viste, a que cumes já chegaste,
Por que caminhos passaste, que trilhos já atraiçoaste,
Que outros seres conheceste, que línguas já falaste.
Fala-me de ti,
Conta-me algo de diferente, fala-me da tua mente,
O teu coração o que sente, agora, antes e no presente,
Se andas triste ou contente,
Que crimes abafaste, que loucuras cometeste.
Fala-me de ti…
Pois de branco hoje me vesti,
Para ti encanto, Ser que pouco conheci,
Por isso peço, fala-me de ti!.
GHOST
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Conversa platónica
Lado a Lado, estavam juntos sentados na areia, do céu a pérola brilhava na água.
Ao longe, a bruma que em forma
de concha, abre docemente, deixando uma brisa suave saltar.
A cumplicidade entre eles era sentida, não era emitida uma única palavra, a conversa em agudos, platónicos fluía.
No mar, oitavas cavalgantes, com ênfase nos rostos felizes.
Do outro lado da concha, existia, alguém.
Sublime virtude a cumplicidade desmedida
*
Seresteira do nosso amor
Esta noite está radiante
Não foi como ontem:
Noite, sombria fria
vestida de negro!
Quanto medo na alcova.
Sem tua companhia...
Sem o calor dos teus
beijos frementes minha alegria.
Sem o perfume do teu corpo...
senti-me como um beija-flor
sem o néctar de uma flor!
Hoje tudo é diferente cheia de calor.
Tua presença tudo, tudo é luz,
quanto esplendor o nosso amor.
Pela fresta da janela a mais bela,
meio a um firmamento estrelado.
Estrelas tantas, mas nenhuma
delas fulgura como ela a (lua).
Só o nosso amor brilha com a mesma
grandeza quão bom tê-la como seresteira.
Tão distante de mim, mas tão
perto junto a mim, alumiando
quem eu tanto amo, serenado
de tanto amor; verdadeiro céu!
Mary Jun
Março/17
Barreiros,Pe
Imagem Google
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APENAS SENTIR
Calo diante dos teus toques
Preciso senti-los perfeitamente
Adivinhar o caminho das tuas mãos
Pelo meu corpo desliza o teu corpo,
Estremeço.
Em ousada maestria
Tuas mãos vão deliciosamente viajando em mim
Fecho os olhos e
Tento eternizar o momento
E no arfar dos meus pulmões
Entrego-me inteira, incondicional.
Sem deixar o tempo se perder
Apenas este malicioso sentir.
E vejo em teus olhos o meu sentido de vida
Através deles escuto teus apelos
Entendo teus desejos.
E te acalmo com meu corpo
Abraço-te.
Minha boca envolve a tua
E num sussurro abafado entre beijos
Dissipando todos os medos
Asseguro que te amo.
...que te amo...
...que te amo...
CONTE COMIGO, MEU AMIGO...
Quando a tempestade passar
O céu colorir
Em um lindo arco-íris
Aqui vou estar
Abrigo para os teus "ais"
Serei eterna amiga
Eterna confidente
Assim como quero mesmo de você
Sentimentos confusos
Em uma mente confusa
Assim é você
Não sabe bem o que fazer
Para que te deêm o que tanto quer
Mas, meu amigo
Tanto quer
Tanto vale
Espere, mas espere confiante
Um dia, você consegue...
Quando isso acontecer
A amiga de sempre
Estará aqui
Para você contar
E com muito prazer
Te escutar...
A vida é assim mesmo
Cheia de nós, bem atados
Mas quando percebemos
Como um passe de mágica
Ele começa à desfazer
Pense nisso, meu amigo
E pare já de sofrer...
Serei a mão estendida
Para seu problema acalentar
Agora, dê a volta por cima
Esperança, há...
UMA AMIZADE DE CUMPLICIDADE TOTAL...
Visita nocturna
Esperas-me entre as brumas da noite, o corpo treme invadido pela ânsia do regresso às suas origens. Venho suavemente, como uma brisa de final de tarde, escondo-me por entre as árvores e espreito-te. Deixo que o Sol se apague, e antes mesmo que a noite se instale, passo pelos teus cabelos, afagando-os com uma brisa suave.
O céu escuro, preenche-se de estrelas, e do nada me faço gente, corpo presente. Sentes-me, abraço-te encostando o meu peito às tuas costas, minhas mãos procuram os contornos suaves da tua pele, desenhando-te colada ao meu corpo. Inalo o teu perfume, que me transporta no tempo, levando-me para lá da eternidade. Deixas-te estar, entregas o teu corpo ao meu, absorvendo cada toque que persegue os teus desejos.
A música solta-se no ar, e os corpos comprimem-se num abraço apertado, fusão perfeita de curvas e concavidades que se encaixam como peças de um mesmo corpo. Encontramo-nos por instantes numa mesma dimensão, onde os corpos se materializam e os desejos se realizam. Um momento fugaz, roubado à realidade, onde seguramos por um fio invisível o tempo, que se pára na ponta dos dedos, permitindo-nos prolongar entre um segundo e o próximo a nossa própria eternidade.
Quem sabe um dia...
Mergulho as mão no mar, como se quisesse aprisioná-lo entre meus dedos, como se desejasse fazer dele teu corpo, moldá-lo, senti-lo como se fosses tu. Escrevo sobre a areia molhada, os versos que te não disse, sentidos reprimidos pela frieza do quotidiano. As ondas quebram as frases, apagam os desejos e arrefecem o corpo, molhado, arrastando para o fundo do oceano as esperanças escritas.
Abandono-me nesta praia deserta, esperando que a maré leve o corpo, pois a alma à muito partiu, quiçá me encontres ainda com a réstia de vida que faz bater o coração e alimentar a mente, mas, o espírito partiu, para uma viagem através dos desertos da eternidade, vales de sombras, florestas geladas, numa travessia da minha própria solidão.
Quando a alma se abre, como vela de um barco à deriva, recolhe em si todas as brisas, todos os ventos, enchendo-se, mas, a cada tempestade o pano cede às forças da natureza rasgando-se em pedaços, perde-se o rumo e o navio perde-se na solidão do vazio. A Noite, traz com elas a estrelas e o silêncio que lhe permitem adormecer embalado pela suavidade das ondas.
Quem sabe um dia, se descubra a alma deste corpo, que jaz inerte sobre a areia da praia. Quem sabe um dia alguém seja capaz de lhe devolver a vida perdida. Quem sabe um dia...
Olhar-te
Olho-te, na profundidade do mar dos teus olhos, sinto-te a alma palpitar. Invado-te, consentes a minha entrada, abrindo-me o corpo, desvendando-me o espírito. Minhas mãos adentram-se na densidade suave dos teus cabelos de oiro, e minha boca prova o carmim dos teus lábios húmidos. Deixo os olhos abertos, e vejo-te na perspectiva de um beijo longo, num instante de intensa proximidade em que os corpos se tocam e as almas se amam.
Na memória guardo a tua imagem, o mar que se mescla com teus cabelos ondulados, o olhar que me chama, antes mesmo de me ter visto, o Sol põe-se detrás de ti, adormecendo o dia. Não sabes, mas a Noite espera-te para lá do último raio de luz.
No céu escrevi o teu nome, com as estrelas que agora brilham no teu peito. No vento, que te penteia chamei por ti, numa saudade antecipada, num grito premente. Não te vejo, não te toco, mas sei onde estás, conheço-te como sempre, sinto-te, cada vez mais, minha, como sempre foste, desde o primeiro instante em que brilhaste no meu firmamento.
Pranto
Adensam-se em mim as memórias de séculos passados. Pedaços, retalhos de vidas vividas na constante espera do regresso de teu corpo ao meu. Escrevo cada dia uma nova página, uma carta, um hino ao futuro da nossa vida. Hoje, abraçado por estas nuvens que em vagas se precipitam sobre mim, naufrágo na praia do passado, sufocado pela ausência de ti.
Embalam o corpo, ondas perdidas que morrem em meu peito. Vagueio, sem rumo no céu escuro, na Noite fria, pálido desejo de ser teu, fome, vontade de me deixar ficar para sempre em ti. A alma lateja em agonia crónica, o coração pulsa em ritmos altos, rasgando as veias que não comportam o fluxo das emoções.
Hoje sou escuridão, como a noite da minha essência, sou nuvem de tempestade que chora sobre o próprio corpo, lágrima salgada que adoça o oceano revolto. Sei-te, de diversas maneiras, em corpos diferentes, criança pura, mulher adulta, ou simplesmente pomba branca que rasga em duas a alma dum homem que te quer abraçar, num voar distante dos sonhos de sempre.
Deixo de estar, de ser, ou dizer, não escrevo, apenas fico, espero e escuto, sinto e aprendo que não posso ainda fazer-te minha, porque simplesmente não és de ninguém.
Caminhada
Procura constante, vazio perpétuo que me segue como sombra, na longa caminhada. Sou letra que forma palavras, sou frase desfeita, feita de nadas. Anjo perdido em busca do céu, viajante à deriva por textos sem sentido. O mundo que levo no peito, silêncio contido nas letras que escrevo, luz e saudade, esperança e eternidade.
Bebo de ti, gotas de inspiração, colho-te do peito a própria invenção, metáfora, sentido, até ilusão. Matas-me a sede, com teu sopro de vento, afagas-me a pele com teu sentimento. E nasço, a cada frase tua, em cada sonho que te faço viver, e morro, a cada silêncio, na escura solidão da noite, por saber que apenas és a letras que passo a escrever.
Vagueio pelos textos que crio para ti, como se me lesses em cada olhar que imagina a palavra, como se fosses real. Encontro-te, cruzamo-nos nas dimensões em que vivemos, passamos sem nos tocar, deixamo-nos ficar, a olhar. Segues o teu caminho, eu a minha quimera, adormecendo sobre o livro em branco da vida, na esperança que o amanhecer me traga as palavras que te devo escrever.